Epílogo

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— Mãe, já chegámos? — o menino no banco de trás perguntou pela terceira vez.

— Não.

— Pai, já chegámos? — perguntou novamente depois de dois minutos e os adultos riram-se.

— Não. Já não sabes onde é a casa dos tios? Quando chegarmos tu vês.

— Não sei como é que tens tanta energia logo de manhã. — Sarah reclamou — Porque é que não dormes um bocadinho como o Diego? Ainda falta uma hora.

— Era melhor não termos ido à praia. — Lucas encostou-se ao assento de braços cruzados.

— Não te entendo, Lucas. Querias ir à praia, fomos à praia, agora dizes que era melhor não termos ido. Não te entendo!

— Porque se não fossemos chegávamos mais depressa a casa dos tios.

— Se dormires como o mano, chegamos lá depressa.

— Está bem, mas acordam-me quando estivermos quase a chegar!

— Sim.

Depois da tal hora de que a mãe falara, Lucas acordou quando o pai o chamou, mas o irmão não pareceu interessado em despertar. O gémeo mais agitado correu para a casa assim que o pai o tirou do carro e não esperou pelo resto da família para bater à porta que demorou a abrir.

— Bom dia, família. — Sarah e Juan cumprimentaram quando encontraram a família praticamente toda na casa dos tios-avós prontos para almoçar.

— Lucas, tem cuidado para não caíres! — o pai tentou apanhá-lo sem deixar o outro menino cair e falhou, mas pelo menos não deixou o Diego dorminhoco cair-lhe dos braços.

— Chegou a alegria da festa. — Sebastián tirou o bisneto do chão e abraçaram-se.

— Raio do miúdo, tem hormigas en los pantalones¹. — Sarah sentou-se numa das cadeiras e respirou fundo — O meu pai ainda não chegou? — assim que falou ouviram o som irritante da campainha.

— Olha, deve ser ele. — Valentina comentou — Hoje não faço mais nada senão abrir a porta, ai, ai. — voltou à entrada e regressou na companhia do sobrinho.

— 'Vô! — esperneou para o bisavô o meter no chão e abriu os braços à espera de colo.

— Olá... — olhou para os outros três — Lucas. — abraçou-o e apertou-o ainda mais quando o teve ao colo.

— Ó 'vô! Ainda não sabes quem eu sou?

— Desculpa, amor, vocês são idênticos.

— O que é isso? É dos dentes? — sorriu para mostrar os dentes pequeninos que o avô estava farto de ver.

— Não, — riu-se — significa que vocês são muito parecidos. Parecidos demais para eu conseguir distinguir-vos pelas caras.

— E fazes como, então?

— Como toda a gente! Tu andas sempre a correr e a falar e o teu irmão está sempre quieto.

— Ele dormiu o tempo todo até aqui. Nós viemos da praia, fica muito longe.

— Pois, eu ouvi dizer que andava por aí um pequenito farto de pedir para ir à praia. — fez-lhe cócegas na barriga e aproximou-se dos outros.

— Muito bem, pirralho, chega de conversa com o avô. Eu quero o meu pai de volta! Olá, pai. — acenou-lhe à espera da atenção do progenitor.

Fiquei com um pedacinho teuOnde histórias criam vida. Descubra agora