Passar do tempo

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Eu dirigi correndo pra casa. Eu não sabia que a irmã da Bianca era tão podre quanto ela. Eu estava assustada, desesperada. Pensando na minha mãe em casa sozinha.

Eu entrei em prantos, não conseguia falar. Minha mãe estava tentando me ajudar mas a minha voz não saía. Ela foi me acalmando aos poucos.

- a gente precisa ir embora mãe, a gente precisa... Arruma suas coisas por favor! - eu falei correndo pro quarto pra pegar o máximo de coisas que eu podia.
- Filha, me fala o que tá acontecendo primeiro!
- A gente tá correndo perigo, tem gente nos seguindo... - eu tive que contar tudo pra ela.

Horas depois nós estávamos de malas feitas.
- e a Alice, Duda? O que a gente vai fazer?
- Eu vou deixar ela com a Marizete.
- E vai falar o que pra ela? Por Deus filha, isso é loucura!
- Mãe, eu já pensei em tudo. A família da Bianca é louca igual a ela, eu não posso arriscar.
- E o Luan? E o bebê de vocês?
- Mãe, por favor. Eu não vou arriscar sua vida e a vida do meu bebê pelo Luan, você me desculpa.

Até onde eu tinha entendido, elas iriam me obrigar a ter um aborto. A única coisa que passou pela minha cabeça que salvaria meu bebê, era simplesmente sumir, do jeito que ela queria que fosse.

Com tudo no carro, ela trancou a casa e nós pegamos estrada pra casa da Marizete. Quando vi que Luan me ligava, eu desliguei o telefone.

Chegando lá já era noite. Marizete nos recebeu com muito carinho, mas logo percebeu que havia algo errado.
Eu pedi pra Marizete pra nos deixar só passar a noite lá. Decidi que não contaria nada a ela, simplesmente iria embora.
No dia seguinte, eu chorei abraçada a Alice. Eu não queria deixá-la. Mas sempre soube que um dia isso aconteceria.
Inventei uma super história para Marizete. Disse que precisava levar minha mãe para visitar um parente doente. Minha mãe embarcou na história e me deu apoio dizendo que era uma irmã dela.
Tentei não chorar na hora de ir e deixar Alice pra trás. Mas assim que meu carro se afastou de lá eu caí no choro.
- filha, você não precisa fazer isso. Sempre tem uma solução. O Luan vai acreditar em você se você disser o que elas fizeram! - minha mãe ia dizendo. Mas eu estava decidida a dar uma vida longe da loucura da Bianca para o meu bebê. Eu sabia que ela faria da minha vida um inferno. E pra piorar tinha uma irmã pior que ela.

No meio do caminho para o aeroporto, parei em uma loja de carros usados. Insisti muito pro vendedor me pagar qualquer coisa naquele carro. Luan tinha me dado para ficar mais fácil de ir pros lugares com Alice, ele me rastrearia muito fácil se quisesse.
O vendedor queria fazer uma inspeção, avaliar a quantia, mas eu não tinha tempo. Então ele cedeu por um valor bem abaixo do que valia.
Eu não precisava de dinheiro. Luan me pagava muito bem. E eu não usava o dinheiro pra nada já que morava com ele. Então tinha uma boa grana guardada.

- Fala um lugar. - estávamos no guichê do aeroporto pra comprar passagens.
- Oi?
- Vai mãe, qualquer lugar.
- Espírito Santo? - falou duvidosa.
- Duas passagens no próximo voo pro Espírito Santo por favor.

Enquanto esperávamos o voo, eu fiz reservas num hotel pra ficarmos até encontrar um lugar pra morar.
Cada ligação do Luan que chegava, eu recusava. Por fim, quando desembarcamos, eu comprei um chip novo e perdi toda a forma de contato que eu tinha com ele jogando o outro chip na privada.

Com o passar do tempo, nós decidimos morar em um lugar chamado Guarapari. Tinha praias incríveis e muitas construções onde eu consegui logo emprego como arquiteta.

Depois do nascimento da minha filha, eu abri meu escritório de arquitetura e urbanismo. Morar em uma cidade não muito grande tinha suas vantagens, sempre que havia obras eu era contatada. Decorava muitos ambientes e fazia muitos projetos. Nunca me faltou trabalho.

Eu comprei um apartamento de frente pro mar onde eu, minha mãe e Nicole passamos a morar juntas. Quando ela cresceu um pouco, eu comprei um cachorro para lhe fazer companhia. Ela sempre foi reservada igual o pai. Tímida, quieta e muito inteligente. Adorava instrumentos, jogos, livros. Era um pouco isolada na escola, mas isso nunca atrapalhou em nada.

Mesmo sem estarOnde histórias criam vida. Descubra agora