Capítulo 13 - Contagem Regressiva (Parte 3)

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Becca gemia de dor no porão. Um gemido ocultado pelo isolamento acústico.

Enquanto isso, Alex e Violet lidavam com o policial. 

-Boa tarde, sr. Cruz. - disse o homem. Fardado, de cabelo ruivo e crespo em corte militar, que se estendia em uma barba espessa, ele era encorpado. Qualquer um que o visse na rua, mesmo sem a farda, se afastaria uns dois metros. O cara era um brutamontes, parecia que vivia malhando na academia, estava em muito boa forma para um homem perto dos cinquenta. Aquele policial era capaz de meter medo. Parecia ter saído de um filme antigo. - Sou o Sargento Graham, da 17a.

-O que o traz aqui, Sargento? - Alex perguntou. Violet se colocou à frente da porta do armário que dava para o alçapão do porão.

-Estou procurando uma mulher que desapareceu sem deixar rastros.

-Vocês não têm equipamentos de busca mais modernos? Reconhecimento facial por câmeras? Posso providenciar financiamento se for o caso...

-Não é necessário, sr. Cruz, mas agradeço a gentileza. Nós temos tais recursos, mas eles se provaram bastante ineficazes. Além disso, nessa região mais distante da cidade, não existem câmeras que possam ser aproveitadas pela polícia. A maioria é de caçadores, propriedade privada, a maior burocracia. Enfim, nós acreditamos ser mais eficaz procurarmos à moda antiga, de porta em porta. - Ele enfiou a mão grossa em um dos bolsos e puxou um smartphone. Era uma cena meio tosca, um brutamontes gigante mexendo em um aparelhinho pequeno. Bom, o celular era um top de linha de tela grande, mas parecia bem pequeno nas mãos do Sargento. Ele deu uns toques na tela e a virou para Alex. - Reconhece essa mulher? O nome dela é Rebecca Myers.

Era o que Alexander mais temia que acontecesse. Que um policial batesse à porta e lhe perguntasse sobre Becca. Alex teria que mentir, mas ele já esperava isso. Só não sabia que o policial que aparecesse em sua porta seria justamente um Sargento, com provavelmente mais de trinta anos de experiência nas ruas. o Sargento Graham sabia muito bem como identificar mentirosos, até mesmo aqueles que praticamente nasciam para mentir, de tão bons que eram. Não seria nada fácil para Alex sair daquela. Por mais insano que fosse, ele não poderia lidar com Graham em nenhuma situação. Um soco bem dado do Sargento já era suficiente para nocauteá-lo.

Ele fingiu analisar a imagem que o Sargento mostrava, coçando o queixo com a mão direita e franzindo o cenho. Por fim, disse:

-Não... Não conheço.

O Sargento já sentia o cheiro de uma mentira. Seus olhos buscavam constantemente sinais corporais, que ele aprendera a identificar com o passar dos anos. Mas ele sabia jogar esse jogo.

-Tem certeza? - aí vinha a parte que os policiais usavam a mentira como um trunfo. Graham usava muito aquilo para ver a reação dos interrogados e tentar identificar sinais corporais que evidenciassem a mentira. - Nós recebemos uma denúncia anônima que indicava que Rebecca Myers foi vista por aqui.

A voz firme e confiante do Sargento quase fez Alexander vacilar. Ele próprio tinha tomado conta de todos os mínimos detalhes, não sabia como alguém poderia ter visto ele.

-Absoluta certeza, Sargento. - Ele deu mais uma olhada na foto de Becca, fingindo tentar reconhecer, mas sem sucesso. - Tenho certeza de que me lembraria de um rosto desses.

Um alerta soou na mente de Graham, como se dissesse "É ele! É ele! Prenda-o imediatamente!".

Então o lado policial racional trouxe de volta a razão à sua mente. 

"Não... Não sem um mandado de busca primeiro. Preciso ter certeza, não só especular".

-Bom... Muito obrigado pelo seu tempo. - Graham acenou com a cabeça para Violet, que sorriu simpaticamente, e apertou a mão de Alexander. - Perdão pelo incômodo, e se souberem de qualquer coisa, por favor entrem em contato com a polícia.

Mente Insana, Corpo InsanoOnde histórias criam vida. Descubra agora