—Malessa—Acabamos de passar por um grupo de sentinelas que vagueavam as ruas e cada centímetro da Barreira além das casas.
As pessoas que passavam pela Praça, mesmo aquela hora da noite, paravam para nos observar. Me observar. "A Caçadora mais feral do que os Ferais", ou "A Mestiça vadia"... Bom, dependia de quem estava falando.
Perdi as contas de quantas vezes entrei nessa cidade carregando as cabeças das criaturas e levando para os Reais, uma coisa que fazia toda vez que voltava de uma missão.
Enquanto uns nos admiravam de longe, outros nos desprezavam ou ficavam com medo, reclamando sobre a desnecessidade de trazermos os restos monstruosos à vista nua. Mas era uma coisa necessária para os cientistas da capital os estudarem. E com certeza, para mim, a opinião daqueles que decidiram nos odiar vale tanto quanto os dejetos dos porcos.
— Mais deles... Isso é sério? — alguém murmura tão baixo, que só escuto por causa da audição apurada.
A pessoa se referiam à pequena matilha de lobisomens acuada e silenciosa atrás de mim e de Zand. Esses vermes nunca ficaram um dia completo fora dessa Barreira, não o suficiente para saber o inferno que é lá fora, e são uns egoístas desprezíveis por não quererem aceitar outras pessoas na cidade. Só porque não tem sangue humano? Malditos filhos da puta.
Se um dia essa Barreira cedesse, não moveria um dedo para salvar as pessoas de mente pequena dessa cidade, mesmo que significasse não salvar quase ninguém.
— Isso já está virando palhaçada.
— Quanto tempo para os monstros saírem do controle? — outros falam em resposta.
Não consigo ver o rosto em meio a tantas pessoas, mas escuto. Meu irmão também deve escutar, pois deixa um grunhido audível para quem estivesse perto, ouvir.
— Os Reais estão cometendo um erro em permitir...
E mais murmúrios de todos os tipos cruéis. Decidi não me importar a muito tempo. Se eu voltasse a me importar com os comentários fúteis e inclementes, essa adaga já estaria enfiada no olho de alguém.
As reclamações ficaram mais altas. Xingamentos foram lançados a mim, a Zand e aos lobos. A multidão começou a se agitar, como sempre faziam quando voltávamos de alguma missão. E então o que eu mais odiava começou.
As emoções de todos me atacaram como um tsunami violento e sufocante. Uma onda de raiva, ódio e todo tipo de sentimento que é tudo, menos pacífico. As vezes, meu Dom fica instável. A maioria das vezes é quando estou no centro de muitas pessoas, onde não consigo focar em uma só. As barreiras da minha mente se estendem até demais, em uma proporção que não consigo controlar. Então só posso me permitir sentir tudo e todos ao redor.
O espaço começa a ficar menor, tanto na minha mente quanto no caminho que nos levaria ao prédio.
— Impressão minha ou eles vão nos atacar a qualquer momento? — Verana sussurra, consideravelmente mais perto de mim. Toda a matilha estava mais próxima, percebi.
Com uma dor de cabeça já quase insuportável por causa da súbita onda de emoções pesadas, paro de andar, fazendo com que os outros atrás de mim também parem. Zand aperta a mão no cabo da espada. Ele também já estava farto desses episódios extremamente cansativos e desnecessários das pessoas que querem viver no passado. No passado em que todos eram inimigos para os humanos, e que todos deveriam morrer por não serem que nem eles.
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~ɪᴍᴘéʀɪᴏ ᴅᴇ ᴅᴇᴜꜱᴇꜱ ᴇ ᴍᴏɴꜱᴛʀᴏꜱ~
Фэнтези"Este é um jogo selvagem de sobrevivência". Malessa e seu irmão gêmeo Zander estão em alerta constante para sobreviverem ao que o mundo se tornou. Um pesadelo. Uma guerra entre criaturas sombrias, espécies sobrenaturais e humanas está acontece...