Torta de maçã

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- ei! - Luan chamou minha atenção. Eu estava me vestindo pra irmos pra casa e ele tinha acabado de recolher as coisas.
- Fala... - me aproximei dele vestindo a blusa.
- Você não me deu um beijinho hoje. - fez bico e eu ri. - não ri, eu tô carente. - falou se aproximando e me abraçou pela cintura. Nós nos beijamos.

Quando chegamos, Mari e Alice estavam na piscina. Luan decidiu ir lá com elas mas eu quis ir direto tomar um banho.

Coloquei uma música no celular e aproveitei pra tomar um banho demorado enquanto lavava o cabelo. Cantarolava e as vezes até dançava de tanta empolgação. A reviravolta que a minha vida tinha dado em alguns dias era chocante. Eu estava muito feliz.

Eu admito que já estava há um tempão no banho quando meu celular tocou. E eu achei ruim por ter interrompido minha música. Mas foi bom porque me toquei da demora. Terminei meu banho e sai, mas já tinha parado de tocar. Quando olhei, tinha sido Gab. Suspirei. Eu nem tinha pensando muito nele. Nem respondido sua mensagem do outro dia. Assim que apoiei o celular na pia pra me vestir, ele ligou de novo. Dessa vez, atendi.
- alô? - coloquei no viva voz pra poder me vestir ao mesmo tempo.
- Duda? Meu Deus! Estava achando que tinha acontecido alguma coisa. - eu ri pra disfarçar.
- Ai Gab, me desculpa!
- Tá tudo bem? Por que não me responde?
- Eu to bem sim, é que acabo não ficando muito no celular. Tem a Alice, os pais do Luan...
- Hum... - ele não pareceu engolir muito bem. - tem o Luan, né? - eu não respondi. - você acha que ele implicou com a gente?
- A gente pode conversar quando eu voltar?
- Conversar?
- É, quando eu voltar. Eu to terminando de me arrumar aqui, tenho que descer pra ficar com a Alice. - terminava de me vestir.
- Ta... ela ficou bem? Melhorou da febre?
- Ficou sim...
- É... bom, vai lá então. Saudades. - falou de forma triste e isso partiu meu coração.
- Eu também. - ele desligou. Eu suspirei me olhando no espelho. - aí Gab. - resmunguei sozinha enquanto penteava o cabelo. Larguei a escova e abri a porta do banheiro dando de cara com Luan sentado na cama. - Oi! - falei no susto.
- Demorou em. - eu ri
- Tava pensando na vida.
- E cantando.
- Não acredito que tu tava ouvindo! - falei indignada e ele riu.
- Eu tava aqui esperando pra pedir só um último beijinho e você nada de sair desse banho.

[...]

Já era manhã de sábado, só tínhamos mais uma noite e no dia seguinte voltaríamos pra casa.
Todos os dias, eu e Luan fazíamos algum passeio nós dois. As vezes Alice ia com a gente. Era como se aquele dia anos atrás nunca tivesse acontecido, e nós tivéssemos continuado juntos até hoje.

Todas as noites, ele fugia do seu quarto pra dormir do meu lado. E antes de amanhecer ele voltava pro quarto dele. Era confortante ter sua presença pra dormir. E nunca tinha passado disso.

- e hoje, bonitinhos, qual a programação? - Marizete perguntou risonha logo no café da manhã. Eu e Luan nos olhamos.
- Hoje eu queria que vocês fossem com a gente! - Luan falou pros seus pais. A gente já tinha combinado tudo.
- Ah mas não é nada de trilha, piquenique no meio do mato não né? - Amarildo resmungou e nós rimos.
- Não pai! Nós vamos ao circo!
- Ah meu Deus! Alice vai amar! - Mari falou empolgada.
- Tem circo na cidade? Não fiquei sabendo... - Amarildo comentou sem desviar atenção do jornal que lia.
- Não exatamente na cidade, mas na cidade vizinha acabou de chegar um dos melhores circos do país.
- Ah mas na cidade vizinha? Não é arriscado pra você? Aqui é calmo e seguro pra você sair... - disse seu pai, como sempre muito racional.
- Relaxa pai, vai dar certo.

