Ela estava nas escadas muito antes da meia noite, tomou banho, ficou horas tentando arrumar o cabelo, no fim havia feito apenas deixado solto, enrolado a franja para cima,uma diadema de ouro se encontra entre o cabelo e a testa, vestido as mesmas roupas de couro de sempre, mas então pensou que veria a familia, e nao queria estar vestida Como em todos os dias, trocou de roupa, um vestido branco esvoaçante, que deixava as pernas de fora, a alças prateadas brilhavam na noite, e sandalias se entrelaçavam na perna como a raiz de uma arvore, coberta de folhas douradas, não tinha nada consigo, apenas suas joias de sempre, as quais nunca tirava, o amuleto, o anel, e a pulseira que ele lhe dera no natal, tinha ficado um pouco fora da razão quando jogou o bracelete que Alaquias havia lhe dado, na verdade, tinha o arremessado pela varanda, afinal, ele havia fugido, e a deixado, por isso Candece estava cada dia mais fadada a acreditar em apenas um tipo de amor, o que sentia por sua família, fora isso, talvez as coisas não passassem de atração física, desejo, ou luxuria, embora as pessoas sempre quisessem dar mais valor aos seus atos do que eles realmente mereciam, por sorte, sempre havia pensado assim, e nunca havia esperado grande coisas do amor, não era para ela, nem mesmo na juventude ela desejava conhecer o prazer carnal, era algo banal, e sempre parecia ter tantas outras coisas para fazer, como cuidar de sua mãe e de Rebeca, ou ler um livro, agora se sentia presa na própria teia de aranha, sabia usar a beleza ao seu favor, mas, todos que ela conhecia no castelo eram bonitos quanto ou mais, e não conseguia usar isso com eles, não se sentia apaixonada por Nick, embora tivesse ficado triste ao ver com outra, mas, nada que partisse seu coração, apenas uma mera decepção, mas, quando soube que ele havia a feito lutar, que ele mentiu, e escondeu seus desejos reais, isso tinha partido seu coração, então percebeu, era fácil confundir sentimentos, o apreço que sentia pela gentileza que ele tinha com ela, era apenas gratidão, talvez amizade, e partia o coração ser traída por alguém que se estima. No caso de Alaquias ela pensava diferente, existia uma atração, algo que não podia controlar, que lhe doía a carne e fazia o coração rasgar o próprio peito, isso era o que ela não conseguia dizer para Vlad, ele estava convencido de que podiam ser algo mais, mas, ela sabia que não seriam e não tinha coragem de lhe contar, nos últimos dias havia passado a desejar que tudo fosse diferente, que nada fosse complicado, sabia diferenciar amor de desejo, mas, não sabia diferenciar o que sentia por um certo alguém de olhos verdes, com ele não dava para brincar, bancar a durona, ou esconder as lagrimas, com ele não precisava ser educada ou feminina, podia ser quem era, usar a palavra suja que desejasse, e ele ainda iria rir de sua cara, podia o bater, brigar, e mesmo assim ele não parecia se abalar, ou de fato se importar, isso a atormentava, havia pensado o pior dele por tanto tempo, que agora não sabia como proceder em tal relação, era fácil o observar, ela poderia fazer o dia todo, e ele podia se exibir sem se importar se estava ou não sendo observado, como se fosse da sua natureza ser admirado, era engraçado, ele tinha um certo humor escondido por trás dos trejeitos que esbanjava, por trás de tanta elegância contida, e ela adorava, e queria que voltasse a ser assim, sentou-se na escada, esperando por ele, sabia que ele não olharia em seus olhos, muito menos falaria algo divertido, Onde estava sua confiança? Alguém como ele, devia ser confiante o tempo todo, era o mais poderoso dos Deuses, o mais bonito e inacreditavelmente majestoso, porque ele precisava da aprovação de uma garota? Isso era tão estranho, nunca havia magoado ninguém antes, e uma parte maligna lhe dizia que ele merecia sofrer, mas, não podia brincar com tais coisas, ao olhar nos olhos dele, ela soube que era uma ferida antiga demais, dolorosa, e ele haviam ajudado de um jeito torto, inconsequente, mas havia cuidado dela, em mente e espirito, em corpo e alma, havia consertado algo que nem se quer sabia que estava quebrado, e ela não podia pisa-lo depois disso, não seria justo. Respirou fundo, abraçou as pequenas pilastras de madeira esculpida que erguiam o corrimão adornado em ouro e pedrarias, o tapete vermelho aveludado que cobria a escada, com figuras de Deuses, símbolos de divindades, de amor, elementos, era tao estranho reconhece-los, quando chegara ao castelo, para ela não passavam de desenhos idiotas, e agora podia entender que o tapete contava uma historia, que os símbolos formavam frases, agora tudo parecia tão natural, como se fosse seu mundo, ela alisou um símbolo triangular que representava a trindade, e então uma arvore enraizada, que era vida, "acho que não existe mais nada daquela garota" ela disse para si mesma enquanto tocava o tapete, tirou a mão do tapete e a sacudiu no ar, parecia formigar, uma rajada de ar atingiu as paredes, fazendo alguns quadros caírem, ela olhou para trás, ficou de pé, as janelas estavam fechadas, de onde tinha saído tal coisa? Olhou para as próprias mãos, tinha feito aquilo, conduzido o ar daquela forma, apenas por sacudir as mãos no ar, se agachou novamente e colocou a cabeça entre os joelhos, constatou por fim "Não! Não existe mais nada daquela garota"