Capítulo 26

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"Algum dia nós vamos encontrar o que nós estamos à procura. Ou então não. Talvez nós encontremos algo muito melhor." - Desconhecido.

P.O.V Harry

Quando saímos do orfanato eram cerca de cinco e meia da tarde, porém com a aproximação do verão o céu ainda estava claro, por isso, podíamos aproveitar mais um pouco antes de voltarmos para a pousada.

Enquanto andava pelas ruas de Holmes Chapel de mão dada com a Alicia, mantinha a minha mente ocupada com o Simon e a no que ele me fizera prometer.

-Estás a pensar no Simon?

-Sim. - Respondi automaticamente sem desviar os meus olhos do caminho. - E nas outras crianças. Não quero voltar a estar tanto tempo afastado deles.

A ali parou-me e colocou-se à minha frente com um sorriso nos lábios.

-Sabes, eu estive a pensar e eu também quero voltar. Eu quero ajuda-los, como puder...

Assim que ela falou, uma enorme onda de alegria me consumiu.

Isto era incrível. Ela é incrível.

Passou apenas algumas horas com os miúdos, mas já sente vontade de os ajudar. Só de me lembrar da maneira como ela brincou e cuidou das crianças durante a maior parte do dia, o meu coração aquecia.

A Alicia é sem dúvida das melhores pessoas do mundo.

E eu amo-a.

Coloquei uma mão de cada lado da cara dela e aproximei os nossos rostos, colando os meus lábios nos dela. Senti-a sorrir a meio e repeti o gesto.

Peguei de novo na mão dela e continuamos a caminhar pela minha terra natal.

Este fim-de-semana ajudou-me a clarificar a mente.

Eu não posso simplesmente fechar o meu passado numa gaveta como tenho feito até agora, até porque de uma forma ou de outra, os nossos fantasmas arranjam sempre maneira de se esgueirar por uma brecha e voltar para nos assombrar. E só há uma maneira de os matar. Enfrentando o que a todo o custo tentamos não lembrar.

Assim, dirigi-nos até ao último local que eu tinha de visitar antes de regressar a Nova Iorque.

Felizmente, não estávamos longe uma vez que se trata de uma vila pequena. No entanto, assim que a Alicia reconheceu o local, ela puxou a minha mão, fazendo-me encara-la.

-Nós não temos de voltar lá! Tu não consegues ainda e não há mal nenhum com isso.

Os olhos dela refletiam apreensão e, por isso, acarinhei as bochechas dela com o meu polegar.

-Está tudo bem, Ali. Eu tenho de... Eu quero ir lá. Eu quero. - Sorri levemente tranquilizando-a.

Apertei um pouco mais os meus dedos nos dela e comecei a segui-la pelas portas do cemitério.

Não vou mentir, uma parte de mim continuava a querer fugir daquele local, mas agora eu sabia que eu precisava de fazer isto para poder ser completamente feliz.

Dois minutos depois, estávamos de novo parados à frente da campa da minha mãe.

Ao princípio fiquei paralisado, sem saber o que fazer. Era a primeira vez que eu vinha cá desde o funeral e era tudo tão estranho e triste. Triste, porque uma parte de mim estava ali enterrada.

Com os olhos suplicantes olhei para a minha miúda e ela esboçou um sorriso encorajador. Respirei fundo e ganhei coragem para por em palavras tudo o que tenho dito em silêncio ao longo de três anos.

Once in a LifetimeWhere stories live. Discover now