Capítulo 36

88 9 2
                                    


"Tu tens de amar. Tu tens de sentir. É essa a razão pela qual estás na Terra. Tu estás aqui para arriscar o teu coração." – Desconhecido.

P.O.V Harry

-Podíamos ficar na antiga casa da tua mãe esta noite. De certeza que a Senhora Williams não se ia importar. – Repeti pela milésima vez, enquanto a Alicia pegava nas chaves do quarto que a rececionista do hotel lhe entregava.

-Harry, sabes que dinheiro não é problema para mim.

-Mas eu não quero que pagues tudo, não é justo!

A Ali ignorou os meus constantes protestos e rodou a chave na fechadura, dando-me espaço para entrar primeiro. De seguida, fechou a porta e pousou a mala em cima da cama, sentando-se.

-Assim eu não me sinto bem. – Bufei, indo até à janela.

Logo de seguida, senti ela abraçar-me por detrás e pousar o queixo no meu ombro.

-Tu largaste tudo em Nova Iorque para me vires ajudar. Acho que faz sentido eu suportar a maioria das despesas. – Virei-me de frente para ela, pronto para falar, mas ela riu, interrompendo-me. – Para além do mais, tu pagaste o almoço, portanto agora era a minha vez.

Eu sabia que ela não se ia esquecer!

-Uma noite num hotel com jantar e pequeno-almoço incluído não é propriamente o mesmo que um mero almoço num pequeno café dos subúrbios. – Fiz beicinho, fingindo estar amuado.

A Ali sorriu e colocou-se em bicos de pés, dando-me um beijo na testa.

-Amanhã voltamos para a pousada em SandBach, prometo.

Revirei os olhos após a minha derrota e comecei a rir, quando a Ali tentou, falhadamente, fazer-me cócegas. Ela ficou satisfeita a pensar que tinha resultado, o que me fez rir ainda mais.

-Vamos jantar? – Perguntou-me, ficando perto da porta do quarto com a mão na cintura e um sorriso nos lábios.

Juntei-me a ela e entrei no elevador, abraçando-a.

-Podíamos antes ter acampado no quintal da Senhora Williams.

A Alicia deu-me um pequeno estalo no braço em tom de brincadeira e começou a rir, quando a beijei repetidamente.

*

-Ali o homenzinho-nariz-de-batata disse que não têm aqui Páginas Amarelas e que dificilmente alguém terá.

Novas tecnologias...

Sentei-me, de novo, no sofá perto do bar ao lado da Ali.

-Qual era o nome da mulher das cartas?

-Lucy...qualquer coisa. – Respondi incapaz de me lembrar do sobrenome.

Espreitei para o ecrã do telemóvel da Ali e vi-a pesquisar pelo nome da desconhecida. Lucy Acker.

Senti-me um verdadeiro detetive privado ou um membro do FBI a procurar um fugitivo.

Só que eu não era nada disso e a mulher não estava fugida, nós é que não sabíamos onde é que ela estava...

-Deve ser esta. – Disse a Alicia orgulhosa. – Pelos vistos ela continua cá em Manchester. Está aqui a morada. Rua Oxford, sabes ir para lá?

-Sim, a cidade está um pouco modificada, mas de certeza que consigo levar-nos lá.

-Cheira-me que é melhor levar um mapa como os turistas. – A Ali riu, prendendo o lábio inferior entre os dentes.

-Se eu fosse a ti levava uma bússola também!

Once in a LifetimeWhere stories live. Discover now