Absurda

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  Giovanna conseguiu um espelho e por ele notou que seus ferimentos no rosto estavam quase cicatrizados, notou que seu cabelo precisava urgentemente ser hidratado e aparado, não precisava do espelho para isso, mas suas unhas não estavam nada bonitas, cortadas de qualquer jeito pelas enfermeiras quando ainda estava desacordada. Notou ainda atravéz do espelho que sua pele e sombrancelhas precisavam de atenção máxima. Giovanna ganhou além do espelho um par de muletas e uma visita da equipe de ortopedia e fisioterapia.

  Suas costelas ainda doiam mas ela fez questão de esconder, já estava saturada daquele lugar, das perguntas, da comida, daquele quarto, das visitas indo embora e deixando ela ali sozinha ainda que por poucas horas. Ela sabia que Dulce estava com o peso do mundo nas costas, mas sentia falta da ruiva ali ao seu lado. Não estava cem por cento mas já se sentia preparada para sair daquele hospital e voltar para casa.

Giovanna tinha bastante tempo livre e pode pensar e repensar na sua conversa com Dulce e em seu sonho, onde sua mãe a procurou pedindo perdão. Enquanto recordava o sonho, ela se divertia com a possibilidade disso acontecer realmente, mas no fundo sabia que sua mãe seria incapaz de reconhecer seus erros e muito menos de se desculpar por algo, ela nunca viu a mãe se desculpando e não seria agora que iria ver. Mesmo assim seu coração insistia na ideia de reconciliação.

  Depois de ter provocado um grande tumulto no quarto da filha ela se limitou a acompanha-la de longe, não aparecendo nos horários de visitas mas seguia recebendo informações sobre os boletins medicos da filha e da neta, que agora já não estava mais no hospital. Giovanna sabia que a mãe estava presente, acompanhando sua recuperação de longe e pediu a um enfermeiro que chamasse Marichelo ao seu quarto assim que ela chegasse no hospital. Enquanto aguardava tentou assistir tv, ler um livro que Dulce esqueceu, mas no fim estava quase roendo as unhas - To pegando a mania feia da Dul, credo! - pensou

  Depois de algumas horas o enfermeiro avisou que Marichelo já estava no hospital e pronta para entrar no quarto, Giovanna pediu ajuda para sentar na cama, mas suas costelas não deixaram, o enfermeiro reclinou a cama para que ela não sentisse tanta dor.

-Você esta se sentindo melhor? - Perguntava uma Marichelo com tom de preocupação, entrando no quarto

-Estou... eu queria saber se você esta com tempo para uma conversa? - Giovanna sabia que teria que pisar em ovos para entrar no assunto, ela mantinha os olhos cabixbaixos como de uma criança amedrontada

-Se for breve acho que tenho uns vinte minutos - Marichelo procurou um lugar para colocar sua bolsa e depois sentou cruzando as pernas

-Eu tinha tantas coisas para te dizer, mas agora eu não sei por onde começar - Giovanna já estava visivelmente emocionada

-Começe pelo inicio e de forma objetiva Giovanna, não desperdice nosso tempo - Pontuou firme

  A mais nova olhou para cima tentando conter uma lagrima, depois retornou a olhar para sua mãe, que mantinha a mesma expressão séria - Em algum lugar dentro de você ainda existe amor de mãe? - A loira fechou os olhos já imaginando a reação de Marichelo

-Agora que também é mãe imagino que começe a desenvolver esse instinto. Quem sabe você não começa a entender certas coisas e me dê razão - Respondeu de uma vez sem hesitar

-Não foi isso que eu perguntei... - Limpou a lagrima rudemente, com semblante arrependido - Mãe, por que eu me sinto tão abandonada por você? Eu até já sei o que vai me responder mas nada dessas coisas que você comprou pra mim supriu a necessidade de ter uma mãe ao meu lado nos momentos em que eu mais precisei de apoio, de conforto, de carinho e quem sabe até de um puxão de orelha - As palavras simplesmente sairam da boca de Giovanna, e as lágrimas vieram acompanhando aquele momento

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