Ian estava muito cansado. A caçada tinha corrido bem. Caçaram dois javalis, sete coelhos e três perdizes. Prometia um jantar delicioso. As mulheres já estavam a tratar disso.
Iria lavar-se, vestir roupas limpas e ir ter com Isabel para dizer-lhe «obrigado».
Ao entrar no quarto, encontrou-se com uma banheira. Desta vez, tinha uma ideia de quem tinha sido. Isabel.
Despiu todas as suas roupas e enfiou-se na banheira. E desta vez, iria agradecer-lhe por tal gentileza. E não só pelo banho, como também por tudo o resto.
Estava desejoso para vê-la. Queria tocar-lhe, estar com ela e beijá-la novamente.
De manhã, tinha deixado uma jaqueta e um kilt em cima de uma cadeira, mas agora que olhava, as suas roupas não estavam lá. Olhou à sua volta à procura da roupa. Não as encontrava. Mas, em cima da sua cama, estava uma jaqueta nova em tons azuis-escuros, um kilt, um colete e... o que era aquilo? Esticou o pescoço e viu que era uma combinação masculina.
Ian fechou os olhos e recostou-se na banheira. Era tão relaxante. Chegar de uma caçada tão cansativa e ser recebido com tanta ternura e mimos.... Ia agradecer-lhe. Era o mínimo que podia fazer.
Levantou-se e saiu da banheira. Aproximou-se da cama e observou as roupas, pegando-as para observar-lhes a textura. Nunca vira aquelas roupas na sua vida. E o tecido era novo. Virou o kilt do avesso e observou-o atentamente. As costuras estavam aos ziguezagues e não eram de pontos certos; o tecido estava cozido com vários tipos de ponto, conforme o jeito. Tinha sido Isabel a fazer as roupas! Ela ainda era muito inexperiente na costura. Porém, gostara na mesma do que ela lhe fizera porque tinha sido ela a fazer as roupas. Uma alegria, um conforto cheio de ternura encheu o seu coração, provocando-lhe uma sensação estranha no peito. Ela, isabel, fizera roupas novas para ele! Sentia-se... estranho. Uma... alegria estranha, que nunca sentira, embargava o seu coração.
Apressou-se a vestir as roupas novas e dirigiu-se rapidamente ao quarto de Isabel. Deteve-se diante da porta e bateu.
Passados alguns segundos, ela abriu. Tinha uma expressão melancólica e olhava-o intensamente, como se aborrecesse com o simples facto de estar ali, estar com ele, vê-lo.
Ian pigarreou e reuniu toda a sua coragem para lhe dirigir palavra.
- Eu queria dizer-te que...
- Não, não digas nada, Ian. - Cortou ela, com frieza. Olhou-o de cima abaixo e forçou um sorriso. - Fica-te bem. Receava que te ficasse ou demasiado largo ou demasiado apertado. Mas fica-te bem. - Ela deixou de sorrir e olhou-o com tristeza. - Agora, já podes ir ter com Saleman. Pede-lhe desculpa e recomeça as coisas com ela.
Dizendo isto, ela fechou-lhe a porta na cara. Ian franziu o sobrolho e afastou-se. Seria possível que ela estivesse zangada por ele ainda não ter falado com Saleman? Ou ele teria feito alguma coisa para que ela se zangasse?
Procurou por Saleman. Ao passar, as mulheres olhavam-no com malicia e cumplicidade, como se já soubessem que «traíra» Isabel. Encontrou finalmente a mulher que procurava. Estava a lavar roupa no rio.
- Saleman?! - Chamou Ian, aproximando-se dela.
Ela olhou para ele e levantou-se tropegamente.
- Ian. - Disse ela, sorrindo timidamente e corando.
Ele aproximou-se mais dela, ficando a um palmo de distância, fazendo-a recuar um passo. Ian segurou-a contra o corpo para que ela não caísse ao rio e olhou-a nos olhos com uma expressão zangada e aborrecida, de desprezo. Odiava estar ali. Ter de seduzir uma rapariga virginal, como Saleman.
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Casados temporariamente
RomanceIan MacDouglas era o filho do chefe de clã dos MacDouglas e, estando descomprometido, sempre gozara de liberdade para namoriscar com quem lhe apetecesse. Mas, agora, o seu pai exigia-lhe que se casasse. Ian teria apenas três meses para escolher a mu...