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     Acordou sozinha,no meio da noite; o calice dourado caido sobre a cama,  repleto de simbolos antigos, triplices e aspirais,  nao sentia dor de cabeça, pelo contrario,  sabia que nao havia dormido muito, pois ainda era noite lá fora, mas o corpo estava relaxado, assim como a mente,ela notou o desnível na cama e o seguiu com os olhos, entre a noite e as poucas velas que ainda brigavam para se manterem acesas, viu um amontoado de cabelos pretos sentado em sua cama, a camisa rasgada, suja de sangue, parecia suado, candence sentou rapidamente
"Está machucado?" Perguntou procurando uma vela para iluminar a seu rosto, queria o ver, precisava, não sabia porque, e se estivesse machucado também não saberia o que fazer, talvez se curasse, não era humano; disse a si mesma que não devia se preocupar, então se afastou um pouco e esperou a resposta
"Tomou o vinho" ele disse pegando o cálice pesado,não respondeu o que ela havia lhe perguntado
"Tomei" ela respondeu tomando o cálice de sua mão "muito agradável "
" sabe o que poderia ter acontecido?"
"No momento não pensava em nada"
"Estúpida"  ele riu com escárnio "  burra"
"Vejo que está bem" ela balançou a cabeça se sentindo realmente burra pela ligeira preocupação que teve
" não se preocupe, não é o vinho das lendas, é  apenas um sonífero " ele a olhou, ela sabia do que vlad falava, Cernunnos era conhecido, suas lendas percorriam o mundo, um Deus antigo e poderoso, pai de tudo e todos, a quem ele oferta-se seu vinho, o ventre se encheria de frutos dados pelo Deus verde, o homem da floresta
"Nao tive tempo para me preocupar" ela disse ao se afastar, parou ao perceber que ele a olhava com raiva
"Mas podia ser, então porque o bebêu?  Esta tão desesperada assim para perder sua pureza?"
"O que ?" Perguntou  sem entender " do que está falando? Eu tomei por engano, estava nervosa " explicou - se sem ao menos entender porque o fazia "e pode acreditar, não estou desesperada" afirmou com raiva e negação
" ótimo" ele grunhiu em resposta
" por que tudo isso?" Ela quis saber, as portas da varanda estavam fechadas, nunca antes tivera as fechado, mas ele fechou
" voce tem que treinar, nao pode só ler livros, tem que aprender a se defender, magia simples, resistência, não quero ser obrigado a cuidar de um bebê "-
"Nao sou um bebe" ela gritou " Farei o que for preciso"
"Esse nariz empinado depois de tanta coisa, tem sorte por não o quebrar"
"Então quebre"  ela grunhiu "me bate, pode me punir por não ser o que quer que eu seja"
"Você é a humana mais idiota que já conheci"
" e voce estraga totalmente a visão maravilhosa que eu já tive dos Deuses "
"É  um prazer desaponta - lá"

" acham que devo dividi - lá com eles"  respondeu se encostando com dificuldade na pilastra de madeira que levava ao Dossel, estava machucado, a dor era visível em seu rosto " existem profecias sobre a chave, que ela libertaria todos os Deuses banidos, muitos a procuraram, por toda a eternidade, meus irmãos também "
"Nao sou Essa droga de chave "
" ainda não sei o porque é você e não um objeto mas sei que é você" ele levou as mãos aos cabelos e encostou os cotovelos nos joelhos, a olhou de lado
"Então  sou um prêmio?" ela negou a si mesma, não podia pensar nisso " corro perigo?  Outros me querem?  Morta ou viva? Eu não sei o que fazer, não sou uma chave, não sei abrir nada" resmungou voltando a se encolher na cama tremendo de ódio
"Você é só uma humana chata " ele disse para si mesmo "se souberem o que é, aí sim será um prêmio, lhe colocaram em uma coleira e a exibiram para outros Deuses"  ele a olhou deitada nos lençóis brancos, não era mentira o que dizia, tinham o costume de criar humanos como animais,  e ela seria o animal ideal
" como sabe que fariam isso?"
"Sei do que são capazes"
" eu me mato antes " ela respondeu voltando a sentar na cama  " eu prefiro morrer"
"Sei disso" ele respondeu parecendo não se importar se aquilo aconteceria ou não  "por isso preciso que confie em mim, independente do que lhe digam,  entendeu?"
Ela balançou a cabeça
"Diga que entendeu" ele ordenou
"Entendi" ela respondeu deixando os ombros caírem em um suspiro " e depois? Ninguém virá atrás de mim?"
" não se importe com o depois, eu estou aqui não estou?" ele voltou a se encostar na cama, ela levantou e tomou sua frente, puxando a camisa rasgada que estava molhada de sangue
"Fui atravessado algumas vezes" ele disse ao ver o espanto nos olhos dela, marcas de espada; perfuraram seu peito e abdômen, mas não saia sangue, roxos e veias pareciam constelações em vários pontos proeminentes do corpo " não sangro embora doa muito"  ele lhe disse
" e os outros?," ela perguntou ainda atordoada pela aparição dos outros irmãos, pelas feridas letais que via, embora ele estivesse sentando em sua frente conversando
"Piores"
Foi toda a resposta que obteve, candence jogou a camisa na poltrona e se sentou ao lado dele, respirando fundo
"Farei isso, não deixarei que me peguem, vou confiar em você porque não tenho outra opção, me mantenha viva e me de o que lhe pedir ao fim, e farei o que for, acima de qualquer pacto"  ela lhe disse olhando fixamente para as portas francesas que trancavam a varanda transformando o quarto em um breu abafado

Chama-me do que QuiserOnde histórias criam vida. Descubra agora