Introdução

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“Sê corajosa. Arrisca. Nada substitui a experiência”. – Paulo Coelho. 

P.O.V Alicia

Abri pouco a pouco os meus olhos ainda pesados. Saí da cama quase a rastejar e olhei para o relógio.

Oh não…

-Estou atrasada! Bolas! Bolas! Bolas!

Abri o roupeiro e peguei na primeira coisa que me apareceu à frente. Corri para a casa de banho e tratei de lavar a cara, os dentes e pentear o meu cabelo que mais parecia um ninho de pássaros.

Segundo dia de trabalho e já estou atrasada! Que boa maneira de impressionar o patrão, sim senhora!

Desci as escadas ainda a calçar as botas e juro que me senti numa cena de um filme em que tudo fica em câmera lenta e a protagonista caí de uma forma graciosa ao chão. O problema é que não sou graciosa, nem isto é um filme, logo, dei uma valente de uma queda e atraí atenção de todos que tomavam o pequeno-almoço na sala de jantar bem à frente das escadas.

Sorri amarelamente, quando reparei nos engravatinhos que tomavam lugar à mesa com a minha família. Boa…

-Bom dia menina Alicia! Como vai querer as suas panquecas? – Agradeci mentalmente à Ellen por ter cortado o clima embaraçoso que se gerou graças à minha delicadeza.

-Bom dia a todos. – Ajeitei a minha roupa e dirigi-me à mesa. – Na verdade, estou um pouco atrasada, de modo que não poderei tomar o pequeno-almoço na vossa companhia. Com muita pena minha. 

Oh diabo, olha-me para aquelas panquecas com chocolate…e as torradas…oh. Foco, Ali, foco!

Dei um beijo aos meus pais e à minha irmã, dei um aperto de mão aos Srs.Presunçosos-de-Fato-Preto e saí de casa em direcção à garagem, onde, com certeza, o Alfred estaria à minha espera.

-Precisas de boleia maninha? – Virei-me e encontrei a minha irmã mais velha dentro do seu carro.

-Desculpa Alfred, não é que não aprecie a tua companhia, mas hoje vou com a Lili. – Ele assentiu com a cabeça, sorrindo.

-Ali, eu não quero ser chata, mas vais mesmo continuar com essa ideia de trabalhar naquele café?

-Sim, Lili, vou. Desculpa a minha franqueza, mas eu recuso-me a trabalhar na empresa com o pai, recuso-me a obter as coisas por ser filha deles.

A Lilian olhou-me com carinho e esboçou um pequeno sorriso. No fundo, eu sabia bem que ela concordava comigo. Eu só desejava que ela ganhasse coragem de dizer “não” à mãe, uma vez que fosse e lutasse pela sua felicidade.

Pronto. Agora que estou mais calma e já não me livro do sermão do patrão, vou passar a apresentar-me. Eu sou a Alicia Evans e tenho 21 anos.
Fique desde já claro que eu não sou assim tão destrambelhada! Não sou uma borboleta delicada, é um facto, mas não ando sempre aos encontrões e aos tropeços…
Provavelmente, também se devem estar a questionar qual é o problema em trabalhar com o meu pai. Então, eu passo a explicar. Os meus pais são ricos, de “alta sociedade” como a minha mãe refere orgulhosamente. O meu pai, Dominic é o dono de uma das mais conceituadas empresas de decoração de interiores de Nova Iorque e a minha mãe é uma senhora do Jet-set, bastante orgulhosa de si. Como podem calcular, eles reprovam firmemente o meu novo emprego no Coffee Race. Não pensem que eu faço isto para os afrontar, de modo algum, eu simplesmente não acho bem trabalhar na SeaDeLux quando o meu sonho é ser jornalista (e sejamos sinceros, eu não andei a estudar estes anos todos jornalismo, para agora me enfiar numa secretária de uma empresa sem antes lutar pelo o que quero!).
Para além do mais, eu defendo que todos somos livres de tomar as nossas decisões e é apenas isso que estou a tentar fazer.
Portanto, enquanto não encontro um jornal onde possa estagiar e quiçá trabalhar, tenho de fazer algo e aqui estou eu.

-Menina Evans, por acaso sabe quantas pessoas querem este seu emprego?

Ora bolas…

O meu coração falhou uma batida e comecei a suar nervosamente.

