Capítulo 8

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"O passado não pode ser alterado, esquecido, alterado ou apagado; ele apenas pode ser aceite." —Desconhecido.

 

P.O.V Alicia

-Então, Bella conta-nos mais sobre a tua carreira de bailarina.

Estávamos todos a tomar o pequeno-almoço em minha casa. A minha mãe, como sempre, ia fazendo as perguntas mais invasivas e supérfluas, enquanto o meu pai, ao mesmo tempo que lia notícias sobre a banca, ia ocasionalmente fazendo pequenos comentários, fingindo-se interessado na conversa.

-Carreira? Eu acabei há muito pouco tempo o curso. Dancei durante três meses na companhia DCA, de Philippe Decouflé, mas foi apenas isso.

-Philippe Decouflé? O Philippe Decouflé? Ó meu Deus! Isso é algo muito grande, Bella! — A minha mãe estava impressionadíssima.

-De facto, foi uma excelente experiência.

-Deve ser um sonho: estar num palco a dançar com centenas de pessoas a aplaudir-nos... - Comentou a Lilian.

-Porquê? Não estás feliz com o teu cargo na empresa? — O meu pai baixou o jornal e encarou a Lilian por cima dos óculos. Ela remexeu-se desconfortavelmente na cadeira e empalideceu.

-Estou, claro pai.

-Talvez possas dançar no baile de amanhã à noite, Bella. — A minha mãe cortou o clima pesado que se havia gerado.

-Baile?

-Sim, Alicia. Amanhã à noite vai haver um baile de máscaras cá em casa. Algo que lembre os bailes da corte dos filmes de princesas.

Ela está a falar a sério?

-A que propósito?

-Desde quando é preciso haver alguma ocasião especial para se fazer uma festa? — Revirei os olhos com a reposta da minha mãe.

Era bem a cara dela dar uma festa só porque sim. O mais provável era encher a casa com pessoas com as quais nunca tinha conversado só para ostentar. Era a típica festa em que apareciam os amigos e os conhecidos e os amigos dos conhecidos e os conhecidos dos amigos... Aliás, era a típica festa à qual não me importava de faltar.

A Lilian saiu com o meu pai para a SeaDeLux e, minutos depois, também eu e a Bella abandonamos a mesa.

-Ah... Alicia. — A minha mãe chamou-me e eu recuei, dando-lhe atenção. — O Adam e a sua família também virão amanhã. Acho que ele adoraria dançar contigo.

Não lhe respondi. Ela só podia estar a brincar! Sai de casa com a Bella e entramos no carro, onde o Alfred já se encontrava.

-Quem é o Adam?

-O Adam é o rapaz por quem a Lilian está apaixonada, mas a minha mãe está a fazer de tudo para me juntar com ele.

-Wow isso é...digno de uma novela.

-Sim é, mas eu tive uma ideia. Isto não pode ficar assim.

-Uma ideia? — A Bella arqueou as sobrancelhas de forma divertida. — Estamos de volta aos bons velhos tempos e aos teus planos malucos?

-Este não é maluco! Vai resultar. Eu conto-te tudo quando estivermos com o pessoal no Coffee Race.

O Alfred olhou-me pelo retrovisor e sorriu.

Este plano era infalível, porque era muito simples. Para além do mais, os meus planos nunca deram errado. Exceto daquela vez em que tentei fugir à socapa a meio da noite com a Grace, mas quando estava a descer pela varanda, tropecei e torci um pé. Ou daquela vez em que tentei trancar o Niall e o Liam num quarto porque eles estavam chateados, mas eu é que acabei trancada e pior: ninguém me ouvia do lado de fora. Ah e também ouve aquela vez...Pronto. Pronto. Talvez, às vezes as coisas não correm como eu as planeio, mas desta vez ia dar certo. Desta vez, tinha de dar certo.

Once in a LifetimeWhere stories live. Discover now