30 - "Estoy nervioso"

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Estou nervoso

- Sim, pai, temos tudo. Não vamos deixar fugir a bagagem. Não te preocupes, não vamos adormecer e deixar passar a paragem. Está tudo bem, quando chegarmos eu aviso. Okay, fala lá com ele. - passou o telemóvel ao namorado que tinha estado a rir-se ao imaginar o que o sogro dizia.

- Não a deixes ficar doente.

- Sim.

- Nem queimada do sol e cuidado com os bichos.

- Sim. - viu-a revirar os olhos e brincou com um pedacinho do cabelo dela.

- Não adormeçam nem acordem muito tarde.

- Sim.

- Tenham cuidado à noite e se acharem que não é seguro acampar metam-se num hotel ou uma pensão ou assim.

- Sim.

- E não aproveitem demais, não quero que ela volte grávida, ouviste? Corto-te uma orelha! Ou outra coisa.

- Não será necessário! Vai correr tudo bem, não se preocupe, nada disso vai acontecer. Confie em mim, só desta vez. Sabe que vou olhar por ela.

- Acho bem. Se ela não me avisar quando chegarem, tu avisas-me, okay?

- Sim, senhor.

- O senhor está no céu. Podes devolver o telemóvel.

- Está bem, pai. - revirou os olhos quando ouviu o homem resmungar outra vez - Até logo, beijinho. Também te quiero¹. - deixou escapar uma gargalhada baixinha e amorosa, depois desligou - Coitado, ele sofre muito.

- Aconteça o que acontecer, não podes ficar doente, - levantou um dedo e os outros a seguir - queimada, mordida pelos bichos, ser assaltada e acima de tudo engravidar, senão ele corta-me uma orelha ou outra coisa que não disse o que era, mas posso adivinhar.

- Soa tudo muito tentador, não haja dúvida. - riu-se - Não vai acontecer nada disso. É só uma semana, está calor e eu trouxe repelente. Vocês preocupam-se demais, credo.

- O teu pai mete-me estas coisas na cabeça. Queres que faça o quê?

- Aproveita a viagem e o tempo que vamos passar juntos. O senhor Diego não vai propor uma coisa destas novamente tão depressa. E, depois, com o teu trabalho e a minha faculdade vai ser horrível para estarmos juntos, já estou a ver.

- Pois, mas vamos ter que arranjar um tempinho na nossa agenda, porque não te vou dar assim de bandeja á faculdade. - puxou-a para a abraçar e ela recompôs-se no banco confortável do comboio.

- Claro, mas não vai ser nada comparado com isto. Já pensaste? Era ótimo passarmos a vida dentro de um comboio, uma viagem infinita, super confortável, só nós.

- E o teu papá?

- E o meu papá, mas mais nada. E comida, pois, essas coisas. Mas sem problemas, sem faculdade, trabalho e pessoas chatas.

- Assim parece bem. - tocou o queixo com o indicador - O teu papá pode vir noutra carruagem? - a namorada riu-se e Juan seguiu-a sem conseguir conter o riso.

- Pode, só para te fazer a vontade.

- Perfeito. - beijou-lhe a cabeça - Vou pôr um alarme para não perdermos a paragem. - acertou as coisas no telemóvel e dispôs-se a dormir, porque ela já estava a ler.

Sarah acabou por adormecer também, todos sabem que ela não aguenta ver uma pessoa a dormir, dá-lhe sono, e não era só o namorado, eram as duas senhoras do banco ao lado e os que estavam à frente delas. Ninguém colaborou.

Fiquei com um pedacinho teuOnde histórias criam vida. Descubra agora