34 | eu o destruí.

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Nicolle Freda

Eu estava muito, mas muito nervosa. Só de imaginr me encontrar com ele hoje, já fazia o meu estômago borbulhar, espero que não aconteça nada com o bebê.

O que mais me assusta é ver que fiz mal a ele, ainda por cima, ter que contar toda a verdade sobre a gravidez. Esconder isso de um pai, é a pior coisa do mundo, mesmo que as condições tenham sido estas.

- Nic, que bom que veio. - Valen abre a porta para mim, enquanto me observa de baixo pra cima. - Nem a pau que tu vai ve-lo assim!

Me pego observando a escolha da roupa que fiz hoje, não pensei no que vestir, apenas coloquei a primeira roupa que achei, já que isso não seria necessário.

Estava vestindo uma calça de moleton cinza, que faz conjunto com o casaco do mesmo modelo. Nos pés, uns tênis branco. Básico e confortável, durante a gravidez acabamos optando por isso.

- Não acho que roupa importe nesse momento. - Digo breve, e a vejo negar com a cabeça.

- Vem, temos um tempinho até o Fabrício chegar com Maurício. - Fala me puxando para dentro do apartamento.

Nos conduzimos até o quarto, onde a saga da loira começou. Nunca vou descobrir como que ela guarda esse tanto de peças de roupa nesse guarda roupa. É realmente impressionante o tanto de roupa que ela possui.

- Hum, acho que esse conjunto é perfeito pra ti. - Deduz enquanto ergue o crooped e a saia lilás. - Falando nisso, teu corpo tá tão lindo, eu não diria que tá esperando um bebê, viu? - Sorri e eu retribuo.

- A barriguinha tá crescendo devagar, mal vejo a hora de sentir ele chutar. - Coloco a mão no meu ventre.

- Logo logo vai, agora amiga, troca essa roupa e vamos passar algo no teu rosto. - Me empurra até o banheiro.

Depois de passar uns quarenta e cinco me arrumando, finalmente estava pronta para o jantar. Fomos para a sala esperar os meninos, porém nenhum deles apareceu pela porta.

Valen ligada para Fabrício, porém ele nem sinal de vida dava. Quando começamos a ficar mais preocupadas, a porta se abre, revelando apenas o argentino no local.

- Cadê o Maurício? - Pergunta me levantando do sofá, indo até o Fabrício.

Ele automaticamente olha para a Valen, esboçando uma caricatura de tristeza e a mesma meio que entendeu o recado.

- Lo siento, Nic. - O argentino coça a nuca. - Ele no quis vir. - Diz baixo a última parte.

- Eu imaginei que iria acontecer isso... - A loira vem até mim, me abraçando fortemente. - Nós tentamos o máximo, porém ele tava muito mal esse tempo todo. - Exclama enquanto acaricia meu cabelo.

- Tá tudo bem... - Sinto um nó se formar na minha garganta.

Eu realmente acho que mereço isso.

O erro foi meu, o destino não ia ser tão bonzinho de colocar ele de volta na minha vida tão fácil.

Mas...

Quando a gente ama alguém, lutamos por ela até o fim, nem que isso nos custe a própria vida.

Ele é o amor da minha vida, e eu não vou perder ele assim, jamais.

- Eu vou pra casa... - Saio dos braços da minha amiga. - Pra nossa casa. - Apenas pego a chave do meu carro e desço as pressas.

O trânsito estava infernal, nunca pensei que odiaria tanto Porto Alegre um dia. Mas é, esse dia chegou.

A fila de carros estava insuportável, e tudo isso por um motivo, a única coisa que pode fazer de tudo para um ser humano odiar é o Grêmio.

Esqueci que hoje é a chegada do Suárez, fala sério, parece que nunca contrataram jogador na vida.

- Por favor Deus, me ajuda! - Imploro olhando para os lados da rua, esperando que apareça uma brecha pra mim enfiar o carro. - Se não for por mim, pelo meu filho, por favor...

E como em um estalar de dedos, os carros automaticamente voltam a andar na estrada e eu consigo acelerar um pouco mais.

Assim que chego na casa, estaciono o carro na frente da garagem, vendo que o carro dele está ali.

Ouvi falar que Maurício não iria se mudar para cá, porém, a casa já estava assinada, então ele não teve escolha a não ser se mudar pra cá.

Desço do carro tentando me acalmar ao máximo, fazendo esforço para não desmaiar aqui mesmo, já que o nervosismo me consome inteira.

E num impulso, aperto o botão da campainha e respiro fundo, esperando o mesmo abrir. Aqueles segundos pareciam uma eternidade, a cada toque que aquele aparelho fazia era mais duzentos batimentos cardíacos que eu tinha.

Mas então, a porta se abre, revelando ele...

Ele.

Eu não sei como ainda fiquei em pé, só de olhar para o seu rosto novamente me faz querer desmaiar. Meu coração palpitava muito forte e sentia minhas mãos ficarem completamente suadas.

Ele levanta o olhar pra mim, assim, grudando com o meu, como dois imãs. Sinto que não o reconheço mais, seu brilho havia sumido complementamente.

Eu o destruí.

- Oi. - Digo, porém sai mais para um sussuro.

- Oi. - Sussurou com dificuldade.

- Podemos conversar? - Falei depois de alguns segundos de encarada, meio impaciente, apertava minhas unhas contra a palma das minhas mãos. - Por favor, é importante... - Completo e apenas o vejo abrir espaço entre a porta.

Me dirijo até a parte de dentro da casa, que estava completamente como eu havia planejado. Vejo que nas paredes haviam os seus quadros e na parte da sala de jantar, um enorme quadro com a nossa foto juntos...

Ela deveria ter pelo menos um metro e sessenta de altura.

Na estante da sala, mais duas fotos nossas, uma dele comemorando o gol que havia me dedicado e uma foto minha.

- Está completamente perfeita... - Deixo escapar um sorriso.

- Não tive tempo de retirar as fotografias. - Ouço sua voz atrás de mim, um pouco embargada.

- Mauri... Eu... - Digo me virando e olhando para o mesmo, que recuava me olhar diretamente.

- O que você quer de verdade, Nicolle? - Exclama olhando para baixo, suspeito que haviam lágrimas em seus olhos. - Já não me fez sofrer o bastante? - Agora sim, ele levanta o olhar, penetrando no fundo dos meus olhos.

- Eu quero que me perdoe. Quero me redimir com você do fundo do meu coração. Quero acreditar que não estraguei todo o amor que tinha por mim. Sei que não irei retirar todo o seu sofrimento, mas posso te garantir que, eu também sofri demais, mais do que eu nunca havia sofrido antes. Eu sinto que te perdi, Mauri. Eu perdi o amor da minha vida pra sempre. - Falo entre soluços, deixando todas as lágrimas rolarem por meu rosto.

Ele fica um tempo me olhando. Em seu rosto também rolavam lágrimas, e a cada segundo que passava, sentia meu coração pesar mais e mais.

- Sabe o que mais dói? - Ele cruza os braços, respira fundo e depois volta a exclmar. - Saber que me ama e não confia em mim. Você pode me pedir um milhão de desculpas, Nicolle. E eu posso te amar mais do que todos no mundo, porém não vou voltar a uma relação que não tenha confiança.

E foi aqui que tive a certeza de ter perdido o amor da minha vida.

𝘚𝘩𝘪𝘯𝘦 | Mauricio.Onde histórias criam vida. Descubra agora