𝘚𝘩𝘪𝘯𝘦 | Mauricio.

15 | 𝘖 𝘲𝘶𝘦 𝘢𝘤𝘢𝘣𝘰𝘶 𝘥𝘦 𝘢𝘤𝘰𝘯𝘵𝘦𝘤𝘦𝘳 𝘢𝘲𝘶𝘪?

"E é de longe que ela vem
Doida pra parar meu trem
E essa mina sabe bem
Minha mente vai além
Isso me faz refém"

- Poesia Acústica 13.

Nicolle Freda

Já se passou um dia desde a noite em que passei na casa do Maurício. Hoje teria a despedida do ídolo D'Alessandro, no Beira Rio, contra o Fortaleza pela segunda rodada do Brasileirão.

Eu não havia mais tido contato com o camisa vinte e sete desde então. Acho que é melhor ele se concentrar para ter um bom desempenho e nos fazer pontuar. Minha mãe havia dito que meu pai ficou feliz que eu esteja me aproximando dele, sim, isso mesmo que eu acabei de dizer. De certa forma ele me faz esquecer todos os problemas e até pensar em começar a terapia.

Falando nisso, começarei terça feira, minha mãe ficou animada quando soube. Eu finalmente vi que preciso de ajuda e que tá tudo bem sair do fundo do poço com ajuda de alguém.

Agora cá estou eu, na entrada da área VIP do estádio, esperando a Valen chegar. A mesma pediu para mim assistir o jogo junto a ela, já que não se dava muito com a irmã postiça e nem tolera a madrasta. O que eu acho um exagero, pois ela é muito simpática e querida.

Faltavam apenas cinco minutos para que os jogadores entrassem em campo e eu não sabia aonde é o camarote do D'Alessandro.

- ei, Nic. - vejo a mesma se aproximar um pouco suada e ofegante. - desculpa o atraso, tive que levar o terço do Bustos. - a olho confusa mas logo riu.

- já estão tão íntimos assim? - digo debochando, me virando e começando a andar. Ela faz o mesmo, ajeitando os cabelos loiros atrás da orelha.

- não começa. - revira os olhos e eu contínuo com a mesma expressão, esperando a sua explicação. - faz um tempinho que nós dois estamos começando a ter uma trégua, nada demais. - começa a dizer, logo que chegamos na porta do camarote ela para. Cumprimento a esposa do D'Ale, sua filha Martina e seu outro filho. Me aproximo da vó da Valen, que é um amor por sinal.

- e sua mãe, Nic, não vem? - a senhora já de idade que estava sentada em um dos sofás brancos pergunta.

- infelizmente não, ela está tendo uns enjôos esses dias e por isso não esta muito bem. - respondo me sentando no sofá de frente a elas, ao lado da Valen, que trocava alguns olhares de ódio com a meia-irmã. Ela é mais criança que a própria criança.

- já pensaram em fazer um teste de gravidez? - a esposa do D'Ale continua a conversa, enquanto me estende a cuia do chimarrão.

- ainda não, mas vou cogitar isso a ela. Um bebê seria algo muito bom para a nossa família nesse momento. - digo sorrindo.

Ouvimos os gritos da torcida assim que o time entra em campo. Eu e Valen nos aproximamos do vidro que separava o camarote e a torcida, deixando as mais velhas no sofá mais atrás, acompanhando o jogo pela televisão que havia alí.

- quando ia me contar sobre você e o Bustos? - sussurro a ela, nesse momento estávamos esperando o minuto de silêncio, em homenagem a todos os mortos por covid no país.

- aconteceu muito rápido, eu juro que já dizer... - sussurra de volta. - nos aproximamos muito e até que ele não é tão insuportável assim. - a olho maliciosa e ela revira os olhos. - ele ainda é, mas um pouquinho menos. - eu riu.

- dormi na casa do Maurício antes da concentração. - solto sem pensar e me arrependo no momento em que ela quase quebra o pescoço, ao virar a cabeça para mim. Sua expressão exagerada de surpresa e malicia me faz querer morrer. - não, não rolou nada do que você está pensando. - já nego antes da mesma dizer algo.