Capítulo 18 - Esclarecimentos

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-Então você é avó da minha melhor amiga... E uma agente secreta?

-Não force a barra, querida. - ela bebericou um pouco do chá que ela mesma trouxera em uma garrafa térmica na bolsa. Não pareceu se incomodar com a temperatura. - Eu não diria que sou uma agente secreta. Eu não trabalho em nenhum serviço secreto de espionagem tipo o FBI ou algo assim.

-Então... O que você é? - perguntou Camilla. Isso tudo se passa na casa de Camilla, pouco antes do encontro com o detetive e com Ramón na lanchonete.

-Digamos que eu não seja apenas uma avó que assa biscoitos e visita a neta sempre que pode. Lembre-se que não estaria contando isso se a situação não fosse extrema. Com Becca sequestrada, preciso me livrar do meu código de sigilo e contar isso pra quem precisa saber. Isso inclui você, seu amigo Ramón e o detetive que ele contratou.

-Ramón contratou um detetive? Espera, o que ele tem a ver com isso? Ele nem se importa tanto assim com Rebecca.

-Ah, ele se importa. É pago pra se importar. - Ela abriu um pote com biscoitos de chocolate, comeu um deles e ofereceu a Camilla. Ela recusou.

-Como assim? Pago?

A Sra. Myers respirou fundo, como se pedisse paciência e sabedoria a Deus para que ela pudesse contar o que estava prestes a contar da melhor forma possível. Mas independente de como ela contasse, Camilla ficaria em choque.

-Certo. Escute bem e não me interrompa. Ramón é meu subordinado. Contratei ele dois anos atrás para vigiar Rebecca. Foi mais ou menos quando eu soube que ela estava correndo perigo. Tudo o que ele fez até então foi a mando meu. Atitudes, comportamentos... Tudo isso foi eu que mandei ele fazer. Eu o contratei para atuar e se disfarçar, e para isso tinha que ser como a maioria dos caras bonitos e sarados são. Idiotas. Mas já adianto que ele não é nada como o estereótipo dita. Enfim, eu o contratei para vigiar e proteger Rebecca. Mas, como sabe bem, ele falhou. Estava distraído com você naquele dia. Bem distraído, se posso dizer.

Camilla travou. De repente, começava a se sentir culpada. A Sra. Myers, felizmente, entendia muito bem e não a culpava.

-Não se culpe, querida, você não sabia. Não tinha como saber. O erro foi de Ramón. Mas eu também entendo o lado dele, e ele não será punido gravemente. O importante da história toda é que agora temos que encontrá-la, e eu não sei onde ela está.

-Mas... Eu não entendo. Porque Becca estava em perigo? Quem estava atrás dela? E porquê estavam atrás dela?

-Você entenderá tudo, eu prometo. - ela olhou para o relógio de parede de Camilla. - Agora temos que ir. Vamos nos encontrar com Ramón e o tal detetive, e temos que ser rápidas. Mas, antes, cheque suas mensagens.

Camilla ligou o celular, e encontrou uma mensagem de um número desconhecido. Era um vídeo. O vídeo da câmera de segurança da lanchonete que flagrava Bobby Gordo com a garçonete. Quando ela, enfim, ouviu o áudio... Se horrorizou. Uma lágrima riscou sua face esquerda.

-Ele... Ele...

-Enxugue suas lágrimas querida. -  a avó de Becca estendeu a mão livre e limpou o risco de lágrimas de sua bochecha - Se vista direito e ponha uma maquiagem. Você precisa parecer firme e tem que soar poderosa. Vai colocar um estuprador pra correr com o rabo entre as pernas e fazê-lo dar o que o detetive quer.

Camilla fez o que ela disse. E, sabiamente, ouviu atentamente ao que a Sra. Myers tinha a dizer. Afinal, ela não era uma simples avó. E sabia das coisas. Toda a experiência que ela tinha servia de muita coisa, mas ela mesma já havia nascido com uma certa inteligência acima da média.

Não se preocupem, leitores. Vou lhes contar outra história que os fará entender melhor tudo o que está acontecendo. 

E preparem-se... Essa história é insana.

Mente Insana, Corpo InsanoOnde histórias criam vida. Descubra agora