Denegação

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[...]

Lynne, entretanto, estava no sétimo céu.

⏤ Quem imaginaria que terminaríamos morando num lugar como este? — perguntou. — Toji é um homem bom, S/n.

⏤ É provisório — disse. ⏤Não quero dever nada a ele.

A mãe franziu o cenho.

⏤ Como pode dever, quando espera um bebê dele?

⏤ Esquece que somos apenas amigos. Não há mais nada entre nós. — Embora seu coração se recusasse a acreditar nisso.

⏤ Tem certeza, S/n?

⏤ Claro. E não vamos ficar aqui por mais tempo que o necessário.

A voz de Lynne soou tensa quando ela falou:

⏤ Estamos seguras aqui. Não vê? A salvo pela primeira vez em nossas vidas.

⏤ Sim, mas... Bem, veremos — aceitou com relutância. Estava pensando nela mesma, em vez de na mãe, o que era egoísmo. Mas viver com Toji não era sua idéia de diversão.

Mais tarde naquela noite, quando Lynne foi para a cama cedo, Toji convidou S/n para um drinque.

⏤ Se for chocolate quente, aceito.

Uma única sobrancelha se ergueu.

⏤ Adoro chocolate quente. A Sra. Beauman ficará encantada. Acha que bebo álcool demais.

⏤ Minha mãe realmente aprecia o que está fazendo por nós — murmurou, ignorando o assunto mundano. ⏤ É como se um peso enorme saísse de nossos ombros.

Toji assentiu.

⏤ Posso imaginar. Não poderia permitir que continuassem lá, um alvo perfeito para um agiota inescrupuloso. Por que não contou sobre isso antes?

⏤ Como poderia? É a maior vergonha de nossas vidas, e não queríamos que alguém soubesse.

⏤ Como se fossem culpadas. Quanto seu pai foi inútil para metê-las nessa confusão?

S/n fechou os olhos. A única parte boa de toda sua vida foi o tempo que passou na Itália. Só então se sentiu capaz de esquecer os problemas, mas o prazer que experimentava agora tinha desaparecido. Inconscientemente, pôs a mão na barriga.

Os olhos de Toji se estreitaram.

⏤ Está bem? Toda essa preocupação não pode fazer bem para seu... Para nosso bebê.

⏤ Estou bem. Um pouco cansada, nada mais.

⏤ E este garotinho?

S/n não pôde deixar de sorrir.

⏤ Ele... Ou talvez ela, está bem.

Quando a governanta entrou, colocando uma bandeja sobre a mesa ao lado dos dois, ainda descansava a mão sobre o ventre.

O sorriso da Sra. Beauman era caloroso.

⏤ É muito bom revê-la. Espero que você e sua mãe sintam-se à vontade aqui. Diga se precisar de algo.

⏤ Direi — prometeu.

O chocolate quente estava numa garrafa térmica, com duas canecas de porcelana ao lado. Toji inclinou-se para frente e serviu.

Ela esperou até que terminasse antes de dizer:

⏤ A Sra. Beauman sabe sobre o bebê?

Toji meneou a cabeça.

⏤ Não vi razão para contar.

Por que se envergonhava? Porque era um momento transitório em sua vida? S/n não fazia idéia do que o futuro prometia. De uma coisa estava certa: não podia voltar para casa novamente. Precisariam encontrar outro lugar... Onde nunca fossem encontradas pelo agiota. Talvez até mesmo em outra parte do país.

Sempre sonhara em morar na Escócia. Seria um bom lugar. Longe o suficiente de seus problemas. Mas a mãe gostaria de viver lá? E como se arranjariam quando não tivessem dinheiro?

⏤ Ainda quer que trabalhe para você? Porque realmente gostaria de fazer isso. — S/n não explicou que era para tentar refazer sua conta bancária e formar uma poupança para se mudarem.

Toji deu um sorriso... Daqueles que faziam seu coração se encher de alegria e enviava um milhão de sensações para o corpo.

⏤ Nada me agradaria mais, S/n. Sentirei sua falta quando parar de trabalhar para ter o bebê. É a melhor assistente que qualquer homem já quis. Será difícil achar uma sucessora.

Sua melhor assistente. Isso era tudo que significava para ele? O prazer de S/n morreu. Toji não podia deixar mais explícito que o caso deles terminara, e que a única razão de estarem juntos era por causa do bebê.

Pegou sua caneca de chocolate e segurou entre as mãos, e quando o silêncio reinou, ficou imaginando se tirara a conclusão errada. Toji falara sobre trabalho, não sobre a vida pessoal deles.

Eram seus hormônios. Estavam alvoroçados. Não sabia mais o que pensar. Tanta coisa acontecera hoje que tudo que ela queria agora era dormir. Um sono calmo e revigorante. A primeira noite em muitos anos sem preocupações financeiras.

⏤ Você se incomodaria se eu fosse para a cama? — perguntou. ⏤ Foi um dia longo, e estou cansada.

⏤ Claro que não — disse prontamente, levantando-se em seguida.

Ele segurou suas mãos e quando a pôs de pé, deu-lhe um beijo forte na testa.

⏤ Durma bem, S/n.

E foi tudo. Sem abraços, sem beijo na boca. Aquele era o tipo de beijo que se dava num amigo, não numa namorada. Era melhor S/n se acostumar à idéia de que a situação mudara. Que Toji não a queria mais em sua cama. Iria ser mãe do seu filho, e ele cuidaria do que precisasse. E nada mais...

[...]

𝐀𝐍𝐉𝐎𝐒 𝐂𝐎𝐌𝐎 𝐕𝐎𝐂𝐄❜  𝗍𝗈𝗃𝗂 𝖿𝗎𝗌𝗁𝗂𝗀𝗎𝗋𝗈Onde histórias criam vida. Descubra agora