Era difícil dizer se ele ainda estava magoado, haviam terminado de curar Matthew e o levariam antes da primeira hora da manha, ele havia a convidado para ir junto, então se encontrariam por volta da meia noite, nas escadas, daria um jeito de os levar ate a Itália, ela não sabia como, Mas era claro que um Deus devia ter suas artimanhas para viagem, assim como Helga podia aparecer onde quisesse e sumir como fumaça no ar, e ela era apenas uma Ninfa, então, Candece se deu conta de que não podia mais ficar surpresa, ou duvidar das coisas que ainda podiam acontecer, Estava acostumada, havia passado um dia inteiro observando matthew no quarto, não havia visto muito, já que vlad sempre o mantinha dormindo, candece ficava angustiada a maior parte do tempo, principalmente quando vlad estava por perto, depois do ocorrido, ele não se mostrava magoado, e usava a forma que sempre havia usado, pele branca, cabelos negros, e olhos verdes, treinavam juntos, duas vezes mais pesado do que antes, e ela não podia deixar de se sentir humilhada, como se fosse uma formiga perto de tanto poder, mesmo assim, ele nunca a olhava nos olhos, e estava sempre distante, não havia voltado a sorrir, não haviam conversado, ele quase sempre a ignorava e negava todos os convites para jantar ou caminhar, por isso após os treinos, ele se trancava no quarto e não saia mais, e candece passava a maior parte do tempo no bosque, onde notava grandes diferenças, era uma inverno rigoroso de fato, mas, os animais pareciam bem, estavam maiores, mais bonitos, o lago ainda se encontrava congelado, as vezes olhava fixamente para a raiz da arvore que havia derrubado e se perguntava como a vida dela havia mudado para isso, outras vezes apenas ficava a encarar a foto remendada em que estava ao lado da mae e da irma, gostava da foto, amava na verdade, as coisas tinham sido tão difíceis e as escolhas tao erradas, e sua mae não era o maior exemplo de maternidade do mundo, não sabia nada sobre cozinhar ou cuidar de uma casa, muito menos de crianças, achava que estava lidando com acadêmicos e por isso sempre as obrigava a ler os livros, candece nunca se opusera, quando lia, pelo menos tinha algum assunto para tratar com a mae, e agora era tao inteligente educada que se sentia como se tivesse estudado em um internato, mas, tudo estava mais claro agora, não havia mais uma nuvem negra em sua mente que a puxava para baixo, não existia mais tanta escuridão, agora ela via, não podia criar o esteriotipo de pais perfeitos, porque seres humanos erravam o tempo todo, não podia culpar a mae, nem o pai, nem a ninguém, não podia nem culpar a si mesma, a vida era assim, e pelo que entendia, não dava para voltar atrás, estava de cabeça erguida e sem um grande peso nas costas, não havia chorado, nem sentido tal vontade, podia sentir os olhos brilharem, podia enxergar toda a beleza do castelo, de cada móvel ornamentado em ouro e do teto abobadado que ficava a metro e metros de distancia do chão, todas as cores vibrantes, o vermelho , o verde, o campo repleto de flores, havia visitado tudo, cada cômodo, como se fosse a primeira vez, como podia ter se acostumado com tanta beleza ? Era como estar em um conto de fadas, algo que se leria em um livro, nem se quer sabia que a natureza podia ser tao fascinante, que animais podiam preencher tanto vazio dentro de um coração amargurado, ela havia tentado se aproximar dele, durante um dos treinos lhe dissera que seria maravilhoso se tivesse um balanço na arvore, pensou que pudessem o construir juntos, mas ele apenas lhe disse que era uma boa ideia, e então voltaram a treinar, claro que no outro dia, o balanço estava pronto, feito por cipós verdes e grossos, cobertos de flores, como se a própria primavera o tivesse feito para brilhar em meio ao inverno e a neve, era lindo, ela havia o agradecido, mas ele não pareceu se importar, como podia pedir desculpas depois de ter gritado e implorado para que ele voltasse a sua aparência de antes? Era vergonhoso
Queria pedir, mas, já tinha uma semana, na verdade eram 6 dias, porem, isso não fazia diferença alguma, a barreira que havia sido derrubada por eles, agora estava reconstruída, maior, como se ele tivesse construído um forte ao redor de si, para se proteger de uma guerra, se sentia mal por isso, havia negado a aparência de um amigo que lhe demonstrava carinho e paciência, e isso a tornava o pior tipo de pessoa, nunca mais haviam conversado, ela acordara na próprio quarto, na cama, sozinha, e ele a evitava sempre que preciso, Era como se não se conhecessem, não a olhava nos olhos, e ate mesmo o verde florescente dos olhos estava quase pardo e sem vida, havia o decepcionado tanto assim ? Claro que não havia o achado feio, era muito pelo contrario, apenas, era grandioso demais para olhos humanos, entendia perfeitamente agora, o porquê os humanos não deveriam ver Deuses ou qualquer outra criatura, ver, escutar, atormentaria ate a alma mais bondosa da terra, cada ser devia existir em seu plano, por alguma bondade que talvez existisse no feiticeiro, Haziel havia deixado que ela lesse um de seus livros, que falava sobre a divisão dos planos, era isso que estava fazendo, havia mentido, dito a Helga que estava indisposta e não sairia da cama, assim seria poupada de lutar e almoçar com alguém que a ignorava por completo, e que pior, tinha razão para fazer tal coisa, por isso estava deitada na cama, coberta por lençóis e travesseiros fofos, com o livro em mãos e uma xicara de chá, teria pedido um chocolate quente, mas não faria, porque isso fazia com que ela se lembrasse dele, e de como havia acordado com chocolate quente seco no rosto, dando a impressão de um bigode, não queria pensar em tais coisas, por isso o livro a ajudava, não era nada mais que historias, contos sobre Deuses que pregavam peças em humanos, Deuses que preferiam a humanidade ao seu próprio povo, guerra entre espécies, e muitas outras historias que haviam contribuído para afastar a humanidade dos Deuses e punir aqueles que ousavam se relacionar entre espécies. Ao ler, candece admitia que não era absurdo algum, era melhor assim, mas, as historias eram sempre tristes e cheias de mortes, acabam tão ruins para ambos os lados, ela fechou o livro e o escondeu em baixo dos travesseiros, ouvia passos na escada, não sabia como, ou quando, havia se tornado tão capaz de escutar ate os mínimos ruídos, mas escutava, e pelo som dos passos, sabia que era Helga e que a mesma trazia uma bandeja pesada, nem se quer bateu na porta, foi logo entrando, segurando uma bandeja e empurrando um carinho de metal, ou talvez fosse ouro, candence preferia não saber, Helga a encarou de cima a baixo e resmungou algo para si mesma