25 - "Un tiempo"

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Um tempo

— Não te compreendo! — Juan queixou-se de braços abertos — Queixavas-te porque não tinha tempo para ti, mas agora que tenho e te pergunto se queres conversar, estás cansada, se queres sair, também estás cansada

— Porque eu estou cansada! — esfregou as mãos na cara — Percebes? Juan, o problema não é a tua falta de tempo para mim... Como é que explico? Eu não sei explicar! — puxou os próprios cabelos — Ouve... Eu estou sempre a estudar, sempre na faculdade, sempre com a família, sempre contigo. Não parece nada, mas essa merda deixa-me cansada! Estou farta! Farta da rotina, das pessoas, farta de mim.

— Por isso mesmo! Se essa rotina está a deitar-te a baixo, talvez precises de parar por um bocadinho e sair para te divertires e respirares.

— Eu não tenho vontade de sair. Nem de nada.

— Okay, já percebi. — levantou as mãos rendido.

— Preciso de espaço, vaya¹! Eu não consigo explicar-te o que sinto. Preciso de me preocupar comigo por um bocadinho. — deu um pontapé numa pedra e mais algumas voltas enquanto o namorado olhava para ela — Já chega de Juan, de Carlos

— Nem consegues dizer isso a olhar para mim. O que é que se passa?

— Não consigo, porque sinto, sinto mesmo, que estou a magoar-te e não quero. Por isso é mais fácil não olhar para ti de todo. — respirou fundo e ficou de frente para ele outra vez, finalmente — Eu preciso de tempo, não me sinto bem, entendes isso?

— Entendo.

— Sinto-me sufocada. Parece que tu me sufocas, que o meu pai me sufoca, que tudo me sufoca. E eu sei que precisas de mim, mas agora não consigo, desculpa. Dá-me tempo.

— Okay, se achas que é isso, okay. E quando te sentires melhor, ou pior, deixa-me saber. — Sarah olhou para ele e deixou-o ali a pensar no que se estaria a passar na cabeça dela.

— Sarah? Já chegaste? — pôs a cabeça fora do quarto quando ouviu a porta de casa fechar e viu a filha passar para o quarto como um furacão — Sarah? — bateu à porta do quarto dela — Está tudo bem? Posso entrar?

— Não.

— Sarinha, o que se passa?

— Nada.

— Não vale a pena começares com essa história. Eu conheço-te, sei que o teu queixo está a tremer porque estás a tentar não chorar. — suspirou — Vou entrar. — entrou devagar e viu-a sentada na cama — O que se passou, princesa?

— Não sei.

— Não sabes?

— Estive com o Juan e pedi um tempo, mas agora não sei se o devia ter feito, porque já sinto falta dele. — limpou a cara e aninhou-se no peito dele.

— Se achas que precisas desse tempo, então fizeste a coisa certa. Mas não entendo porquê. Vocês dão-se bem, são tão apegados, namoram há uns quantos anos... O que é que se passou?

— É que — levantou-se e respirou fundo — eu estou cansada de tudo. Eu preciso de tempo, preciso que a vida pare por dois minutos, preciso que o mundo pare e me deixe pensar! Mas o Juan não percebe isso! Ninguém percebe que eu preciso de espaço e que a minha vida não gira à volta das outras pessoas!

— Pronto, tem calma.

— Ele não percebe que me sufoca, que tudo me sufoca.

— Okay e já lhe disseste isso?

Fiquei com um pedacinho teuOnde histórias criam vida. Descubra agora