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Acordou sem sentir que vestia absolutamente nada. Estava no colchão do quarto de Sanzu, e o dia já havia clareado. Sentou-se sentindo sua cabeça pulsar de dor. Com os olhos entreabertos, viu a silhueta de Sanzu encostado na parede, enquanto mexia no celular com um cigarro nas mãos.

– Finalmente acordou. – coçou os olhos, vendo o quarto todo bagunçado. O colchão que estava não tinha mais forro, o mesmo estava jogado em alguma parte do quarto. Garrafas de bebidas e retos de cigarros em um canto e suas roupas no outro.

– Que merda. – resmungou ao perceber o que havia acabado de fazer, porém não se lembrava de nada, apenas de chegar na casa dele e beber.

– Merda? Você me usa pra esquecer seu ex idiota e ainda reclama? – ele riu, tragando seu cigarro – Não vou dizer que não gostei.

– Vai se ferrar. – pegou o forro que estava poucos centímetros de distância de você, o enrolando no seu corpo. Foi até suas roupas que estavam do outro lado do quarto, procurando seu telefone.

– Ele não te mandou mensagem. – olhou no mesmo instante para ele, que balançava seu celular entre os dedos.

– Por que está com isso?! – correu até ele, tomando o aparelho das mãos de Sanzu, segundos depois, sentiu suas pernas trêmulas por consequência da noite passada. Ouviu o rosado rir e jogar o celular para você, que o agarrou tranquilamente.

– Não manda mensagem, vai se humilhar assim mesmo, idiota? – você encarou a tela do celular desbloqueada e levou seu olhar até ele. Suspirou e desligou a tela, jogando o aparelho no colchão.

– Pronto. – pegou sua calcinha que estava jogada pelo quarto, junto a uma camiseta de Sanzu que estava ao lado dela. Sentou-se na cadeira giratória, colocando os pés no assento, juntando ambas as pernas e abraçando-as depois.

– Decidiu o que vai fazer sobre a faculdade? – o rosado perguntou e levou seu olhar até ele.

– Como sabe que eu fui aceita?

– Antes de transarmos, você bebeu pra caralho e começou a falar um monte, principalmente do seu namoro com o Wakasa. – ele deu de ombros.

– Vou fazer o que ele disse, ir embora. – deitou a cabeça nos joelhos com um sorriso tristonho no rosto. – Sou só uma pirralha que terminou o ensino médio, de qualquer jeito.

– Acredita no que ele disse? – levantou uma das sobrancelhas – Não acha no mínimo suspeito um dia ele te declarar todo o amor do mundo e no outro simplesmente dizer que queria acabar com o tédio?

– Eu olhei nos olhos dele, claramente não era mentira. – soltou um longo suspiro – Além de sempre ter sido tratada com objeto sexual pelos garotos minha vida inteira, isso acaba não me assustando mais.

Só que pensou que pelo aquele, séria diferente.

– Queria dizer que você não é, porém todos meus amigos taram você. – riu fraco e levantou a cabeça – Mas eu acho que você tem passagens e uma mala para arrumar, não é?

O viu sorrir pequeno, franzindo a cicatriz que tinha nos cantos da boca. Desceu as pernas e sorriu de volta, assentindo com a cabeça. Aquilo não havia passado de uma transa qualquer, provavelmente não iria ocorrer de novo, mas pelos flashbacks que passavam na sua mente, havia sido uma noite e tanto.

Quando contou a Shinichiro sobre ir para a faculdade em Los Angeles, e ele te abraçou com intusiasmo e felicidade, e você o abraçou de volta na mesma intensidade. O moreno fez questão de pagar sua passagem para você ir logo. As aulas começariam no mês seguinte e ele queria que se adaptasse logo.

– Me leva com você. – Senju chorava aos prantos nos seus pés, enquanto drobava todas suas roupas e colocava na mala.

– Senju você vai fazer engenharia em Nova York, não é tão longe assim. – deu risada e ela se levantou.

– Promete ir me visitar quando puder?

– Pera ai que não é bem assim. – deu risada, lembrando que apartir de poucas horas iria ter que trabalhar para se sustentar, e acabou virando uma risada de nervosismo.

– Tá vendo! – ela exclamou. Quando foi até o guarda-roupa, pegou suas jóias e entre elas estava aquele colar com um pingente de guitarra, o segurou entre os dedos e levou até a bolsa de mão. – Você falou com ele depois daquilo?

