Capítulo 3

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A noite continuou e ela já dormia. Não estava a conseguir dormir. Sentia-se estranho. Nunca nenhuma mulher o enfrentara daquela maneira e nunca nenhuma mulher o chamara «idiota» e «estúpido» como ela fizera. Talvez tenha sempre vivido numa redoma de vidro.... Sabia que tinha sido um idiota com ela e de que a tinha ofendido, mas não pensou que ela fosse ter aquela reação. Não conseguia acreditar que ela estava a dormir no chão, mas tinha sido um néscio ao achar que ela iria dormir com ele na mesma cama. Ao menos, podia ter sido um cavalheiro e ter ido dormir no chão em vez dela...

Olhou para ela. Estava a tremer de frio e abraçava-se com força. Levantou-se da cama e tirou o cobertor, por que tanto discutiram. Agachou-se ao lado dela e cobriu-a com ele, aconchegando-a para que ficasse quente.

Isabel deitou-se de costas e deixou a cabeça cair em cima da coxa de Ian. Ele observou-a e deu-lhe uma festa na face, depois, pegou na sua cabeça e poisou-a delicadamente na almofada. Ficou a observá-la mais alguns momentos. Era bonita. Os seus cabelos dourados brilhavam à luz ténue da lua, os seus lábios estavam ligeiramente abertos e as sardas que tinha no nariz não se viam por causa da escuridão do quarto.

Sorriu, ao lembrar-se que ela o achara atraente.

Lembrou-se do que lhe prometera. No dia seguinte, ia arranjar um sítio para ela ficar enquanto procurava um lugar seguro, caso não conseguisse arranjá-lo durante o casamento.

Pensou por uns momentos em deitá-la na cama, mas, ao lembrar-se como ela tinha reagido quando a ofendera, pensou que era melhor não a contrariar.

No dia seguinte, tinha muito trabalho para fazer e nunca mais tinha de voltar a ver Isabel. Pelo menos, até ter escolhido a mulher com quem se queria casar.

Deitou-se novamente na cama e fechou os olhos. Pouco depois, adormeceu com Isabel nos pensamentos.

...

Isabel acordou pouco depois das nove horas. Olhou para a cama. O seu marido já saíra. Oh, melhor dizendo o seu "falso marido".

Levantou-se e começou a despir-se, quando de repente Edith entrou no quarto.

- Bom dia, Isabel. - Saudou Edith, com um sorriso amável. - Vim ajudar-te a vestir.

- Ah, obrigada! Mas não é necessário. - Franziu o sobrolho e olhou para Edith. - Viste as minhas roupas?

- Vi! Sabes? Agora, fazes parte deste clã e és mulher do filho do chefe do clã. - Disse, com um sorriso compreensivo. - Não podias andar com aquelas roupas sujas e rasgadas. Por isso, foram deitadas fora.

- O quê? Mas aquele vestido era a minha única posse! - Gritou, zangada, fora de si.

- Mas agora, tens muitas outras posses. Não precisas daquele vestido. - Respondeu Edith, mostrando um monte de peças de roupa que trazia nos braços.

- Temporariamente, sim. - Murmurou para si mesma, com as lágrimas quase à beira dos olhos.

- O quê? Disseste alguma coisa? - Indagou Edith, enquanto poisava as roupas na cama.

- Nada! Disse apenas "Vamos lá". - Respondeu rapidamente Isabel, com um sorriso forçado.

Edith contribuiu o sorriso com outro e aproximou-se de Isabel para fazer-lhe um coque. Depois, acabou de despir-lhe a roupa do casamento, vestiu-lhe uma combinação de linho, um espartilho azul-escuro, uma anquinha branca, uma anágua da mesma cor e uma saia castanha. Passou-lhe uns sapatos pretos e Isabel calçou-os. Chegavam-lhe até aos tornozelos.

Casados temporariamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora