No dia seguinte, Ian levou Isabel até ao bosque, perto de um rio com uma cascata, um sítio calmo e reservado, onde eles podiam conversar à vontade sem que ninguém os incomodasse.
- Um dia, hei de te mostrar as famosas pedras de Brodgar. São magníficas! - Dizia Ian, com muito entusiasmo.
Isabel ouvia-o com muita atenção, mas sentia-se confusa e estranha. Ao que se devia tudo aquilo? O que é que ele queria? O que pretendia com toda aquela conversa?
- O que gostarias de ver? - Perguntou ele, de repente. - Gostarias de ver primeiro as pedras? Ou o castelo mais famoso de Inverness? Ou talvez visitar alguma aldeia?
Isabel encolheu-se um pouco, incomodada. Sentia-se constrangida. Qual a razão do seu comportamento?
- Talvez as pedras. - Respondeu, timidamente. - Parecem interessantes...
- Pois são. - Concordou Ian, com um enorme sorriso nos lábios.
Isabel começou a esfregar os braços, discretamente. Estava um frio de rachar e tinha-se esquecido do seu xaile. O clima da Escócia era pior do que o de Inglaterra.
Ian olhou de relance para os braços dela. Retirou o manto, que trazia por cima do ombro e colocou-o sobre os ombros de Isabel.
Isabel inclinou a cabeça e sorriu apreensivamente, na espectativa do que ele pretendia com a sua atitude.
- O que é isto? - Perguntou.
Ian franziu o sobrolho e esboçou um sorriso idiota.
- "Isto" o quê? - Indagou, confuso.
- Isto! - Gritou, apontando para o bosque e o rio. - Isto. - Disse, com mais calma, apontando para eles os dois.
Ian encolheu os ombros.
- Queria agradecer-te por tudo o que...
Ela levantou uma mão, parando-o antes que ele pudesse acabar a frase.
- Não! - Disse, engolindo em seco, numa defesa preventiva. Não queria sofrer. Não queria sofrer mais do que já sofria. - Não preciso dos teus agradecimentos. Não quero o teu obrigado, Ian!
- Mas...
- Não, Ian! - Cortou, com frieza. - Devias estar com Saleman. É nela em quem tens de te concentrar... Não em mim.
Atirou-lhe o manto para os braços.
- Usa o teu manto com Saleman.
Uma lágrima rebelde deslizou-lhe pela face. Virou-lhe costas e começou o caminho de retorno ao castelo.
- Isabel?! - Chamou, confuso.
- E não ouses seguir-me! - Gritou, sem parar de andar.
Ian ficou a observá-la, atónito, até ela desaparecer entre as árvores. Estava completamente confuso!
- Tu és mesmo um idiota, Ian!
Virou-se rapidamente.
Era Blair.
- O que estás aqui a fazer? Indagou, surpreso e confuso.
- Vim caçar. - Respondeu, encolhendo os ombros. - Quando ouvi passos, aproximei-me e vi que eram vocês; por isso, fiquei a observar, atrás das árvores.
Ian corou ligeiramente.
- Desde quando estás a ouvir? - Indagou, envergonhado.
- Desde o início. - Replicou Blair, suspirando.
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Casados temporariamente
RomanceIan MacDouglas era o filho do chefe de clã dos MacDouglas e, estando descomprometido, sempre gozara de liberdade para namoriscar com quem lhe apetecesse. Mas, agora, o seu pai exigia-lhe que se casasse. Ian teria apenas três meses para escolher a mu...