O barulho da chuva foi amenizado pela casa. Alexander Cruz arrastava Rebecca pelos cabelos. Ela implorava por liberdade, por piedade, por misericórdia. Mas aquele era um psicopata que não se importaria em matar para conseguir o que queria. Não se importaria com um corte aberto no baixo abdômen. Ele faria qualquer coisa para atingir seu objetivo.
Rebecca ainda tinha energias. Ainda tinha forças. E as usava para tentar se libertar, ao passo que esperneava e se sacudia, enquanto Alexander a levava para um quarto. O quarto no final do corredor. Logo ela se lembrou do sonho que tivera, e o desespero mais uma vez se fez presente. Não sabia se ali teria uma guilhotina, se teria uma parede cheia de aparelhos de tortura... Se encontraria uma sósia sua com a cabeça decepada... Mas ela sabia que o que aconteceria em breve naquele quarto, sendo o que fosse, seria ruim.
Só não sabia que seria o início de seu fim.
Alexander abriu a porta do quarto e acendeu a luz. Era, de fato, uma masmorra. As paredes eram de pedregulhos envelhecidos, cobertos por um musgo esverdeado, mas possuía, diferente da prisão onde fora colocada, iluminação elétrica. Confesso que uma lâmpada amarela no meio do teto, dentro daquela sala, trouxe uma tonalidade tosca, que não conseguia ofuscar o ar sombrio e macabro que aquela sala trazia.
No centro, ao invés de uma guilhotina, havia uma mesa de madeira aparentemente adaptada para a tortura. Ela estava inclinada e tinha segmentos de placas de madeira para aprisionar as mãos, ao passo que dois suportes maiores e mais suspensos erguiam as pernas. Ela não fazia ideia do que Alexander faria com ela... E não queria nem sequer descobrir.
-NÃO! - Becca gritou em desespero. - NÃO ME MACHUQUE, POR FAVOR!
-Eu não tenho outra escolha, Rebecca. Você não me deu outra alternativa. Espero que possa me entender.
Suas palavras pareciam carregar um sentimento, mas ele as pronunciara como um robô que repete um texto programado. Isento de emoções humanas. Ele parecia apático. Frio. Não humano.
Ele a ergueu pelos cabelos e ela gritou. Chutou e esperneou, mas não conseguiu se livrar de seu opressor. Seu couro cabeludo doía de tantos puxões, e já começava a sangrar. Alexander a atirou na mesa, a forçando a se encaixar feito uma luva, e desferiu um poderoso soco na boca de seu estômago. O ar foi embora de seus pulmões por poucos segundos, e o corpo de Rebecca se forçou a não resistir.
Cruz aproveitou o momento de fraqueza para algemar os pulsos de Becca nas tábuas. Ele ergueu as pernas e as aprisionou nas plataformas elevadas. Então ele sumiu de seu campo de visão, deixando tudo no mais absoluto silêncio. O coração de Rebecca pulsava forte no peito com a mais ínfima ideia do que poderia acontecer ali. Com as pernas erguidas e algemadas, assim como os braços, Becca se sentia vulnerável, fraca.
Alexander Cruz apareceu novamente, portando uma focinheira aparentemente adaptada para seres humanos. Assim que ela percebeu, se desesperou.
-NÃO! NÃO ALEX! POR FAVOR, NÃO!
Tudo o que sua rebeldia lhe garantiu foi mais um soco de Alexander Cruz, que a deixara atordoada o suficiente para que ele prendesse seu maxilar. O incômodo de não conseguir abrir a boca era agonizante e perturbador. Ela se debatia e tentava, sem sucesso, gritar, mas tudo o que saía de sua garganta era um agudo desafinado, abafado e desesperado.
Uma alavanca foi puxada por Alexander, e a mesa se inclinou mais ainda, se tornando quase vertical.
-Quero que olhe para mim. Bem no fundo dos meus olhos. - Ele se aproximou perigosamente, forçando Becca a recuar para lugar nenhum e virar o rosto, apertando os olhos. Alex agarrou seu queixo e o forçou para frente. - OLHE PARA MIM!
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Mente Insana, Corpo Insano
Mistério / SuspenseBecca vive uma vida normal em seu trabalho de garçonete em uma lanchonete de Nova Iorque. Solteira, jovem, trabalhando ao lado de sua melhor amiga e recebendo um salário mínimo... Tudo parecia se encaminhar dentro dos conformes, até que em uma bela...