Capítulo 19

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"Eu sei que isto vão ser histórias um dia e que as nossas imagens se vão tornar velhas fotografias. Mas agora mesmo, isto não são histórias. Isto está a acontecer." – As vantagens de ser invisível

P.O.V Harry

-Harry, podes, por favor, trazer as rosas que estão lá dentro? – Assenti com a cabeça e fui até à câmara frigorífica buscar as flores.

Rosas lilás? Ok...

Voltei para o balcão onde as pousei.

A Dona Betty estava a fazer arranjos para as bodas de prata de um casal e eu andava com um borrifador a dar água às flores de toda a loja.

Tenho que admitir que ao princípio coloquei logo de lado a ideia de trabalhar aqui, mas com o passar dos dias tenho-me habituado a estar rodeado por todas estas plantas. Para além do mais, a senhora Betty é uma pessoa amorosa que tem muita paciência comigo e que tenta sempre ensinar-me o máximo que pode, mesmo que eu não tenha queda para a coisa.

-Harry, vem cá. Quero que me ajudes a fazer estes arranjos. – Pediu docemente.

-Mas Dona Betty, já sabe que não tenho jeitinho nenhum.

-Tu tens jeito sim, menino. Só ainda não o encontraste. – Ela sorriu e eu retribui o gesto.

Coloquei-me ao lado da mulher de cabelos grisalhos e fui-lhe entregando as rosas à medida que ela as ia dispondo nos pequenos vasos.

O arranjo era muito simples: oito rosas lilás (duas no meio e quatro à volta) rodeadas por rosas mais pequenas brancas.

-Sabes Harry, tu agora podes pensar que as flores não passam de plantas, mas elas são muito importantes. – Mantive-me em silêncio para lhe dar oportunidade de continuar a falar. – Como disse Luther Burbank, elas tornam-nos melhores, mais felizes e mais prestáveis. As flores são o sol, o alimento e a medicação para a nossa alma.

Sorri. Ela realmente ama o que faz.

Estávamos a acabar o último arranjo quando o casal que fez esta encomenda entrou na loja. Eles vinham sorridentes e de mãos dadas.

Pudera...não é todos os dias que celebra 25 anos de casamento!

-Olha querido, como estão tão lindos os arranjos! – Tanto eu como a Dona Betty sorrimos orgulhosos do nosso trabalho.

Retirei-me por um momento, enquanto os três falavam no balcão. Peguei numa rosa lilás com um laço branco e coloquei-o atrás das costas. Assim que cheguei ao pé dos clientes ofereci ao casal a flor.

-Rosa lilás...a minha favorita. – A senhora sorriu.

Pois...tive um palpite que era a predileta desta mulher.

-É verdade. Sabem, há um motivo para tanta rosa lilás. – O homem riu olhando para todos os arranjos. – Há 30 anos atrás, no meu primeiro encontro com a Susan ofereci-lhe uma rosa lilás.

-Na altura fiquei encantada! Como era possível haver uma rosa lilás? Nunca tinha visto nenhuma na minha vida...

Ambos se olharam e partilharam um beijo carinhoso.

-Eu andava a estudar botânica e decidi que queria usar a minha ciência a meu favor para surpreender a Susan e assim, criei a minha primeira flor lilás. – Sorri com a história.

-E sabes Harry, a rosa lilás simboliza o amor eterno. – Explicou a senhora Betty.

-Bem, faltam menos 25 anos para a eternidade. – O homem brincou fazendo-nos a todos rir.

Once in a LifetimeWhere stories live. Discover now