02.

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Pov Sue.

Ontem foi um dia conturbado, a sensação de ver Emily após 10 anos certamente é algo que mexeu comigo. Nunca imaginei que a veria de novo, preferi guardar todo o rancor e mágoa.

Mas ontem eu vi ela e tudo o que eu queria era abraçá-la. Naquele momento todas as lembranças que um dia me fizeram sentir ódio haviam sumido. Por milésimos de segundos era somente ela e eu naquela sala enorme.

Mas então ela gritou comigo e todo o brilho se apagou de meu olhar. Aquela já não era a minha Emi, tampouco a Emily antes da faculdade. Austin a tirou da sala e senti meus olhos arderem e meu rosto queimar. Corri para o banheiro afim de secar as lágrimas que insistiam em cair.

Emily jamais quis saber meu lado da história, preferiu se agarrar a um "mal entendido", algo que me pegou completamente de surpresa, do que acreditar em mim, que há amava mais que tudo nesse mundo.

Seco minhas lágrimas e volto pro jantar, Emily havia subido pro quarto. George queria levar um jantar para ela mas eu insisti em levar, mesmo sabendo que ela poderia arremessar a bandeja na minha cabeça. Pego a bandeja e saio de fininho sem que Austin perceba. Para a minha sorte George é o melhor amigo do mundo e me dá cobertura puxando Austin para um canto isolado.

Bato na porta uma, duas, três vezes e ela não respondia, presumo que a mesma pegou no sono, afinal passou horas dentro de um voo.
Entro sem fazer alarde e coloco a bandeja na mesinha de frente a janela. Paro por um segundo na porta e observo o quarto onde fui tão feliz um dia, observo Emily que aparentava dormir tranquilamente e percebo um sorriso em meus lábios.

De repente as lágrimas voltam a cair, saio rapidamente do quarto de Emily e vou para o de Austin. Tomo um remédio para ajudar no sono — eu não posso aguentar mais nenhum tipo de emoção no dia de hoje — me deito na cama e apago em poucos minutos.

+++

Acordo e percebo que Austin não está na cama, seu lado está intacto, sinal de que não dormiu comigo. Isso seria um problema se eu fosse uma mulher ciumenta, mas Austin tem mania de dormir junto com o George e eu particularmente acho isso fofo.

Sei que é errado ser assim, mas não amo Austin dessa maneira, só que tudo aconteceu tão rápido que não tive tempo de processar tudo o que eu sentia e acabei aceitando o pedido de casamento.

Reflito mais um pouco sobre todos os meus pequenos erros durante um banho demorado.
Visto um short jeans e uma regata e desço para o café da manhã.

— Afff. Ela ainda tá aqui — ouço Emily murmurar da cozinha.
— Querida, ela é noiva do seu irmão, tente ser mais razoável — ouço a mais velha da casa falar.

As ignoro e caminho até o jardim, mas ao percebe que ainda posso ouvir a discussão resolvo ir um pouco além e caminho até o pomar, um lugar que certamente me trás inúmeras lembranças.

Fico sentada por cerca de 30 minutos na árvore quando avisto um busto feminino caminhando em minha direção e logo percebo ser Emily, sorrio instantaneamente.

— só vim te trazer uma fruta — ela diz esticando o braço — Mamãe disse que você levou meu jantar e quis retribuir a gentileza.

— Obrigada? — digo pegando a maçã em sua mão — Emi... será que podemos conversar?

— Agora? A gente tá se arrumando pra passar o dia na praia, Susan — ela me fita por inteiro — mas depois pode ser que sim — sai rapidamente antes que eu possa dizer mais alguma coisa.

— Ok, Sue, você só tem uma chance pra explicar a ela o que realmente aconteceu naquele dia, não falhe — digo a mim mesma enquanto como a maçã.

+++

Depois que todos se arrumam para a praia, vejo Austin chegando em casa, ele e George estão com uma felicidade jamais vista por mim, pergunto o motivo mas eles não contam então resolvo revelar.

Todos se acomodam em seus respectivos carros exceto por Emily e eu — que ficamos sem vaga — agradeço George mentalmente por ter conseguido convencer Austin a ir no carro dele, assim Emily seria obrigada a ir comigo e me ouvir — isso se ela não se jogar do carro em movimento.

+++

Já na estrada, ligo o rádio para quebrar o silêncio avassalador daquele ambiente.

— Emily eu... — sou interrompida por ela antes de continuar.

— Agora não, Susie — Susie, como eu senti falta de ser chamada dessa maneira por ela — hoje eu quero me divertir um pouco, pode ser?

— ok — é tudo o que digo antes dela aumentar o volume do som ao máximo.

Para a minha sorte — ou não — a música que começa a tocar era uma das favoritas minha e da Emi.

PLAY: In My Corner — ELHAE.

— Found someone in my corner, that loves me a lot — Emily começa a cantarolar

And sees the real me, and not just a star — completo a letra.

Seguimos cantarolando até chegar onde costumava ser nossa parte favorita da música, de repente Emily congela, não consigo entender o que ela está imaginando agora mas suponho que não seja coisa boa.

— I think I love you — a música diz e então desligo o rádio num momento de impulso.

O restante do trajeto foi feito em silêncio total.

+++

Emily não me disse sequer uma palavra durante todo o dia e aquele silêncio estava me preocupando. Sei que ela me odeia e que, se pudesse, me jogaria no fundo do mar amarrada em uma âncora.

Na volta Austin faz questão de vir no carro comigo, talvez tenha percebido o clima estranho que ficou, ele sempre tentava me agradar desde que era meu produtor musical.

A pior parte da noite viria a seguir: Emily fará um discurso de madrinha de casamento durante o jantar, algo me diz que ela vai tirar dos cachorros e colocar em mim.

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Whatever You - EmisueOnde histórias criam vida. Descubra agora