-Eu peço imensa desculpa! Não volta a... – Virei-me para encarar, não o meu patrão, mas sim o Louis a rir à gargalhada! É preciso ter-se lata!

-Ah ah ah que piada! És muito engraçado! – Mostrei a língua àquela criatura, que não perde uma oportunidade de pegar comigo, mas que no fundo até é porreira.

-A sério! Devias de ver a tua cara! – Ele falava e ria, ria e falava. – A sério que pensaste que eu era o patrão?

-Oh, eu sabia lá! Só falei com ele duas vezes! – Resmunguei, rindo.

-Tens sorte, o chefe avisou que hoje vinha mais tarde. – O Louis piscou-me o olho e deixou-me a vestir a farda.

Ufa, safei-me por pouco!

Depois de vestida, amarrei o cabelo e preparei-me para trabalhar. Saí da pequena sala que servia de vestiário e fui em direcção à zona do café. O Louis estava a atender uma mesa onde se encontrava um grupo de jovens. O resto dos clientes já estavam servidos, pelo que apenas me restava levantar a louça de uma mesa perto da entrada. Assim fiz.

A manhã passou a um ritmo consideravelmente rápido. A verdade é que o menino Tomlinson facilitava muito as coisas, ele passava o tempo a fazer disparates e a meter-se com as clientes.
Chegada a hora do almoço, o ritmo abrandava o que significava que era a altura de eu descansar. De momento, eu só trabalhava da parte da manhã, excetuando feriados ou qualquer outro dia especial em que houvesse probabilidade do movimento ser maior.
Já sem farda, peguei na minha mala, num chocolate quente e caminhei para a saída. Ia distraída, a desenrolar os fones, quando senti o meu corpo bater contra algo e o copo, que estava na outra mão, cair juntamente com a mala, o caderno, as chaves…ugh.

-Valha-me Deus! Era só o que me faltava! – Tentava recolher o mais depressa possível os meus pertences até que ergui os olhos e vi o rapaz de cabelo encaracolado que pasmado olhava para mim e…com a camisa a pingar de chocolate. – Oh bolas, desculpa! Queimei-te? Deixa que eu limpo!

-Não tem problema. – O jovem falava amavelmente.

Peguei nos guardanapos que estavam pousados na mesa da esplanada, ao nosso lado, e comecei a esfregar sobre a nódoa na camisa do rapaz.

-Perdoa-me! É que isto é só a mim! Um mal nunca vem só, não é verdade? Mas também não é preciso exagerar! Isto é demais! – Olhei para a camisa e percebi que aquilo não saia, pelo contrário acho que estava a ficar pior…Ai ai ai…

-Hei, calma! Já passou. Foi um acidente. – Olhei nos olhos verde esmeralda do rapaz que sorria de um jeito doce e senti as minhas bochechas mudar de cor. Não sabia que ainda se fabricava destes…

-Como te posso compensar? – Esbocei um sorriso envergonhado.

-Ora essa, fizeste um belo trabalho com a minha camisa. Este meu amigo disse que era de velha. Parece que me fizeste um favor. – Ele sussurrou a última frase, brincando. Eu sorri e encarei o seu amigo, que também ria.  

-Bem…Eu vou indo então. Adeus. – Acenei para o Menino-Espero-Não-Voltar-A-Ver (apesar de ser giro como o caraças) e ele acenou de volta.

Assim que sai daquele sítio, (que por sorte minha é o meu local de trabalho onde tenho de regressar todos os dias) caminhei até o meu local favorito de toda a cidade.
Subi as infinitas escadas do prédio, cada vez mais determinadamente, pois a recompensa estava no cimo delas. Terminado o percurso, aproveitei a vista que aquele terraço me proporcionava da cidade e peguei no meu pequeno caderno. Acomodei-me, coloquei a música no máximo e deixei que o coração guiasse os desenhos que o lápis fazia no papel:

“(…)Sou toda coração e pouca razão. Sou toda borboletas e pássaros, tempestades e calmaria. Sou sensível, confusa. Sou, de facto, uma pessoa de inconstantes. Enfim...sou tudo e não sou nada.”.

Só senti falta do chocolate quente…

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[N/A: Olá a todos! Espero que gostem da minha fic, vou realmente dedicar-me a ela! 
Gostava que me fossem dando as vossas opiniões ao longo da fic, pois estou um pouco insegura e as vossas opinões são extremamente importantes!
Beijinhos <3

Once in a LifetimeWhere stories live. Discover now