Capítulo 28

118 11 4
                                    

"Quando tu danças, o teu objetivo não é chegar a um determinado lugar no chão. É desfrutar de cada passo ao longo do caminho." - Wayne Dyer

P.O.V Harry

-Portanto, começo a fazer o arranjo dos lados para o meio? - Perguntei, olhando muito atento para o que a Dona Betty estava a fazer.

-Sim, Harry. Primeiro o menino coloca as flores à volta e só depois no meio. - Assenti com a cabeça e comecei a repetir o que ela fazia.

Passaram-se duas semanas desde o fim-de-semana em Holmes Chapel com a Alicia. O Verão já chegou a Nova Iorque e já todos temos inúmeros planos para as férias.

Só mais uma semana e estou oficialmente livre!

-Vê, menino Harry? Está a fazer um belo trabalho! - Olhei para o vaso à minha frente e sorri satisfeito depois de o comparar com o da Dona Betty.

Não estava perfeito, é certo. Parti o caule de algumas flores por ter usado demasiada pressão e outras ficaram um pouco tortas. No entanto, ao relembrar os arranjos que eu já tinha feito, aquele estava sem dúvida melhor.

Aliás, assim que voltei de Inglaterra comecei a praticar imenso, pelo que tenho feito muitos progressos.

-Menino, importa-se de ficar sozinho aqui na loja por um momento? - Perguntou a Dona Betty, enquanto eu estava na sala frigorífica a buscar algumas margaridas.

-Claro que não. Vá descansada. - Parei a sorrir, quando encontrei a minha patroa a arrumar alguns cabelos grisalhos que teimavam em fugir do perfeito puxo. - Tem um encontro marcado, Dona Betty?

-Ora que tolice! Eu lá tenho idade para essas coisas! - Ela riu com as bochechas levemente avermelhadas.

Pousei as flores na bancada de mármore e prendi o meu cabelo com um elástico, evitando que eles viessem para a minha cara.

-Não há idade para o amor, você sabe disso - Senti-a sorrir tal como eu. - Vá lá, não se preocupe. Eu tomo conta de tudo.

Ela arranjou pela última vez o vestido florido, pegou na mala e saiu, depois de me dizer meia dúzia de vezes que se precisasse de alguma coisa era só ligar-lhe.

Assim que fiquei sozinho voltei a trabalhar. Rapidamente arranjei as margaridas e amarrei-as com um laço azul claro. Peguei no caderno de encomendas e percebi que não havia nada agendado até à hora de almoço, por isso decidi aproveitar para inventar um pouco.

Fui até à arrecadação onde encontrei um monte de caixas de cartão e alguns caixotes de madeira. Abri um pequeno armário, acabando por descobrir algumas latas de tinta. Depois de vasculhar melhor achei também pincéis e mais latas vazias. Peguei em tudo e levei para a loja.

Liguei o rádio e os Fall out Boys começaram a cantar Thanks for the Memories. Aumentei levemente o volume e comecei a cantarolar, enquanto utilizava os materiais que tinha arranjado.

Meia hora mais tarde estava tudo pronto. Uma lata antiga estava agora pintada de azul e tinha um laço enrolado, enquanto outra tinha pedaços de madeira colados a toda a volta, parecendo ser um tronco. Deixei as latas a secar em cima da mesa e, depois de verificar as horas, fui à sala frigorífica buscar o arranjo de margaridas, uma vez que a cliente estaria prestes a chegar.

-Mas o que é isto?

Assim que ouvi uma voz vir da loja, apressei-me a ir lá. Desliguei o rádio um pouco envergonhado e sorri para a mulher loira que estava parada a olhar para mim.

-Desculpe. - Murmurei. - Veio buscar as margaridas?

Após ela ter assentido com a cabeça educadamente, eu entreguei-lhe o ramo.

Once in a LifetimeWhere stories live. Discover now