Capítulo 37

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"Do sofrimento surgiram as almas mais fortes" – Desconhecido.

P.O.V Alicia

Deixámos o hotel bem cedo, mesmo antes de tomarmos o pequeno-almoço. O Harry resmungou um pouco, alegando que, já que eu tinha pago a estadia com a refeição incluída, devíamos ter usufruído dela. Como sempre, ri e ignorei-o.

Sempre tão preocupado com o meu dinheiro!

Caminhamos durante um bom tempo, acompanhando o avançar da manhã. Ao início, as ruas estavam praticamente desertas, mas agora já era visível algum movimento nos principais polos de Manchester, relembrando-me de casa.

A determinada altura, estando eu completamente perdida a admirar a cidade inglesa, o Harry pega na minha mão e puxa-me apressadamente pela rua acima.

-Calma, Harry! Mais devagar! – Ele não respondeu, mas viu-o sorrir.

Quando paramos e percebi o porquê de toda a pressa, olhei-o fulminantemente.

-Eu não me acredito que quase me obrigaste a correr para vir à McDonald's! São nove horas da manhã!

-Tu estavas a caminhar muito devagarinho e eu fiquei com fome. – Ele fez beicinho, agravando a minha expressão incrédula. – Anda, eles têm ótimos menus de pequeno-almoço.

Revirei os olhos, acabando por ceder. Deixei-o segurar na minha mão de novo e guiar-nos até ao balcão.

-Quero um Muffin de chocolate e um café Mocha, por favor.

-Para mim, pode ser as panquecas com xarope e um Cappucino.

Já com os pedidos, sentamo-nos numa mesa no fundo. Enquanto comia, permaneci quieta e calada, completamente absorvida pelos meus pensamentos.

Tenho acumulado tanta informação nos últimos tempos que nem tive tempo para a processar. Tudo está a acontecer demasiado depressa sem me dar margem para parar e perceber o que está a acontecer.

Ontem, liguei para a minha mãe antes de ir dormir e ela pareceu-me um pouco cansada e triste, como da outra vez. Não me deu nenhuma explicação, apenas disse que finalmente tinha tomado coragem para decidir por si própria e anunciou que hoje apanharia um avião para vir ter connosco. Ao que parece, ela quer ter um papel ativo na procura do meu irmão, afinal é o filho dela, é a história dela. Portanto, criamos um plano para conseguirmos o que queremos.

-Tens a certeza que o caminho é por aqui? Já estamos a andar há um bom bocado. – Reclamei cansada.

-Sim, tenho. Estamos quase. – Apaziguou o Harry, olhando para o mapa no seu telemóvel antes de virar num cruzamento. – Chegamos.

Entramos na porta principal do prédio e fomos até ao porteiro.

-Bom dia. Em que posso ajudá-los?

-Bom dia. Estamos à procura da Lucy, Lucy Acker. Ela é muito amiga da minha mãe. – Menti.

-É filha daquela senhora ruiva que costuma dar-lhe boleia de manhã?

Senhora ruiva?! Quem é a senhora ruiva?

-Exatamente! É essa a minha mãe. – Sorri, tentando convencê-lo.

-Ai a sua mãe é uma simpatia, menina. Veja lá, ainda ontem me trouxe uma fatia de bolo!

Este homem está tão apaixonado!

O Harry olhou pra mim, tentando reprimir o riso.

-A minha sogra é mesmo assim. – Continuou o Harry, assumindo a minha mentira. – Mas e a Lucy? Está em casa?

Once in a LifetimeWhere stories live. Discover now