Luan realmente não tinha pensado nisso. Então de última hora estava ele ligando pra sua assessora pra providenciar um segurança e um carro pra levar a gente.

Nós fomos ao circo logo depois do almoço. Eu não lembrava a magia que era ver um show assim. Alice tinha adorado o espetáculo!

Na volta pra casa, já era de tardinha, quase noite.
- Vamos ver um filme? - Mari sugeriu. - ou um desenho, né vovó!
- Vamos sim! - eu concordei.
- Bom, eu vou descansar um pouquinho. Quem sabe depois me junto a vocês lá. - Amarildo disse.
- É, eu também tô cansado. Amanhã a gente volta pra casa. Acho que vou tirar um cochilo antes do jantar. - Luan falou se espreguiçando.
- Ótimo, tarde das meninas. - Mari comemorou e eu ri. - vou fazer uma pipoca!

Eu dei um banho na Alice e fomos pra sala de cinema. Mari colocou o desenho "enrolados". Eu particularmente amava e não me cansava de ver. Alice não era de prestar 100% de atenção ainda. Então ela brincava, corria, subia e descia dos sofás. Em alguns momentos ela assistia, mas no geral ficava falando e rindo o tempo todo.

Quando o desenho acabou, nós fomos preparar o jantar.
- Duda, lembra que a primeira vez que você veio aqui eu fiz torta de maçã e você nunca tinha comida? - eu olhei pra ela surpresa.
- Meu Deus como que a senhora relembra disso?? - ela riu.
- Vou fazer agora! - eu comemorei igual uma criança. - e vem pra você aprender e fazer pra Alice!

Flash Back On

- chegamos!!! - Bruna gritou descendo do carro. Eu desci em seguida e olhei em volta. Era enorme! Eu nunca tinha visto uma chácara de tão perto senão na televisão. E que casa linda! Observei os detalhes da arquitetura sonhando em um dia projetar casas como aquela.
- me ajuda aqui, Madu! - meu irmão chamou minha atenção. Ele era o único que me chamava de Madu. Eu preferia Duda. Fui até o porta-malas o ajudar.
- já chegaram? - uma mulher apareceu na porta. Bruna a abraçou e a encheu de beijos.
- que saudades mãe! Vem cá! - trouxe a mulher até nós. - esse é o Caio que vc já conhece e essa é a Madu, irmã dele. - claro que Bruna tinha pegado a mania dele de me chamar de Madu.
- oi Caio, tudo bem? - o cumprimentou.
- tudo sim e a senhora?
- tudo ótimo. Oi Madu, prazer!
- o prazer é todo meu. Adorei a casa, muito bonita! - não contive e falei da casa. O que a incentivou a me mostrar a parte de dentro. Ela gostava de falar da casa e eu gostava de ouvir e opinar. Foi aí que começamos a nos dar bem.
- MÃE!!! - ouvimos um grito vindo do andar de baixo. - A TORTA!!!
- aí meu Deus! - ela desceu correndo, eu desci logo atrás sem entender. Ela passou direto pra cozinha e eu travei na sala de estar. Tinha três rapazes os quais eu não fazia ideia de quem era, com Bruna e Caio.
- ah gente, essa é a irmã do Caio, Madu.
- ah eu já conheço a Maduzinha. - olhei estranho pro rapaz, tentando o reconhecer.
- eu não te conheço. - todos riram.
- vc foi na minha festa de aniversário! - exclamou ofendido.
- ah sim! Eu lembro! - falei rindo. - vocês todos estudam juntos? - perguntei, eles assentiram.
- qual parte do "churras com o pessoal da facul" você não entendeu? - meu irmão falou espontâneo. Ele era sempre assim grosso mesmo.
- grosso! - revirei os olhos e fui pra cozinha.
- quer ajuda Dona?? - perguntei entrando.
- preciso não. - riu. - pode me chamar de Mari.
- queimou? - perguntei olhando...
- não.
- o que é? - ela riu.
- torta de maçã!
- mas no forno?
- é. Nunca comeu? - neguei. - então o primeiro pedaço é seu. Deixa eu cortar.

Flashback off

Mesmo sem estarOnde histórias criam vida. Descubra agora