Tu Dulce Voz

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Entramos por um imenso portão gris passamos por um caminho entre árvores e estacionamos no que seria a lateral da mansão, um de seus empregados prontamente tomou o controle do veículo levando-o de volta para a garagem. Alfonso me acompanhou até a entrada principal e Giovanna nos aguardava na porta com um sorriso receptivo.

-Seja muito bem vinda Dulce! Espero que desfrute

-Obrigada, obrigada pelo convite

-Venham, já vamos servir o almoço

O interior da casa era decorado com a mobília mais sofisticada que já vi na vida, me chamou atenção a quantidade de quadros e esculturas, a sala de jantar comportava uma gigantesca mesa de madeira que mais parecia uma peça de museu. Acompanhei o casal até outra sala que chamei de 'sala de almoço', o ambiente era claro com janelas enormes e alguns vasos de plantas saudáveis. O que mais estranhei foi ver que aquele par invejado por centenas de pessoas não se tocou desde que entramos, nem um beijo nem um abraço sequer. Ele sentou na ponta e me deu espaço ao lado de Giovanna.

Depois do almoço fomos para sala de estar e pela primeira vez eles deram as mãos ao sentarem lado a lado, a simetria entre eles é sublime, Giovanna deixa Alfonso mais iluminado e sofisticado tal como todos os móveis da casa. Ela muito educada me acompanhou com uma água tônica Ele preferiu tomar uma taça de vinho branco. O intuito daquele almoço era buscar mais química e intimidade para nossos personagens, essa intenção foi por água abaixo porque em menos de cinco minutos ele se retirou dando uma desculpa qualquer para ela.

Ficamos a sóis e achei que nos afogaríamos em silêncios constrangedores mas iniciamos uma conversa sobre música e arte e quando dei por mim estava de pé no meio da sala cantando uma música infantil de um programa que participei quando criança e ela gargalhava no sofá.

-Dulce você coleciona alguma coisa?

-Eu? Não não - me senti envergonhada por mentir e por lembrar da minha coleção de calcinhas que mantenho guardada a sete chaves

-Bom eu tenho algumas, posso te mostrar uma?

-Claro que sim

Ela me levou a um outro lado daquela imensa casa, passamos por um belíssimo jardim, contornamos a estufa, subimos uma escadinha colonial e chegamos a um cômodo que mais parecia uma casa de bonecas gigante. Sentamos a frente de uma escrivaninha e ela pegou cuidadosamente um portifólio com design de sapatos

-Aqui está a minha coleção preferida, são todos os meus desenhos de sapatos

-Nossa! todos feitos por você?

-Sim, meu primeiro desenho eu fiz com doze anos, é esse na primeira página

-Posso te perguntar uma coisa?

-Sim

-Você conseguiu tirar essas obras primas do papel?

-Algumas sim. Tem algum de que você gostou mais?

-Hm deixa eu ver, é difícil escolher um só mas esse aqui da página 46 me chamou atenção

-Você tem bom gosto

-Obrigada - respondi um pouco encabulada por ter tocado em minhas mãos, sua pele era tão acolhedora e perfumada. Aquele toque acelerou um pouco minha respiração, fiquei sem graça quando ela riu do meu comportamento, meu rosto avermelhou imediatamente e ela se levantou.

-Acho que esta na minha hora, amanhã tenho gravações na parte da manhã..

-Tudo bem, obrigada por vir

-Imagina, podemos marcar alguma coisa outro dia?

-Podemos sim - respondeu surpresa

Cheguei em casa por volta das 19 horas, Maite ainda nao tinha chegado aproveitei para ler o texto da semana seguinte, antes que pudesse lavar as mãos senti que ainda estava em mim o perfume aveludado de Giovanna, inspirei lentamente e senti meu pulso desparar, minha mente me trouxe a lembrança do seu rosto sorridente e também sorri ao lembrar do som da sua risada. O que está acontecendo? Ela não pode ficar na minha cabeça desse jeito nem posso estar com seu cheiro nas mãos, Giovanna não é mulher para mim, está proibido fantasiar sobre esse sorriso branco.

Maite chegou em casa bem tarde, chegou fazendo barulho e tropeçando nas pernas

-Meu Deus, onde você estava?

-Com meu príncipe!

-Com quem? - me esquivei do seu cheiro de álcool misturado com um perfume masculino um tanto familiar

-Duuulce estamos num conto de fadas!

-Não vai me dizer quem é ele?

-Não você vai me julgar..

-Ta, você está bêbada.. vai tomar um banho Mai já está tarde e você está fazendo muito barulho

-Dulce me abraça?

-Maite.. vai tomar banho logo

-Eu vou te contar mas não me julga

-Não quero mais saber, tira essa roupa e toma um banho pra dormir

-Dulcee! Olha pra mim droga, estou saindo com Alfonso Herrera

La Mujer de Mi Novio (Portiñon) Onde histórias criam vida. Descubra agora