~Giovanna~
Depois da discussão com Alfonso não sai mais do quarto não queria olhar para sua cara de pau, estava tão irritada que poderia colocar tudo a perder. Não consegui relaxar nem pensar em outra coisa, meu passado me assombra e não consigo imaginar outro desfecho que não seja minha mãe arruinando minha vida outra vez, Dulce não vai poder vir nessa festa e isso é uma certeza.
Já era noite e meu coração ainda instável e aflito me deixava cada vez mais vulnerável, detesto me sentir assim sem controle e tudo isso por culpa de um idiota coitado que foi muito bem recompensado para ser marido de uma lésbica que não pode se assumir. Estou perdendo meu juízo com essa farsa toda, seria muito mais fácil se ele se apaixonasse por alguém e me deixasse em paz.
Atiro um vaso na parede de tanta raiva, de tanta impotência, estou me sentindo sufocada por mim mesma me sabotando a cada sorriso falso. Ligo para cozinha e peço uma garrafa de tequila, quem sabe assim eu consiga me desafogar por algumas horas. Abro a porta para receber a garrafa e Alfonso invade meu quarto.
-Eu não vou deixar você beber - Ele toma a garrafa da minha mão. Peço que o empregado se retire do quarto, fecho a porta cuidadosamente e me viro sutilmente para ele, o encaro sem emoção, sento na poltrona perto dos cacos do vaso que acabei de destruir.
-Alfonso sabe quanto valia esse vaso?- Ele parece não entender minha pergunta mas responde com a cabeça que não
-Ele era bem caro, muito mais caro que a casinha medíocre em que você vivia
-Giovanna..
-Silêncio, você sabe quanto tempo levaria para você dirigir uma Bugatti?
-Não adianta você tentar me ofender.. - O interrompi novamente - Você quem está ofendendo a marca mais cara de tequila segurando - a com suas mãos sujas de tanta mentira - Ele revira os olhos
-Entenda, você não é meu marido, nós não somos um casal.. não chore no meu tapete mas você não faz meu tipo, agora sai do meu quarto
-Esse quarto também é meu!
-Nada nessa casa é seu e se você quiser continuar usufruindo é melhor baixar sua bola
-Tudo bem Giovanna, você está estressada com nossa festa.. vou para o quarto de hóspedes, mas só por hoje
-Sai da minha frente Alfonso - levanto procurando algum objeto para arremessar na porta
Passo metade da madrugada revivendo cada detalhe da minha miserável história de amor, jurei que não me envolveria com nenhuma outra mulher e acreditei nessa promessa até conhecer Dulce, agora não consigo distinguir o que é melhor pra mim, não quero aquela tempestade me molhando outra vez, com as ameaças da minha mãe, me sinto como um pássaro preso a muitos anos que já não sabe mais bater as asas e tem medo de voar, não posso mais cair não tenho mais vinte anos e a pouca energia que carrego foi Dulce quem me devolveu. No meio de toda essa mentira encontro verdade em cada suspiro, em cada palavra e em cada gesto que me presenteia. Ela não sabe mas sinto sua falta tão logo quando entro no elevador para ir embora.
Dormi por apenas três horas, senti nojo da cama e passei a noite na poltrona, meu corpo dói como se eu tivesse levado uma surra. Vejo no relógio que ainda são 4AM, hoje Dulce vai ao salão de um grande amigo meu, quero o melhor para ela por isso consegui um horário com ele. Entro no banho afim de tomar uma boa ducha mas sinto falta de ar, termino de me enxugar e toco meu corpo com a toalha lembrando das carícias que Ela me faz. -Preciso vê lá!
Perco algum tempo escolhendo uma roupa não quero que pareça que estou indo para encontra-la mas também quero estar bem arrumada caso fiquemos a sóis. Peguei um carro na garagem e sai, não tive o desprazer de cruzar com Alfonso e tomara que continue assim. Cheguei no salão antes dela e inventei um motivo para ficar ali, me distrai com revistas até que finalmente meu coração teve um pouco de paz ouvindo sua voz, acho que consegui disfarçar minha alegria. Fiquei admirando-a através do espelho e cuidando para não demonstrar tanto minha cara de adolescente.
No início da noite fui até sua casa não ia conseguir dormir se não roubasse um beijo daquela menina. Fiz uma visita surpresa e foi incrível encontra-la de pijama, Dul é tão linda que nem parece ser de verdade.
-Me responde uma coisa, o que foi fazer mais cedo no salão?
-Precisava resolver alguns assuntos com ele - Não quis falar mais, só aproveitar o momento com ela
-Não foi lá para me ver? - Me olha esperançosa por uma resposta afirmativa
-Não sua bobinha, eu tinha assuntos pendentes com ele - lhe dou outro beijo
-Hmm, mas foi bom te ver logo cedo - Ela acaricia meu rosto - Por mim eu te veria o tempo todo - Completa
-Dul, preciso te dizer uma coisa.. não quero que vá a minha festa - Ela solta minha mão e me olha desiludida
- Mas por que?
-É complicado.. minha mãe estará lá e não quero que ela te veja
-Que besteira, sua mãe me adora Gi
-Mas você não pode ir Dul
-Por que? É só uma festa, eu quero estar com você..
Dulce me coloca em um beco quase sem saída, não quero que saiba das minhas angústias nem do receio que tenho sobre Marichelo , não quero parecer vulnerável perto dela, nem perder sua admiração, ela me acha tão confiante, não consigo me expressar bem e acabo estragando tudo
-A festa é só para família - Ela desiste de debater e fica visivelmente triste com minha resposta não pensada
-Eu nunca vou poder ir em suas festas, nunca vou poder estar ao seu lado.. e por que? Porque não somos nada, não sou nada para você
-Não foi isso que eu disse - Ela me interrompe - É melhor você ir embora
-Não Dul por favor, deixa eu te explicar..
-Vai embora - Ela levanta e abre a porta, sem opção acabo saindo
-Posso te ligar mais tarde? - Toco sua mão
-Não acho uma boa ideia - Ela desfaz o contato e fecha a porta.
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La Mujer de Mi Novio (Portiñon)
Fanfiction[CONCLUÍDO] "A carreira de atriz proporciona muita aprendizagem faz você explorar lugares novos, experimentar personalidades diferentes e conhecer pessoas de todos os tipos. Mas e se no meio de uma trama você se apaixonasse pela mulher do seu namora...