Capítulo 7

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Mais tarde, Ian foi até ao quarto de Isabel. Abriu a porta devagar e entrou, sem fazer barulho.

Ela estava deitada na sua cama em combinação! Bolas! Levara as suas palavras a sério. Ouviu que ela chorava e aproximou-se, colocando-lhe uma mão sobre o ombro. Ela sobressaltou-se e levantou-se da cama de um salto.

- Estavas a chorar...

Ela abanou a cabeça e começou a limpar as lágrimas com as costas das mãos. Levantou a cabeça com dignidade e olhou-o nos olhos.

- Eu não estava a chorar. - Disse, abanando a cabeça negativamente.

- Então, estavas o quê? - Perguntou Ian, suavemente, com um sorriso amável nos lábios.

- Deve.... Deve ter-me entrado alguma coisa para os olhos. - Respondeu ela, desviando o olhar para o chão.

Ian assentiu, mas sem convicção. Ouve alguns momentos de silêncio, em que Ian simplesmente ficou a olhar para ela. Isabel ergueu novamente a cabeça e olhou-o, mais uma vez, com dignidade.

- Eu... - Engoliu em seco. - Eu não tirei a combinação porque... porque... tu sabes a razão. - Disse ela, levando a mão à cara para limpar uma lágrima, que escapara.

- Eu não te vou bater. - Esclareceu Ian, aproximando-se um pouco dela. - Só disse aquilo para que ele...

Ela levantou a cabeça e olhou-o nos olhos com dor.

- Porque é que não me vais bater? - Perguntou. Ian olhou para ela, confuso. Começava seriamente a perguntar-se se ela não teria um distúrbio mental. - Eu desobedeci-te! Tu disseste para eu comportar-me e eu portei-me mal!

- Eu não te vou bater! Não és minha esposa de verdade. - Respondeu Ian, soltando um longo suspiro. - Temos um acordo! E mesmo que fosses minha esposa, eu não o faria! Não vou tornar-me igual ao meu pai.

Por momentos, ela olhou-o com compaixão, pois soube, pelas coisas que se ouvia na aldeia, que Douglas era um monstro para com as mulheres. Mas a seguir, olhou-o com raiva.

- Eu sou inglesa! - Bramiu ela. - Com certeza que te daria um enorme prazer bater-me!

- Não! - Gritou ele e Isabel sobressaltou-se com a sua reação. - Também és mulher. - Respondeu Ian, pouco depois, com mais calma.

Ouve um momento de silêncio, até Isabel o quebrar.

- Eu defendi-te. - Disse ela, engolindo em seco e olhando para ele de soslaio.

- Não era preciso que me defendesses. - Replicou ele, virando-lhe costas. Levou uma mão aos lábios, num gesto pensativo, e inspirou fundo.

- Tu não fizeste nada! - Continuou Isabel.

Ele virou-se, nesse preciso instante. Tinha uma expressão de raiva e fulminava-a com o olhar.

- Eu não podia fazer nada! - Gritou. - Se o fizesse, se o atacasse, o meu pai matar-me-ia por estragar uma aliança tão preciosa como a do clã MacAlister. Acredita que, se eu pudesse ter feito algo, tê-lo-ia feito.

Mais silêncio.

- Eles só fizeram aquilo porque, como sabes, odiamos os ingleses. - Disse ele, tentando controlar a raiva. - Tu és inglesa! Tu nem imaginas a quantidade de maldades que o teu povo fez ao nosso!

Ela ergueu a cabeça e olhou-o nos olhos, deitando faíscas por eles. E ouve mais silêncio, apenas interrompido pela chuva, que começara a cair lá fora.

Casados temporariamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora