26 - "Huyó"

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Fugiu

— Alguém sabe alguma coisa da Sarah? — Jorge perguntou aos amigos que estavam consigo no parque sem parar de deslizar o dedo para cima e para baixo no ecrã do telemóvel.

— Acho que ela foi para Hessen, passar uma temporada com o Aaron. — Carlos explicou enquanto alimentava a filha.

— Ela fala contigo?

— Farto-me de lhe ligar e mandar mensagem e ela não quer saber de mim. — Lorenzo contou chateado.

— Não, ela também não fala comigo. Mas perguntei ao avô dela, foi o que ele me disse, só mantém contacto com o pai.

— Ela... fugiu daqui, isulou-se ou..?

— Não sei. Se calhar precisava de melhorar o alemão. — brincou — Acho que congelou a matrícula, não sei se pretende passar lá o tempo todo ou se vai voltar entretanto. Deve ter ido só para se afastar um pouco, ela não estava bem aqui.

— Da última vez que falei com ela estava um pouco abatida, não sei explicar, como se estivesse cheia de sono e disse-me que não era sono. — o careca comentou — Foi estranho.

— Sabes alguma coisa, Juan? — Sofia perguntou-lhe.

— Provavelmente foi para lá para se afastar de mim e respirar um ar diferente, pode ser que lhe faça bem. Sei lá. Vocês acham que, se não fala com o Jorge, fala comigo? Poupem-se. — levantou-se e afastou-se para se encostar a uma árvore e fumar um ou dois cigarros.

— Lá vai ele e aquela merda. — a loira reclamou e pegou no telemóvel, encostou-o ao ouvido — Não atende. O que é que eu faço com ele? Vou interná-lo numa daquelas clínicas de desintoxicação, deve funcionar, certo?

— Sofia, ele não precisa de ser internado, ele precisa de apoio.

— Não, ele precisa da Sarah e adivinha! Ela não está disponível.

— Não julgo ninguém, mas não entendo como uma pessoa se pode tornar dependente de outra como de uma droga. — o Díaz comentou enquanto brincava com a bebé, distraindo-a do que o pai estava a fazer, a tentar.

— Eu também não, mas entendo que é uma merda só de ver o meu irmão assim. É que substituiu-a por uma droga a sério e não lhe chegou aos calcanhares.

— Olhem, eu sei — respirou fundo — Lorenzo, deixa-a comer!

— Desculpa. — riu-se e quando afastou a mão a bebé quis ir atrás.

— Eu sei que estão preocupados com o Juan, entendo os motivos e não quero parecer egoísta, mas e a Sarah? Não sei se vocês perceberam que ela cortou relações até com o país dela. Pensem comigo! E estamos só a supor. Sabemos que eles eram unha com carne, percebe-se a necessidade do Juan, mas a Sarah era tão chegada porquê? Ela não é assim, ela só depende do pai, de mais ninguém!

— Não estou a entender-te. — Jorge confessou e os outros dois concordaram.

— Eu acho que a Sarah se estava a tornar dependente também e decidiu fugir para não ter chances de acabar como o Juan caso acontecesse o que está a acontecer, caso acabassem ou coisa assim do género. A Sarah não é do tipo que se meteria a fumar ou a cheirar ou assim se estivesse no lugar dele, a única droga dela sempre foi e sempre há de ser o pai. Por isso, eu acho que, se isto estiver certo, ela fugiu, entre aspas, para não se tornar dependente dele como ele dela e depois, quando estiver completamente restituída a Sarah que eu conheço, ela vai voltar e procurá-lo.

Fiquei com um pedacinho teuOnde histórias criam vida. Descubra agora