Capítulo 33

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"Não desanimes se, às vezes, for muito difícil. Tudo vai correr bem e ninguém pode fazer, no início, como quer." –Vicent Van Gogh

P.O.V Harry

Após o fim-de-semana no acampamento, vimo-nos obrigados a enfrentar todos os problemas. Portanto, na segunda de manhã, eu e a Alicia fomos até a uma clínica fazer um teste de ADN, coisa que, sejamos sinceros, já devíamos ter feito à mais tempo. Ambos estávamos desconfortáveis e um pouco assustados também, mas ainda assim decidimo-lo fazer. Era a única solução.
No início da tarde, partimos para Inglaterra sem certezas e com imensas dúvidas.

Esta é a viagem.
Este é o fim ou um novo início.

*

-Tens alguma ideia por onde queres começar amanhã? – Perguntei, olhando para o céu estrelado de SandBach.

-Sim. O melhor é começar pelo Orfanato. Sabemos que o bebé foi entregue lá, logo deve haver registos, documentos, algo que nos dê respostas. – A Alicia espreitou do quarto de banho da pousada com uma toalha enrolada à volta da cabeça. Sorri.

Podia habituar-me a vê-la assim todos os dias.

-Tens razão. E enquanto aos resultados do teste de ADN?- Perguntei, causando um pequeno calafrio na minha pele.

Ela voltou a espreitar, desta vez com os cabelos ainda molhados a contornar o seu rosto e, encostando-se à ombreira da porta, cruzou os braços sob o peito.

-Bem, a minha mãe conhece o Dr.MacMiller e pediu-lhe que tratassem disso com alguma urgência. Ele garantiu que amanhã já saberemos. – Acenei com a cabeça e ela voltou a entrar para o quarto de banho. Minutos depois ouvi o som do secador a funcionar.

Eu permaneci sentado na varanda a admirar as ruas quase desertas do vilarejo, até que senti os braços dela envolverem o meu corpo e um beijo ser depositado no topo da minha cabeça.

-Anda dormir. A viagem foi cansativa e amanhã temos um longo dia pela frente. – Aceitei o conselho da minha miúda e segui-a até à cama.

Deitamo-nos de costas um para o outro e as luzes foram apagadas.

Algo parecia extremamente errado. Cada um estava no seu canto, sem que nos conseguíssemos ver ou sequer tocar. Perto, mas tão longe.

-Harry, não consigo dormir assim! – Ela resmungou no silêncio da noite, claramente incomodada com a situação. Tal como eu, para ser sincero. – Eu não aguento mais...

Ao ouvir a voz dela quebrar-se, depressa liguei de novo a luz do candeeiro e levantei-me , ficando sentado tal como ela com as costas apoiadas na cabeceira da cama.

-É só mais um pouco, está bem? Amanhã vão sair os resultados e vamos, finalmente, poder pôr um ponto final nesta história.

-E se o resultado for positivo? E se tivermos de pôr um ponto final na nossa história?

Eu cerrei o maxilar e passei as mãos pesadamente pelo meu cabelo num sinal claro de frustração.

-Eu não sei, Alicia. Eu não sei. – Bufei e inclinei a cabeça para trás, encarando o teto. – Nós vamos dar um jeito.

-Dar um jeito em quê? Será que tu não percebes que se tu fores meu irmão, não há no que "dar um jeito"? – Perguntou exaltada, fazendo aspas exageradas com os dedos. – Isto pode ser o nosso fim.

"Eu não quero que isto seja o nosso fim", pensei sem proferir.

Ninguém disse mais nada. Ela abraçou o seu próprio corpo e permaneceu estática como eu. Acho que ficamos à espera de algo...talvez de um sinal divino de que tudo iria ficar bem.

Once in a LifetimeWhere stories live. Discover now