3 | 𝘋𝘪𝘴𝘵𝘶𝘳𝘣𝘪𝘰 𝘢𝘭𝘪𝘮𝘦𝘯𝘵𝘢𝘳.

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"eu sou bem melhor sozinha, sabe?"

- Luisa Sonsa & Marília Mendonça.


Nicolle Freda

Minha relação com meus pais não anda muito bem, na verdade, nós quase nem nos falamos. Eu me afastei de tudo e todos desde o término. Acordo cedo, treino por mais ou menos três horas todos os dias e estudo até tarde. É claro que minha mãe fica no meu pé, ela insiste na tecla de que eu não estou sendo nada saudável, pois quase nem me alimento e treino até meu corpo não aguentar mais.

Eu realmente estou descontando minha tristeza e ansiedade nisso. É o único jeito de esquecer dele, que aliás, não parece estar em um momento muito bom... Infelizmente Jean descobriu um câncer no testículo, eu fiquei completamente abalada com isso, eu o amo e não quero que nada de mal aconteça a ele. Nunca.

Antes que perguntem, nós não iremos voltar. Um lado meu me diz que quem errou fui eu mesma, pois não estava há altura da namorada que ele queria, magra, bonita e atraente. Mas outro lado diz que não foi certo isso que ele fez, traição não é um erro e sim um desvio de caráter de quem não ama a pessoa.

- filha? - ouço minha mãe bater na porta e logo abri-la um pouco. - vamos descer jantar? Já está a muito tempo aí, vem. - diz calma.

- não estou com fome... - mordo meu lábio. - podem jantar a vontade. - dou um sorriso fraco.

- Nicolle, você não comeu nada hoje, precisa se alimentar. - entra no meu quarto e se aproxima de mim preocupada. - por favor, está fraca e desnutrida, não queira ter que ser internada no hospital. - me estende a mão.

Penso em aceitar só por não querer abrir uma longa discussão alí mesmo.

- ok, vamos. - digo contragosto, descendo junto com ela.

Meu pai fica surpreso ao me ver e logo se aproxima com uma cara de preocupação.

- 'tô tão ruim assim? - dou uma risada amarela.

- não brinca com isso filha, a gente tá realmente preocupados contigo. - me repreende.

- desculpa - falo um pouco baixo, olhando para o chão.

- precisa se alimentar mais meu amor, por mim... Não quero mais te ver nesse estado. - me abraça e sinto sua tristeza.

- eu 'tô bem pai, não se preocupa. - digo.

- vamos, fiz tudo que você gosta, já que comeu pouquinho hoje. - minha mãe diz sorrindo e puxando eu e meu pai para a mesa.

Após comermos ajudo minha mãe na cozinha e consigo ver o tão feliz ela estava com o meu simples gesto de comer junto a eles. Relamente, nós nunca mais comemos juntos, eu estive muito ocupada esse tempo e nem tempo e fome tinha para comer. Minhas refeições eram a cada três dias, geralmente pela manhã, uma fruta ou um iogurte.

Eu estou relamente focada na academia, emagreci uns oito quilos, mas mesmo assim ainda estou bem acima do peso e preciso urgentemente dobrar meu tempo de cárdio. Eu não deveria ter comido, acabei de jogar o meu tempo de jejum no lixo, literalmente.

Subo para meu quarto rápido, preciso tirar isso do meu corpo logo, não quero voltar a ganhar peso, não agora. Me ajoelho na frente do vaso sanitário e forço tudo que comi pra fora. Pensamentos de negação ao meu corpo vem em minha mente. Eu não deveria ter comido, não deveria.

Sinto algumas lágrimas invadirem meu rosto, por que minha cintura não é igual aquela loira? Por que meus peitos não são iguais as mulheres do Instagram? Eu só queria ter nascido assim, Deus fez todas tão lindas, por que justo eu não sou desse jeito? Eu não aguento mais...

𝘚𝘩𝘪𝘯𝘦 | Mauricio.Onde histórias criam vida. Descubra agora