CAPÍTULO VINTE E CINCO

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—Zander—

Só faz alguns minutos, mas parece que se passaram anos.

Antes de atravessar aquele portal aos empurrões senti que algo estava errado, quando meus instintos gritaram para eu voltar e procurar minha irmã. Mas as faíscas douradas do portal se fecharam antes de meus pés retornarem, e agora eu ando pela área florestal como se o portal fosse se abrir a qualquer momento de novo, porque ele tem que abrir.

     Eu sei que lugar é esse só pelos Rios Escondidos a alguns metros à minha direita, descendo a colina. Vários fluentes entrelaçados entre si, e todos rumando para a praia que eu sabia estar próxima de onde estamos.

     Argos está tentando acalmar a todos, principalmente as cortesãs do Lótus e os amigos sobrenaturais que conseguiram reunir. Asena está contando os membros da matilha que conseguiram sobreviver, e os poucos Caçadores que não traíram o Complexo. Com exceção de Drianna, irmã de Nualla, que veio conosco como prisioneira. Alguns Novatos morreram e alguns Caçadores ficaram à beira da morte, pelo simples fato de não podermos matar um ao outro sem sofrer as consequências.

     Ao contrário de Drianna, Renys não teve a chance de ser prisioneiro, e muito menos a chance de me fazer entender. Eu não me orgulho de ter lutado com meu amigo, e o fato dele ter morrido como um traidor, não me conforta também.

     Mas estou concentrado em caminhar sem rumo por esse terreno, tentando não ir tão longe e me perder dos outros. Não sei o que espero encontrar. Seria tão mais fácil se eu simplesmente esbarrasse ou tropeçasse no portal que quero tanto que apareça...

Eu nunca deveria ter saído do lado de Malessa. Talvez ela esteja precisando de mim agora, e não vou estar lá para ajudar. Eu vi quando a bruxa chegou e jogou Runna para o lado, fazendo-a perder o controle do portal. Eu sei que algo deu muito errado depois disso. E fico puto quando sei que não vou poder fazer nada daqui deste fim de mundo.

A Ilha Nômade era conhecida por ser um dos lugares mais brutais, nem tanto pelas criaturas sombrias que existiam nos rios, cavernas e mares — que devo admitir estar com medo do desconhecido, pois devem ser tão assustadoras quanto as que já conheço —, mas pelos próprios homens que a habitava. Estamos em local hostil, e aqui estou eu... prestes a chutar uma árvore e torcer para que o portal se abra logo atrás dela.

     Respirando pesadamente por estar caminhando a um tempo e não chegando a lugar nenhum, xingo Malessa por ser tão inconsequente. Porque ela sempre quer fazer tudo sozinha, mesmo sabendo que na maioria das vezes acaba em merda. Ela passou o dia fora. O que custava ter me avisado com antecedência das suas suspeitas? Certo que talvez ela não tenha tido tempo, mas isso não me deixa com menos raiva da minha irmã idiota.

     Era exatamente por isso que eu nunca a deixava só, mesmo quando foi para sair de Nêmesis por dois meses e enfrentar a fúria de Argos e Asena, arrisquei por ela. Porque ela precisava de espaço e tempo, e eu a protegeria do resto.

Grunho para a noite escura e não chego a chutar a árvore, mas dou um soco forte o suficiente para derrubar algumas folhas e arrancar resquícios de madeira da sua extensão.

     — Me diga o que a pobre árvore fez a você para que eu não cometa o mesmo erro. — a voz baixa de Verana me alcança, mas continuo encarando o lugar onde bati na árvore.

     Escuto seus passos se aproximarem das minhas costas, e meu corpo fica em total alerta quando sinto uma de suas mãos tocarem meu ombro.

     — Eles conseguiram fugir, eu tenho certeza. — ela sussurra, tentando me confortar e falhando.

~ɪᴍᴘéʀɪᴏ ᴅᴇ ᴅᴇᴜꜱᴇꜱ ᴇ ᴍᴏɴꜱᴛʀᴏꜱ~Onde histórias criam vida. Descubra agora