5 - "Papito"

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Papá

Com apenas um ano Sarah já caminhava, ainda que um pouco desajeitada, e já falava, passava os dias a chamar pelo pai agora que sabia dizer "papá". Gritava de dois em dois minutos e a senhora em casa com ela ria-se.

Andava de um lado para o outro com folhas na mão e com lápis de cor na boca e exigia que a dona Flor se sentasse com ela a rabiscar e a mulher adorava vê-la brincar.

A menina ficava cada vez mais parecida com Diego, principalmente em feitio, porque de cara não havia muito a mudar. Quando gosta dos desenhos animados fica quietinha no sofá, mas quando não lhe agradam foge.

Quando o rapaz chega a casa à hora do almoço, à menina só lhe falta fazer uma festa.

- Olá, papá.

- Olá, princesa. - vai buscá-la ao sofá e abraça-a como se não a visse há cinco anos.

- Olá, papá.

- Sarah, pareces um loro¹ sempre a dizer a mesma coisa.

- Papá. - depois põe-se a dançar no colo dele e fá-lo rir.

- Ai, juro-te. - Florencia sai da cozinha com um pano nas mãos - A festa é sempre a mesma. Às vezes isto está às moscas e de repente só se ouve "Papá!". É que da maneira que ela faz parece mesmo um loro¹.

- É a papagaia do pai, não é? - vai arrumar as coisas e volta com ela ao colo para a cozinha - Queres ir comigo ver o avô?

- Cas, cas!

- Não sei se o Carlos lá está, mas podemos ver.

Além de "papá" e "olá" só sabia chamar pelo amiguinho Carlos, o filho do fotógrafo amável, o que ao início foi bem difícil de desvendar, porque "Cas" parecia tudo menos "Carlos", mas eles lá chegaram.

E não que alguma vez o tenha largado, mas agora que estava mais consciente das coisas deixa-o menos tempo à vontade.

Em tempo de frequências era mais difícil para Diego dar atenção à filha, mas mudava a mesa pequena para o centro da sala, sentava-se no chão com as coisas na mesa e ela já ficava feliz por estar no colo do pai a ver os bonecos na televisão. Até adormecer.

Era muito mimada, pelo pai, porque ela não deixava que mais ninguém a mimasse. Os avós bem tentam, mas a única coisa que aceita deles são as prendinhas, e nem se importa muito com isso, porque não sabe o valor das coisas.

Aprendeu que tem que comer enquanto o pai está nas aulas, coisa que ela não fazia enquanto bebé, então a dona Flor consegue dar-lhe a papa e outros que tais facilmente.

Pablo também precisava de ajuda com o filho, depois das licenças de maternidade e paternidade acabarem, porque os pais da namorada e os seus nem sempre estavam disponíveis, então às vezes a avó ia para sua casa cuidar do menino.

De manhã levava Sarah consigo e à tarde o pai ia buscá-la, mesmo que fosse trabalhar. Gostava de estar o máximo tempo possível com ela. Quando chegava ao estúdio dizia-lhe "Fica aí quietinha, não saias daí!", trocava de roupa e quando voltava ela continuava lá a brincar com a joaninha ou a conversar com Ángel como uma menina grande.

Todos diziam "Estás tão crescida!" com um ar de espanto. Já tinha passado mais de um ano desde que nascera, era normal já não ser um bebé de colo, mesmo que o pai não se importasse se o fosse.

Fiquei com um pedacinho teuOnde histórias criam vida. Descubra agora