32 - "Ya basta"

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Já chega

— Carlos? Entra! Combinámos alguma coisa? — Sarah abriu-lhe a porta e deixou-o passar com a filha ao colo, chorava.

— Não, nada.

— O que se passa? — Juan levantou-se do sofá e acolheu a sobrinha num abraço — Oh, meu amor. Não chores.

— A tua irmã é insuportável. — começou a abrir o casaco da menina.

— Não podes começar assim a conversa. — o tatuado avisou-o e olhou para ele de uma maneira nada bonita.

— Podemos ficar aqui, Sarah? Não vamos passar a noite, só mesmo estar em qualquer sítio que não seja aquela casa.

— Sim, claro que sim. Mas... passou-se alguma coisa com os teus pais? Porque se precisares de ficar aqui arranja-se maneira. O meu pai está no quarto, podemos pe

— Não é com os meus pais, está tudo bem. Eu tenho casa, a Sofia é que não.

— O que é que ela fez?

— Queres perguntar ao teu amigo Jorge?

— O que se está a passar? — Diego abriu a porta do quarto e espreitou para a sala.

— Anda, Clarinha, vamos conversar com o tio Diego. — pegou na menina que chorava menos e dirigiu-se ao quarto do pai — Posso peinar¹ o teu cabelo, queres?

— Sim.

— Sim? Okay, vamos lá. — empurrou o pai para dentro e sentaram-se na cama para entreter a menina.

— O que está a acontecer lá fora?

— A Sofia deve ter feito asneira, outra vez.

— Quando ouço falar dessa miúda penso sempre que não te digo vezes suficientes que és a melhor filha do mundo. — beijou-lhe a cabeça — E tu, Clarinha, também és a melhor filha do mundo?

— Sim.

— Ela diz que sim a tudo. — Sarah riu-se — Ela é uma menina boa, não é? Muito bem comportada. — penteou-lhe os cabelos loiros com os dedos até ouvirem barulho e ela começar a chorar outra vez.

— Pronto, está tudo bem. — Diego abraçou a criança e fez sinal à filha para ir ver o que originava os gritos.

— Desculpa lá, foste tu que a deixaste lá, lembras-te? Os meus pais aceitaram-na porque ela estava grávida, mas ela é ingrata!

— Ei! Não discutam. A Clarinha está a chorar outra vez.

— A miúda vai ficar traumatizada com a merda de mãe que tem.

— Carlos, menos.

— Não é menos, Sarah. Aquela desgraçada foi acolhida pelos meus pais quando não tinha sítio melhor onde ficar, porque estava grávida, mas não faz nada de jeito desde que a Clara nasceu. Eu não sou o único culpado nisto! E agora foi trair-me? Eu sempre me esforcei para ser o melhor namorado que ela podia ter e ela foi trair-me com o Jorge? — o casal reparou que ele estava irritado, mas começou a chorar — Eu só queria que a Clara tivesse uma família o mais normal possível, mas ela não colabora, não sabe cuidar de nós e não quer saber!

— Carlos. — foi abraçá-lo e a cabeça saltou no peito do amigo por causa dos soluços.

— E nem foi capaz de me dizer, foi o Jorge que me disse e ainda se fez de sonsa quando lhe perguntei. Qual é o problema dela? Ela tem uma filha, não pode andar por aí a fazer figuras... — meteu a mão à frente da boca e depois limpou a cara.

Fiquei com um pedacinho teuOnde histórias criam vida. Descubra agora