Ela ficou parada no corredor encarando a senhora, estava assustada, então candence sorriu, para tranquiliza-la mas isso não aconteceu, se aproximou lentamente, achando que a mulher iria correr, tinha uma coroa de tranças em volta do cabelo ruivo quase loiro, e usava um vestido modesto, branco e marrom, parecia uma camponesa das que se via nos quadros antigos, indo buscar leite em uma manha fria, os olhos escuros com a pele branca só realçavam isso, mas era bonita, de certa forma encantadora, foi uma pena, que ao ver a proximidade de candence, a senhora sumira no ar como fumaça, entrou no quarto empurrando o carrinho com as bandejas fumegantes de comida, o cheiro estava ótimo, um ensopado, disso tinha certeza, pães de todos os tipos estavam ao lado em um cesto trançado muito bonito, ela deixou a comida de lado e se sentou na cama, ainda tremia, podia ver aqueles olhos amarelos disparando a flecha em sua direção, ficou na cama uma eternidade, queria se acalmar, sentiu uma necessidade avassaladora de por seu jeans velho e deitar nos lençóis o dia inteiro, sempre se perguntava o que ele havia feito com suas roupas, talvez tivesse as queimado, ela o achava um homem muito mal, nem se quer sabia que ele estava na propriedade, andando pela mata, dormindo ao relento, tudo para não dividir o mesmo teto que ela, isso a irritou, tentou se recompor, não queria que ele aparecesse e a visse naquele estado deplorável, sabia que ele podia sentir o cheiro do seu medo, então tomou um copo d'água e pegou o livro, mas não conseguia parar de pensar, em como eram diferentes e ao mesmo tempo parecidos, a luz e a escuridão, talvez fosse alguma metáfora da vida, mas a luz tentara a matar, enquanto a escuridão a salvara, diversas vezes, já que estava sendo sincera, não era como ela desejava, mas ele mesmo involuntariamente estava a ajudando, lhe dando um teto, comida, e tempo para pensar, descansar, isso ela valorizava mesmo que nunca dissesse ou parasse para pensar sobre o assunto, temia pensar Demais e finalmente compreender a grande enrascada em que estava se metendo, por um curto período de tempo o pensamento que antes ela controlava, voou, e foi parar longe, percebeu que gostava da calça que ele vestia, mais do que quando usava jeans, podia ver as panturrilhas que nem se quer pareciam reais, gostava da bata que amarrava no peitoral, era muito temática, talvez pudesse ser um príncipe, ou um pirata, ficava bom nele, fazia com que parecesse um cavalheiro, se não fossem os pés descalços e a total falta de zelo que exibia com suas roupas, as camisas sempre por fora das calças, os pés de fora, nenhum colete, os cabelos soltos caiam na mesma altura do nariz, quando ele balançava a cabeça, um véu negro caia sobre a testa e voltava para trás com perfeição, afastou os pensamentos, não podia pensar naquilo" ela disse a si mesma, ser salva havia a afetado, então teve a brilhante ideia de tomar outro banho, ainda não estava com fome, encheu a banheira, e jogou a espuma e os sair de banho, ficou na agua, o colar parecia a manter aquecida, era o colar e não um tipo de magia, ela podia sentir, o segurou com força, em baixo d'água, e agradeceu, por ele não ter a queimado, por manter a agua aquecida e por não se importar com suas lagrimas, como em resposta, a pedra brilhou em fogo por dentro, no meio era oca, e apenas uma chama viva crepitava quando tinha vontade, ela vestiu o roupão, deixou o banheiro molhado, queria procurar um rodo para puxar a agua, não era justo com os empregados do local, mas não achava um, penteou os cabelos e amarrou o roupão, saiu do banheiro sentindo a rajada de brisa fria que vinha da janela aberta, um choque térmico era tudo que precisava, ela parou de supetão, a brisa tinha o cheiro dele, sentiu o estomago revirar, queria correr no sentido oposto, mas foi ate a varanda, não era surpresa, ele estava sentado no parapeito mais um vez, despreocupado, olhando para o bosque que ficava muito depois do jardim
"por que não consegue fazer o que lhe é ordenado?" sua voz estava mais fria, as palavras pareciam uma canção mortífera, ela soube que ele se controlava para não a quebrar no meio, engasgou um pouco antes de responder, e olhou para o jardim, então para o bosque e por fim para ele, encostado em uma pilastra, parecia confortável, talvez dormisse ali, o cabelo um pouco maior, brilhava em contraste com a paisagem, em meio ao céu azul, as arvores e o jardim, do verde mais vivo, as flores que lá em baixo criavam o próprio arco íris, e seu cabelo cor de ônix, os olhos verdes se voltaram para ela, perdendo a paciência, ele contraiu os lábios ao vela de roupão, e balançou a cabeça em negação