Eu provo que eu te amo

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Acordei mais tarde. Eu estava no quarto de Luan, sozinha em sua cama. Fiquei pensando no que faria, mas eu não tinha levado nem um peça de roupa pra tomar banho. Procurei pelo meu celular na bolsa e vi que estava descarregado. Resolvi procurar dona Marizete pra me emprestar algo. Assim que saí do quarto e desci as escadas, dei de cara com Luan que subia com uma bandeja...
- oi Duda... – ele falou meio sem jeito.
- oi... – respondi da mesma forma. Não sabia se ele estava bravo ainda ou se tinha se esquecido do que disse ontem.
- eu ia levar pra você. – riu fraco mostrando a bandeja. Tinha pão, suco, umas bolachas e torradas com queijo. Eu sorri grata.
- obrigada!
- sobe, pra você comer... – eu assenti e voltei pro seu quarto, sendo seguida por ele. Ele colocou a bandeja na cama e eu me sentei pra comer. – eu vou pegar pra você uma roupa, toalha e... do que mais precisa?
- escova de dentes? – sugeri.
- é, isso.
- e um chinelo, talvez... eu vim de salto. – fiz cara de culpada e ele riu.
- ok, já volto! – ele foi e eu fiquei comendo. Logo ele voltou. – peguei um short jeans e uma blusa... aqui tem o ar condicionado, mas se você sair lá fora com essa calça você derrete, Duda! – eu ri do seu bom humor. Ele tinha simplesmente esquecido do Gab? Ou se arrependeu, mas não queria pedir desculpas? Eu iria só esquecer também, talvez fosse melhor assim.
- obrigada... eu deveria ter passado em casa antes de vir, mas fiquei muito preocupada com a Alice. – vi que ele ficou desconfortável com o que eu disse. Ao refletir, percebi que tinha entregado que eu não estava em casa quando ele ligou. – por falar nela, cadê minha princesa?
- na piscina... Gostei do seu cabelo... – arqueei as sobrancelhas surpresa.
- você reparou? – sorri. – que bom que gostou.
- obvio que reparei, assim que te vi ontem... o seu cabelo era bem grande, seria impossível não notar!
- mas ficou ruim assim?
- lógico que não, nada fica ruim em você. – eu sorri completamente envergonhada. – você ta linda. – ele me olhava fixo e carinhoso, isso me deixou completamente sem jeito.
- obrigada... – ri fraco.
- bom... – falou se levantando. – vou deixar você a vontade, quando estiver pronta você desce pra gente ir no centro, ta bom? Vamos comprar umas coisas pra você passar a semana. – eu concordei e ele saiu.

Eu fingiria que nada tinha acontecido noite passada, já que ele tinha escolhido agir assim também. Tomei um banho e vesti a roupa que ele tinha me arrumado. Por sorte, eu tinha trazido bolsa com carteira. Eu iria precisar de dinheiro para as compras no centro.

