Capítulo 2

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Duas semanas depois.


O dia do casamento amanheceu triste e chuvoso. Tal como Isabel, que se casaria com um homem que não conhecia. Ela sabia que o casamento era temporário, porém ela não quisera aquilo! Simplesmente, tentava fugir à forca. E agora, ia fingir um casamento com um homem que não conhecia. Ela tinha se arrependido de ter aceitado o casamento temporário...

Edith, a esposa de Blair, estava a ajudá-la a preparar-se para o casamento. Ajudou-a a vestir um vestido cor de pérola com mangas de punho largo e colocou-lhe uma faixa em tartan do mesmo padrão do kilt do clã do seu noivo. Era um padrão bonito e suave. A faixa era vermelha aos quadrados, traçada com várias cores: azul, verde, branco e amarelo. Depois, Edith fez-lhe duas tranças e juntou-as num coque por debaixo da nuca.

- Já está, Isabel! - Disse Edith em inglês, com um sorriso amável.

- Obrigada, Edith! Estou maravilhosa e tudo graças a ti! - Agradeceu Isabel, com o melhor sorriso que conseguiu mostrar-lhe, já que o seu espírito não estava com muita disposição para demonstrações de afeto.

Edith afastou-se e olhou-a de cima abaixo, com os olhos semicerrados.

- Falta uma coisinha! - Disse, virando-se e procurando algo, em cima do toucador. - Aqui está!

Edith virou-se com uma coroa de flores nas mãos e indicou a Isabel que se baixasse para colocá-la na sua cabeça, pois ela era muito mais alta que Edith. Colocou-lhe a coroa de flores na cabeça e Isabel voltou a endireitar-se para que ela voltasse a observá-la.

- Perfeito! - Sorriu-lhe, mostrando os seus dentes um pouco tortos. - Agora, sim! Estás pronta para casar.

...

A cerimónia começou ao entardecer, depois de Isabel e Ian terem lavado os pés um ao outro, como mostra de amor, submissão e honra mútua.

- Tha gaol agam ort! - Disse ele, nos votos. Aquela frase gaélica significava "Eu amo-te", porém, Isabel sabia que era tudo uma farsa.

- Tha gaol agam ort! - Respondeu, com aborrecimento e ele fulminou-a com um olhar de advertência.

Ian agarrou a mão dela e o padre abençoou a união. O calor do gesto fez com que Isabel estremecesse, mas olhou para Ian e viu que ele tinha o olhar fixo no padre, não nela. A sua expressão era de aborrecimento e tristeza e inquietou-a vê-lo assim. Afinal, fora ele quem pedira o casamento temporário, não ela.

Ian beijou-a ligeiramente nos lábios, quando a cerimónia acabou. Um beijo tão fugaz que mal o sentiu. Mas os convidados gritaram e aplaudiram.

Começou o copo-d'água. Os criados serviram copos de cerveja a todos e eles sentaram-se a uma mesa cheia de pratos deliciosos de todo o tipo.

Muitos dos convidados observavam-nos e ela tentou mostrar-se feliz, para que achassem que estavam apaixonados. Mas era tudo irreal. Mostrava o seu melhor sorriso aos convidados, mas sentia-se mal por dentro. Não gostava de mentir. Ian também sorria quando falavam com ele, respondia às perguntas dos presentes e fingia estar a divertir-se.

Ela sabia que ele não estava nada contente de se casar com ela. Era uma desconhecida e sabia bem que ele preferia que o casamento tivesse sido com a mulher que amasse. Uma escocesa! Felizmente, o casamento era temporário, tinha-se de lembrar.

Entretanto, chegou a altura de eles se retirarem para a noite de núpcias. Ele impediu que alguns homens bêbedos os seguissem e os dois entraram no quarto.

Casados temporariamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora