Capítulo 40

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"Tu tens de ter maus dias para poder amar ainda mais os bons." – Desconhecido

P.O.V Alicia

Acredito no alento e no poder regenerador de um novo dia. É como se toda a alegria pairasse no ar ao lado de todos os gases que o constituem e cada vez que o sol nasce fosse enviada para nós assim como a vitamina C. Aliás, é uma vitamina. Vitamina para a alma.

Por isso, quando abri as portas da varanda e fui presenteada com uma bela manhã de verão, senti-me recarregada e bem-disposta.

Desci as escadas, praticamente a correr de uma forma um pouco infantil. Encontrei a minha mãe de pé a falar ao telemóvel e a minha irmã sentada a tomar o pequeno-almoço com o Adam. Ambos mostravam-se bastante animados a olhar para uma série de panfletos que estavam espalhados sobre a mesa entre as panquecas, os cereais e a caneca de sumo de laranja.

-Brasil? Sim senhor, parece-me um bom destino. – Comentei, pegando num dos folhetos de uma agência de viagens.

-Ainda estamos um pouco indecisos...

Completamente alheia à discussão sobre o destino ideal para a lua-de-mel do futuro casal, a minha mãe sentou-se ao meu lado, bufando e levou uma garfada de fruta à boca. Ao princípio deixei-a estar perdida nos seus pensamentos, não dei importância. Passou-se uma semana desde que falámos com o Zayn e, apesar de ela ter acabado por aceitar o facto de ele não querer falar connosco, às vezes deixa-se ir abaixo.

Eu entendo-a. Faço de conta que não me afeta minimamente, mas a verdade é que guardei em mim a pequena esperança de que com o passar dos dias ele repensasse e decidisse vir procurar-nos. Coisa que não aconteceu.

A conversa prosseguia e, agora, ponderava-se uma estadia na praia ou a descoberta de cidade antigas. Um telemóvel tocou e a minha mãe afastou-se de nós, atendendo a chamada.

-Podíamos ir a Positano, onde gravaram aquele filme... "Sob o Sol de Toscana". – Comentou a minha irmã com um ar sonhador.

-É um lugar lindo, sem dúvida!

-Sim, mas imagina-nos a jantar numa praia da Malásia...com tochas e um céu estrelado!

Ambos estavam maravilhados a ver fotografias do destino e eu ri.

-Se eu fosse a vocês, começava a ponderar passar um dia em cada sítio ou então a ficar de lua-de-mel o resto da vida.

-Isso sim era uma excelente ideia! – Brincou o Adam.

A minha mãe regressou e mais uma vez parecia apenas presente em corpo. Na sua testa formava-se uma ruga de preocupação, que provavelmente faria com que ela fosse buscar o creme antirrugas no meio de um ataque de histeria.
Discretamente, cheguei-me mais para a sua beira e perguntei em meio-tom:

-Que se passa, mãe? Parece tão angustiada.

Ela olhou para mim e sorriu meigamente.

-Meninas, tenho algo para vos contar. – A minha irmã e o Adam calaram-se, dando total atenção ao que ela tinha para dizer. – O meu advogado informou-me que há um mandado de prisão para o vosso pai. A polícia anda à procura dele. Parece que abandonou o hotel onde estava...Provavelmente, já sabia que queriam prendê-lo e fugiu.

-Mas porquê? O que é que o pai fez de tão grave? – Perguntei atónica.

Querem prender o meu pai?

-O vosso pai roubou a SeadeLux. Neste momento, a empresa está em risco de abrir falência.

-Isso não é possível mãe!

Once in a LifetimeWhere stories live. Discover now