Capítulo 10

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Passaram várias semanas sem se falarem. Isabel passava por ele e ignorava-o e ele fazia o mesmo. Sabia que estava a ser um covarde, mas não conseguia pedir-lhe desculpa.

Via-a trabalhar no tingimento de lã, a lavar a roupa no rio com Edith e as filhas dela, a ajudar na cozinha... E sempre muito grandiosa. Com o seu cabelo loiro preso num coque e a sua beleza... Tinha de confessar: Tinha saudades dela! Da sua coragem para dizer-lhe realmente o que pensava, da sua persistência, da sua generosidade... Tinha sau-da-des dela!

Sempre que a via, desejava abraçá-la e pedir-lhe desculpa. E sempre que não estava ao seu lado, pensava nela.

Saíra com Tarah e com outras mulheres durante aquelas últimas semanas, mas nenhuma lhe despertara aqueles sentimentos como Isabel lhe despertara. Nenhuma lhe despertava saudade. Nenhuma lhe despertava nem admiração nem desejo. Mas Isabel sim. Despertava-lhe saudade, admiração, desejo, ternura, vontade de a proteger, de a abraçar... Mas não podia estar casado com ela. Simplesmente, não podia. E, além disso, nem sequer a amava... ou será que sim?

Abanou a cabeça e desviou aqueles pensamentos da sua mente. Tinha de se concentrar. O seu pai voltaria de Portugal e voltaria tudo ao normal... ou, pelo menos, quase tudo. Ainda teria de procurar a mulher certa e uma estalagem onde Isabel pudesse ficar. Ela não tinha dinheiro nem posses, por isso seria ele a pagar-lhe a estalagem. Ela merecia viver em paz.

De repente, sentiu uma mão a pousar no seu ombro e a deslizar sobre o seu peito com muita sensualidade. Era uma mão feminina, claro está. Num impulso rápido, deu um salto atrás e virou-se para ver quem era. Raios lhe caíssem em cima se não era Cait Murray, filha do seu tio. Ela vinha de cabeça altiva e nariz empinado como sempre. O seu cabelo preto de azeviche vinha preso numa longa trança apanhada com toda a perfeição, os olhos azuis-acinzentados olhavam para ele com malicia e muita confiança-própria, os lábios rosados curvados num trejeito de sensualidade e o corpo vestido com um vestido de musselina verde-claro de um decote bem profundo que se fosse um milímetro mais profundo já ultrapassava o decoro. Meu Deus, dali não vinha coisa boa!

- Ian, Ian... - Riu-se. – Meu querido Ian...

- Olha, Cait, vai direta ao assunto, está bem?! Não estou com paciência! – Avisou, rapidamente. Mal lhe tinha posto os olhos em cima, a sua paciência fugira.

- Se assim o queres, fofinho... - Sem conseguir evitar, Cait saltou-lhe para cima, envolvendo-lhe a cintura com uma das suas pernas, fazendo-o desequilibrar. Aproveitando que ele estava ocupado a manter o equilíbrio, ela levou-lhe uma mão aos genitais, acariciando-os. Sentindo aquela invasão inaceitável, ele lá se conseguiu endireitar e empurrou-a para longe dele e gritou, enfurecido:

- Por que raio fizeste isso?! Estás parva ou quê?!

- Tu é que pediste. – Riu-se ela de forma maliciosa, olhando para ele com um olhar perigoso e pícaro.

Ele olhou para ela com uma expressão furiosa no rosto. Já estava a começar a passar-se com aquela maldita mulher, não estava com humor para ouvi-la sequer um segundo. Realmente era ao contrário: Ele preferia estar na companhia de Isabel durante uma vida inteira do que estar com Cait por apenas um segundo!

- Por amor de Deus, Cait! Se o assunto que tens a tratar comigo é deste tipo, desculpa, mas eu não estou interessado. – Barafustou, olhando-a com uma expressão de aviso. – É bom que desapareças que eu hoje não estou com paciência para as tuas insubordinações!

Em vez de conseguir a reação esperada, ela riu-se e começou de novo a aproximar-se dele lentamente, com languida sensualidade. Ele franziu o sobrolho, mantendo-se com um radar de alerta ativado; observava todos os seus movimentos a todo o pormenor. Ela então colocou uma mão no ombro dele e disse-lhe, com um tom languido, rouco, sensual...:

Casados temporariamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora