22 - "Merienda"

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Lanche

— Olá, Sarah.

— Olá, Gastón. — deu um abraço ao primo que lhe abriu a porta assim que ela tocou à campainha — O Gonzalo sabia que eu vinha.

— Pai, está aqui a Sarah. — avisou o pai que parecia estar no andar de cima quando respondeu.

— Como é que tu estás, pinguim? — seguiu-o pela mão até à sala e sentaram-se no sofá.

— Mais ou menos. A minha alergia não me quer largar.

— Deve ser chato.

— Pois é, os pós e tal, fico logo com o nariz a pingar. E agora que está a começar a primavera...

— Olá, Sarah. — o outro moreno apareceu e deu-lhe um beijinho na cabeça — Como estás?

— Estou bem, um bocado frustrada, mas bem.

— Bebé, vai ver se o mano precisa de alguma coisa.

— Está bem. — o menino de olhos verdes saiu aos saltinhos de perto deles e desapareceu assim que virou à esquerda na porta.

— O que foi? Não me digas que o teu pai ainda te anda a chatear com a história do namoro.

— Anda, mais ou menos. Ele levou-me a uma — sussurrou o resto — consulta embaraçosa ontem.

— Não! Foi? Porquê? Qual a necessidade?

— Porque... eu e o Juan... andámos a fazer umas coisas, — falou baixo mais uma vez — eu contei-lhe, porque ele percebeu que estava a esconder alguma coisa, e ele passou-se e a María foi comigo. Mas agora ele quer que eu seja seguida. Juro-te que ainda estou cabreada¹.

— Isso é completamente normal, Sarah, e é mesmo assim que as coisas se devem fazer. Se vocês querem fazer coisas ditas de adultos, têm que agir e pensar como adultos em relação a tudo o resto. É bom para ti.

— Mas é embaraçoso!

— Não podes pensar assim. Toda a gente vai a consultas embaraçosas em qualquer momento da vida. A tua mãe também foi a uma ou duas quando começou a namorar com o teu pai. Mas não lhes valeu de muito, afinal tu estás aqui com dezoito anos.

— Pois, não fui propriamente planeada. — baixou a cabeça com um sorriso forçado.

— Não, mas foste querida pelos dois assim que souberam, até pelo Diego e supostamente nem eras filha dele. — fez-lhe festinhas nos cabelos negros.

— É, eu sei.

— Ele ama-te mais do que tudo, isso basta.

— Pois... E ainda quer que o Juan vá comigo à próxima, imagina.

— Okay, isso deve ser estranho.

— Sim! Só de pensar, imagina ele ir mesmo.

— Olha, uma vez fui com o Nico a uma consulta e o médico começou a namoriscá-lo. O meu marido, imagina. Não é meu marido, mas tu entendes. E eu estava lá, vê só o descaramento.

— Não sei de quem tenho mais pena. — riu-se.

— O Nico ficou super embaraçado, porque tenho o orgulho de dizer que ele não namorisca ninguém desde que estamos juntos. — Sarah riu-se do sorriso orgulhoso do tio — E o médico ficou todo envergonhado quando eu lhe disse que éramos comprometidos. Quis saltar-lhe para cima, mas aguentei-me e mandei-lhe só com uma pedra imaginariamente.

Fiquei com um pedacinho teuOnde histórias criam vida. Descubra agora