Passou da hora

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Assim que sentei-me no sofá, meu celular tocou. Corri até a cozinha apressada achando que já era Luan.
- alô?
- oi linda, tudo bem? Estou com saudades. – sorri um pouco frustrada.
- oi Gab... Também estou com saudades.
- está mesmo?
- claro que sim, seu bobo. – ri.
- vamos sair hoje então? Se der, claro. Podemos levar a Alice também.
- a Alice não está comigo... – falei tristonha.
- oi? Como assim? Foi a Bianca?
- não... – ri da sua preocupação. Ele já podia imaginar que Bianca me afastaria de Alice só por maldade. – Luan foi pra casa dos pais dele e eu achei melhor que eu não fosse. – me lamentei, já estava arrependida.
- ah princesa, não fica assim! Logo eles voltam. – sorri, ele era tão carinhoso.
- eu sei e eles acabaram de sair. Mas eu juro que não é exagero...
- eu sei que não Duda, vocês duas estão juntas desde que ela nasceu. Aposto que ela também vai sentir sua falta.
- é...
- então, quer sair comigo?
- quero.
- te pego as oito, pode ser?
- pode... Onde vamos?
- a um restaurante.
- acho que não tenho roupa pra isso. – Ele riu.
- você é linda de qualquer jeito. – ri e não pude responder. – desculpa... – disse rindo. – você ta vermelha, né?
- para! – ri sentindo meu rosto queimar. – não sei receber elogios.
- então aprende, porque eu não vou parar.
- para! – falei rindo, ele riu também.
- até mais tarde então?
- sim.
- beijo!
- beijo... – desliguei sorrindo e me empolguei. Dei pulinhos de alegria, comemorando. Fui correndo pro meu quarto, procurar alguma roupa. Mas como já era de se esperar, não tinha nada pra sair. Bufei me jogando na cama e aí me lembrei das minhas roupas que ficaram na casa da minha mãe.

Quando Alice nasceu, eu me mudei pra cá, porém trouxe só o necessário. Minhas roupas da época que eu era festeira ficaram lá no meu antigo quarto. Minha mãe não havia mexido em nada no quarto do meu irmão quando ele se mudou, o mesmo aconteceu com o meu quarto.

Chamei um táxi e me preparei pra ir até a casa da minha mãe.

Minha mãe ficou surpresa em me ver...

- filha! – me abraçou apertado. – cadê Alice?
- Luan viajou com ela.
- sozinho? – assenti entrando e ela fechou a porta. – sério? Sem você?
- é sério mãe! – ri. – Ele foi pra casa de praia que os pais dele moram.
- desculpa, é que é difícil imaginar você e Alice separadas.
- é, mas a gente tem que se acostumar... né?
- por quê?
- porque logo menos a Bianca fica bem, e ela vai querer a filha.
- não tenta se enganar, Duda.
- ué, por quê?
- porque você sabe que essa mulher nunca vai querer a Alice.
- eu ainda tenho esperanças...
- por quê? Você não ama a Alice?
- amo! Mas o Luan ama a Bianca, e eu quero ele feliz.
- hum... – minha mãe me achava a maior boba do mundo por agir como eu agia. Ela achava que eu tinha que me declarar e que Luan iria me querer. Mas ela estava aos poucos aceitando que eu nunca faria isso e parando de me dar sermão. – vamos comigo no salão? Tenho horário hoje. Aí você aproveita que tá de folga e faz alguma coisa.
- na verdade eu não vim aqui pra dar uma volta mãe, eu vim porque... – sorri – eu tenho um encontro! – cantarolei comemorando.
- aí meu Deus! – exclamou. – é sério? – assenti. – obrigada Deus!!! – falou olhando pro céu.
- não seja boba! – falei rindo.
- filha você já tem 27, passou da hora! – balancei a cabeça negativamente – mas e aí, quem é? Ele é bonito? – perguntou se sentando perto de mim, sorri pensando nele.
- ele é lindo! Ele é o pediatra da Alice, a gente já se viu muitas vezes porque eu quem levo a Alice. Mãe, ele é um amor. Aquele rostinho de bebê, o cabelo preto liso, os olhos castanhos escuros, aquele sorriso que meu Deus!
- espera... Você tá falando do Luan?
- não mãe! – exclamei assustada. – tá louca?
- é porque tá parecendo. Juro! – bufei.
- ele me trata super bem e adora a Alice. – completei minha discrição.
- então tá, estou ansiosa pra conhecer ele.
- ainda não mãe! Ele pode achar que eu to apressando as coisas.
- verdade... Mas pra onde vocês vão?
- pra um restaurante.
- então vamos comigo no salão?
- ah não... – eu tinha medo de ouvir o que o cabeleireiro tinha a dizer sobre o meu cabelo, afinal havia muito tempo que eu não cuidava dele.
- pelo amor de Deus, não sai com esse cabelo amarrado assim que você parece uma velha. O cara nem vai te querer mais. – ri.
- tá bom, vamos...

Fomos ao tal salão. Os olhos do cabeleireiro brilharam ao ver meu cabelo e eu já até imaginava. Começou a falar de cortar, pintar, alisar... Eu me empolguei! Fui na onda dele e mudamos completamente meu cabelo. Corte e coloração nova.

Fiquei esperando minha mãe terminar e fomos embora juntas. Na sua casa, procurei pela roupa mais elegante que eu tivesse. Eu queria que ele me visse bonita de verdade.

Mas o que eu não esperava era ter perdido uns quilinhos. Então foi frustrante e exaustivo tentar encontrar algo que me deixasse contente. No final das contas, tive que ficar no básico. Vestido preto justo, um pouco acima do joelho e um salto alto. Mas caprichei na maquiagem pra compensar a simplicidade do look. E o corte novo de cabelo com certeza ajudou muito. Eu estava muito feliz por ter mudado algo na minha aparência.

Eu mandei o endereço da minha mãe pro Gab e pedi pra ele me buscar lá ao invés de ir até a casa do Luan. Fiquei ansiosa esperando por ele. E quando vi que tinha começado a chover, fiquei tensa. Sério isso? Eu estava de salto!

Logo ele chegou. Desceu do carro e veio correndo até a porta. Abri a porta.
- uau! – foi a primeira coisa que ele disse. – você... você ta linda! – corei. – cortou o cabelo...
- você gostou?
- claro, Duda! Você ficou linda!
- obrigada. – ele entrou lentamente. Me segurou com delicadeza pela cintura e selou nossos lábios. Toquei seu rosto com as duas mãos, tentando aproveitar mais do seu beijo.
- vamos? – sorriu e eu assenti.
- eu não contava com essa chuva. – ele riu.
- nem eu. Faz assim, eu vou na frente, abro a porta do carro aí tu vai e entra, pode ser? – assenti e assim fizemos. Rimos quando já estávamos dentro do carro.

Mesmo sem estarOnde histórias criam vida. Descubra agora