Desci e lá estavam todos se preparando para almoçar. Era compreensível visto que eu tinha acordado tarde.
- boa tarde... – falei envergonhada entrando.
- oi Duda, tudo bem? – Marizete veio me cumprimentar. Ela colocava a mesa.
- estou bem e a senhora? Precisa de ajuda? – perguntei já pegando os talheres para colocar a mesa.
- to ótima! Obrigada... Conseguiu descansar?
- sim!
- e o médico, chegou bem em são Paulo?
- eu ainda não falei com ele. – ri envergonhada. – meu celular descarregou, mas assim que pegar um carregador com Luan, vou falar com ele e te aviso.
- vê sim, é ruim subir sozinho e com sono. Ele deveria ter passado a noite.
- é... – concordei. – mas ele trabalha, sabe? Precisava ir.
- uma pena... – ela foi interrompida por alguém coçando a garganta, nós duas olhamos para a porta. – oi filho! – ela exclamou animada.
- Duda, será que a gente pode conversar lá fora? – olhei indecisa para Mari. Um pouco com medo também, pelo seu semblante a conversa era séria. E eu temia que o assunto fosse o Gab outra vez.
- claro. – sorri fraco.
- pode deixar que eu termino. – Mari falou e eu parei de organizar a mesa com ela. Sai primeiro e Luan me seguiu. Fomos andando, passamos pelo jardim, pela piscina e fomos até a areia... Era incrível. A praia era linda e só deles. Luan tinha muito orgulho de poder proporcionar aquilo aos pais.
- então? Você disse que queria conversar. – ri, visto que até agora ele não tinha dito uma palavra.
- eu queria pedir desculpas por ontem... – parou e se virou pra mim, fiz o mesmo.
- você não tem que me pedir desculpas, eu entendo.
- não, você não entende.
- entendo sim, você tem medo que eu vá embora e deixe a Alice. Mas eu não vou fazer isso por homem nenhum no mundo. Você sabe que eu só uma pessoa pode me obrigar a me afastar da Alice e essa pessoa é a Bianca.
- tá vendo? Você não entende. Não é nada disso, eu sei que você nunca deixaria a Alice porque você ama ela. O problema sou eu.
- você? – perguntei espantada.
- eu... eu não... eu não estava pronto! – falou nervoso. – Eu não imaginava que você arrumaria um namorado. Pensei que você fosse ser pra sempre minha.
- pra sempre sua?! – exaltei-me. – ta escrito Bianca na minha testa? Para de graça! – comecei a voltar em passos rápidos pra casa.
- Duda, espera! – correu e parou na minha frente. – você sabe que eu não amo a Bianca!
- imagina se amasse, não é? – ironizei sem conseguir acreditar que ele faria aquilo comigo.
- não fala assim... – tentei desviar dele, mas ele entrou na minha frente outra vez.
- da licença. – falei séria e com muita raiva dele naquele momento.
- deixa eu explicar, olha pra mim. – olhei. – não combina com você essa cara de brava, para vai. – ele riu, mas eu não estava achando graça.
- Luan, fala logo. – falei sem paciência.
- tá, eu... Eu amo você. – ele suspirava forte. Eu não me deixei levar por suas palavras. Por mais que eu o amasse, eu sabia que ele não me amava da mesma forma. Balancei a cabeça negativamente rindo e desviei dele, tentando ir mais uma vez pra casa. – Maria Eduarda! - exclamou indignado e segurou meu braço, me impedindo de ir.
- sabe o que eu acho engraçado? – ri, ele me soltou. – é que eu estou do seu lado há mais de três anos. Fazendo de tudo por você e Alice. Até pela Bianca. Mas só agora, que eu finalmente encontrei alguém, é que você percebe que me ama. Estranho isso, não? – coloquei pra fora tudo o que estava passando pela minha cabeça.
- o que você quer dizer com isso?
- que você não me ama. A verdade é que você não aceita perder! Enquanto eu estava sozinha, tudo bem, você continuava lá fodendo a Bianca sem se importar com o que eu sentia. Agora que alguém gosta de mim, você quer dizer que me ama. Só pra não me ver feliz. – Ele me olhava fixo e com o cenho franzido. Parecia não acreditar que eu estava dizendo aquilo.
- eu não sou assim...
- você pode até achar que não, mas é isso que ta acontecendo. Você não me ama, só está agindo por impulso. Luan, eu dou a minha vida pra te ver feliz. Você podia fazer o mínimo por mim também.
- eu não sou feliz. Você sabe o quanto eu fico mal por causa dessa relação com a Bianca!
- você fica mal porque ela não aceita a Alice. Mas você ama ela! Ama estar com ela, ama fazer amor com ela.
- Maria Eduarda, para! – falou exaltado. – me dá uma chance e eu provo que eu te amo! Que, ao contrário do que você pensa, não foi agora que eu descobri isso. Eu descobri quando a gente ainda estava junto, três anos e meio atrás. Quando a gente se divertia horrores viajando e dizendo pra todo mundo que éramos só amigos.
- me amava tanto que levou a Bianca pra cama, não é? – falei com um tom ciumento. – olha Luan, você só está confuso e dizendo essas coisas da boca pra fora. Eu entendi que foi demais pra você me ver com outro depois de tanto tempo dedicando minha vida a vocês, mas isso não te da o direito de brincar com os sentimentos das pessoas. – saí. Dessa vez ele não me impediu. Eu entrei e fui direto pro banheiro do segundo andar, onde imaginei que ninguém iria querer usar. Tranquei a porta e caí no choro. Ele não podia fazer aquilo. Eu quis por tanto tempo ouvir ele dizer que me amava. Ele não podia vir me dizer só quando eu finalmente encontrei outra pessoa.

Mesmo sem estarOnde histórias criam vida. Descubra agora