Pov Emily.
Eu não consigo absorver tudo o que acabei de ouvir. Como assim ela gostava de mim esse tempo todo? Como assim o Ben armou aquela cena? Eu preciso tirar isso a limpo e é por isso que saio sem dizer nada.
Para a minha sorte, Ben nunca saiu da cidade, ele nunca deu certo no beisebol e tampouco se casou. Se tudo der certo vou encontrá-lo sozinho em casa.
Toco a campainha e para minha sorte bem abre em seguida.
— Emily? — ele me diz aparentemente surpreso.
— Eu sei de tudo, Newton. Como você teve coragem?
— Emily, do que você tá falando? — ele me toca
Nesse momento perco minha cabeça e defiro um soco certeiro em seu rosto. Ben cai e eu continuo socando ele sem parar. Chuto suas costelas e continuo batendo em todas as partes possíveis. Em seguida ligo para a ambulância anonimamente e digo que encontrei um homem sendo espancado.
Saio do local rapidamente e as lágrimas começam a surgir, a dor das minhas mãos inchadas nem se comparam a dor que cerra meu coração.
— BURRA BURRA BURRA BURRA — repito para mim mesma enquanto corro até o aeroporto.
Abro o whatsapp
Eu: Janie eu preciso que você cuide da Martini pra mim por uns dias, aconteceu uns imprevistos e vou precisar voltar para o trabalho imediatamente.
Fecho o whatsapp
Em seguida ligo para meu chefe, Sam, e peço que me deixe trabalhar remotamente por um tempo, eu não me sinto bem e não estou em menor condição de ver ou falar com alguém por tão cedo.
Consigo uma passagem de última hora e nem me importo com o valor absurdo que me foi cobrado. Eu só preciso sair daquele lugar.
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Já se passaram três semanas desde que eu saí de lá, nesse meio tempo eu não falei com ninguém, apenas revisei alguns livros que o Sam fez questão de trazer pessoalmente aqui em casa.
Eu quero muito falar com Susan, mas não posso e nem vou interferir no seu casamento, que por sinal está muito próximo — e infelizmente eu sou a madrinha.
De repente sinto um turbilhão de pensamentos me invadir e sei exatamente do que preciso: papel e caneta. Sento de frente a minha mesa e fecho meus olhos, deixo meus pensamentos fluírem e então sinto minha mão começar a escrever.
Eu tenho somente um pensamento, Susie, nessa tarde de junho, que é você, e apenas uma prece; querida Susie, que é para você. Que eu e você de mãos dadas, como é com o coração, perambulamos por aí feito crianças, por entre bosques e campos, e nos esquecemos desses anos todos, e dessas preocupações tristes, e nos tornamos crianças de novo – quem dera assim fosse, Susie, e quando olho ao meu redor e me encontro sozinha, suspiro por você outra vez; um suspiro curto, suspiro em vão que não vai lhe trazer para casa.
Preciso de você mais e mais, e o mundo imenso se torna mais vasto, e entes queridos se tornam mais raros, a cada dia que você continua fora – sinto falta do meu coração maior; o meu próprio vai vagueando por aí, e chama por Susie – os Amigos são queridos demais para se separarem; Oh são raros demais, e quão cedo eles se vão lá onde você não pode encontrá-los, não nos deixe esquecer dessas coisas, pois lembrá-las agora vai nos salvar de muita angústia quando for tarde demais para amá-los! Susie, me perdoe, Querida, por cada palavra que digo – meu coração está repleto de você, há apenas você em meus pensamentos, no entanto quando procuro lhe dizer algo que não vale o mundo todo, as palavras me faltam. Se você estivesse aqui – e Oh se você estivesse, minha Susie, não precisaríamos dizer nada, nossos olhos iriam sussurrar por nós, e sua mão firme na minha, não recorreríamos à linguagem – tento lhe trazer para perto, eu persigo as semanas afora até que elas tenham partido, e imagino sua chegada, e estou a caminho pela trilha verde para lhe encontrar, e meu coração a tamanho galope que terei problemas para trazê-lo de volta, e o ensino a ser paciente, até que a Querida Susie chegue. Três semanas – não podem durar para sempre, pois com certeza elas precisam partir com seus irmãozinhos e irmãzinhas de volta a seu lar distante no oeste!
Devo ficar cada vez mais impaciente até que esse lindo Dia chegue, pois até agora, eu apenas estive de luto por você; agora começo a esperar por você.
Querida Susie, eu me esforcei para pensar em algo que você iria adorar, em algo para lhe mandar – e no fim das contas vi minhas pequenas Violetas, elas me imploraram para que as deixasse partir, então aqui estão – e junto delas como Instrutor um pouco do gramado cavalheiro, que também implorou pelo favor de acompanhá-las – elas são apenas pequenas, Susie, e temo que sem perfume agora, mas elas vão lhe falar de corações acalentados em casa, e de algo leal que "nunca dorme ou dormita" – coloque-as sob o travesseiro, Susie, elas vão lhe fazer sonhar com céus azuis, e sua casa, e o "país abençoado"! Você e eu vamos nos encontrar com "Edward" e "Ellen Middleton", em algum momento quando chegar em casa, e vamos descobrir se certas coisas a esse respeito são verdadeiras, e, caso sejam, o que é que nos aguarda! [...]
Paro de escrever e então leio tudo o que meu coração resolveu colocar pra fora. Começo a chorar até soluçar e então choro mais um pouco. Choro por horas e horas sem parar.
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Finalmente me sinto bem e disposta a voltar a trabalhar presencialmente. Sam me informa que preciso voltar com urgência para minha cidade natal e o pedido veio em excelente hora, finalmente me sinto bem para falar com Susan. Não quero tirar ela do meu irmão. Posso conviver com ela sendo apenas minha amiga, só não posso ficar mais um segundo sequer longe da minha Susie.
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O meu primeiro dia de volta é muito conturbado, sequer consigo ver Jane e olha que ela é minha parceira no trabalho.
No dia seguinte levanto determinada a ir falar com Sue, resolvo todas as pendências no trabalho e finalmente consigo conversar com Jane e explicar o motivo de eu ter sumido. Pergunto se Sue está em casa e ela me responde que provavelmente sim já que hoje não tem show.
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Tomo um banho rápido e parto direto para a casa de Sue, paro no meio do caminho e compro uma rosa preta para ela, sua favorita.
Ao chegar na casa de Susan vejo que a porta está aberta e resolvo entrar sem bater, esse foi o meu erro.
Ao entrar me deparo com Susan beijando uma loira e as lágrimas caem no mesmo instante.
-- Susie? — digo sem acreditar no que vejo.
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Whatever You - Emisue
FanfictionEmily e Susan são melhores amigas de colégio, mas após um "mal entendido" passam a se odiar e nunca mais se veem. Até que o destino resolve pregar uma peça: 10 anos depois elas se encontram da forma mais inusitada. Susan está noiva de Austin.