– Não. – respondeu simoles e o guardou na bolsa com delicadeza. – Eu tenho um favor para te pedir, uma última coisa, Senju. – ela te olhou com atenção e escutou você falar atentamente.

Pegou o táxi para ir até o aeroporto, onde encontraria seus irmãos e amigos lá para se despedir, mas antes tinha que parar em um lugar. De pé, encarava o apartamento de 10 andares pela última vez. Suspirou e entrou. Pegou o elevador, indo até o segundo andar, parando no apartamento 203. Não tinha mais a cópia da chave, já que a tinha jogado fora depois daquilo. Conseguia sentir o cheiro da fumaça do cigarro passar pela fresta da porta, mostrando que ele estava em casa, além que seu chinelo estava para o lado de fora, apenas um par que era dele, reconheceria fácil.

Deu duas batidas na porta e ninguém abriu. Bateu novamente, e continuou sem resposta.

– Wakasa. – o chamou, mas continuou a ser ignorada pelo homem – Estou indo para Los Angeles, não era isso que você queria? – colocou a mão na maçaneta, pensando em tentar abrir, mas a sua mão continuou paralisada ali mesmo – Não espero que esteja contente ou nada do tipo, só vim me despedir, porque mesmo você tento feito o que fez, eu não consigo te odiar, porque diferente de você, eu me entreguei de corpo inteiro e não queria apenas perder o tédio.

Sentiu seu celular vibrar no bolso, e o tirou, pensando que era Wakasa, mas não, era apenas Shinichiro dizendo que já havia chegado no aeroporto e perguntando onde estava.

– Espero que seja feliz. – encostou sua cabeça na porta, conseguindo ouvir o barulho de um isqueiro, bateu novamente na porta, na esperança que ele abrisse, mas continuou sem resposta. Desencostou da porta e ajeitou a postura – E mais uma coisa, estou levando sua guitarra comigo, espero que não se incomode.

Deu as costas, percebendo que seria a última vez que veria aquela porta e quem morava por trás dela. Apertou o botão do elevador com um longo suspiro e entrou assim que chegou. Abaixou sua saia e ajeitou a bolsa que tinha nos ombros para sair do elevador e entrou no táxi novamente, indo para seu destino.

– Pelo visto você era a quem mais queria ficar e é a primeira a ir embora? – disse Kazutora, tentando ser engraçado, enquanto segurava o choro. A cara que ele fazia era engraçada, não conseguiu segurar o riso e o abraçou logo em seguida – Boa viagem, vê se não esquece de mim quando ficar famosa.

– Você vai ser o primeiro que eu vou esquecer. – ele te olhou indignado, enquanto você ia abraçar Baji.

– Tomou de graça!

Deu risada e abraçou o resto do pessoal. Não era a única que pegaria avião nesse horário,  os gêmeos iriam visitar os avós do outro lado do país, então pegariam um vôo quase no mesmo horário que você. Despediu deles que foram para o próprio embarque.

– Vou sentir tanta falta de vocês. – abraçou seus dois irmãos, sentindo Emma cair no choro horrores, enquanto Mikey apenas te abraçava forte.

– Quando vier, traz um chaveiro de Los Angeles lra mim, quero enfeitar minha chave. – o loiro falou com um sorriso no rosto e você assentiu.

– Vai se despedir de mim não, pirralha? – viu seu irmão mais velho dramatizar e você revirou os olhos – Boa viagem. – o abraçou carinhosamente e sorriu, olhando para trás, vendo Draken espera a vez dele, emburrado.

– Pensei que não iria falar comigo. – o abraçou e ele beijou o topo da sua cabeça – Boa sorte.

– Obrigada.

Senju não estava lá, já que havia ido fazer o favor que havia sido pedido a ela, mas já tinha se despedido há tempos. Foi subir a escada rolante para ir até o embarque. Quando chegou ao topo, olhou para trás uma última vez, na esperança dele ter ido se despedir de você, mas havia feito isso atoa. Suspirou e deu as costas para começar sua nova vida.

Nunca pensou que terminaria daquele jeito, porém não mudaria nada.

𝐈𝐓'𝐒 𝐒𝐎 𝐒𝐖𝐄𝐄𝐓, wakasa imaushiOnde histórias criam vida. Descubra agora