Capítulo 30

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"Ela levantou-se no meio da tempestade e quando o vento não soprou na sua direção, ela ajustou as velas." -Elizabeth Edwards

P.O.V Harry

Sono, onde andas tu?

Depois da última notícia, dormir tinha-se tornado impossível. Contei carneirinhos, li um livro, vi metade de um filme.... e nada. Não conseguia dormir com a possibilidade de ser irmão da Alicia na minha cabeça.

Não era possível.

Mas e se fosse?

E se, de facto, fossemos irmãos? O que seria de nós? Obviamente não poderíamos ficar juntos e eu já não me imagino sem ela. A Alicia é a minha casa, é onde eu pertenço. Não estou pronto para ser um não pertencente outra vez.

Acabei por sair de um dos quartos de hóspedes e meter-me na cama ao lado da Ali. Ao início ela reclamou, assustada com toda a situação, mas quando a puxei para o meu peito ela relaxou.

É verdade que mesmo assim não dormi, mas pelo menos fiquei ao lado dela.

Talvez esta fosse a última noite...

*

-Está a perceber o meu ponto de vista? As vendas têm vindo a baixar, por isso temos de inovar, Dona Betty.

A minha patroa estava atrás do balcão, a sorrir para mim como de costume, enquanto me ouvia falar animadamente sobre as minhas ideias para dinamizar a loja.

-Não vamos gastar muito dinheiro, aliás a ideia é reutilizar tudo o que podermos, percebe? Os caixotes que estão nas traseiras, por exemplo.

-Adoro vê-lo assim entusiasmado, menino Harry! Cada vez mais fico orgulhosa por tê-lo contratado.

Caminhei até ao pé dela e abracei-a. Ouvi-a fungar e olhei-a, confuso.

-Que aconteceu, Dona Betty?

-Não é nada, menino. – Ela limpou os olhos com as pontas do dedos, ainda a sorrir. – Vamos pôr mãos à obra?

Fiz algumas jarras parecidas com as outras que havia feito dias antes, mas também criei outras. Usamos rendas, pedrinhas de jardim, fita-cola colorida, latas, caixas e garrafas. Ficamos com vários exemplares que rapidamente dispusemos na montra.

Ambos estávamos felizes com o resultado e ansiosos para ver a reação dos clientes.

-Talvez não fosse má ideia fazermos alguns panfletos e criar uma página no facebook. – A minha patroa olhou-me por cima dos óculos e começou a rir.

-Parece-me uma excelente ideia, mas eu não sei mexer com essas coisas!

-Não se preocupe, eu trato de tudo. – Sorri ainda mais animado.

Passamos a manhã toda super atarefados a atribuir preços aos novos produtos como também a pensar em todas as estratégias de marketing.

A Dona Betty parecia mais sentimental do que o costume e concordava sempre com todas as minhas ideias, dando-me cada vez mais apoio.

À hora de almoço, ela entregou-me as chaves do carro dela e eu levei-nos até ao Coffee Race.

Quando lá chegamos, a Ali estava prestes a sair do turno dela, por isso, juntou-se a nós para almoçar.

Ela parecia menos abatida, mas continuava distante. Passava o tempo todo a evitar qualquer contacto comigo. Nada de mãos dadas, abraços e muito menos beijos.

Eu não disse, porém aquilo magoava-me imenso.

Eu entendo que não seja fácil para ela, mas para mim também não é!

Once in a LifetimeWhere stories live. Discover now