Isabel sentia-se horrivelmente mal. Não conseguia dormir. O que se dera na cabeça de Ian para fazer uma coisa daquelas? Primeiro, planeara uma saída ao ar livre para dizer-lhe obrigado. E, depois, tentara beijá-la. O que se passava com ele? Ele tinha de se concentrar em Saleman e no seu futuro com ela. Não sabia o porquê daquilo tudo, mas sentia-se confusa.
Ela sabia que ele a esqueceria num segundo, como se nunca tivesse existido, no momento em que declarasse o seu amor a Saleman. Ele podia não admitir, mas ela sabia perfeitamente que ele gostava dela. E se era Saleman quem o faria feliz, não podia protestar. Se bem que, sentia-se magoada e triste... e com raiva e ciúme. Tinha de aprender a viver sem Ian. Desde que o visse feliz, conseguiria viver. A lembrança de o ver feliz por ter encontrado o amor, seria uma lembrança que aqueceria o seu coração todos os dias em que sentisse a falta dele. Seria como se lembrasse que o tinha deixado em boas mãos, com outra mulher, feliz. E essa mulher dar-lhe-ia filhos lindos e maravilhosos... Filhos que ela nunca iria ter!
Uma lágrima deslizou pela sua face. Claro que não teria filhos, ... nem marido. Pois se, não fosse Ian o seu marido e se os filhos também não fossem dele, não queria ter filhos, nem marido. Talvez pudesse ir para um convento e tornar-se freira, uma mulher dedicada a Deus...
Com este pensamento, Isabel acabou por adormecer.
...
Ian não conseguia adormecer. O que acontecera na cozinha... Não tinha palavras. Tentara beijá-la e ela rejeitara-o. Rejeitara-o porque achava que ele só seria feliz com Saleman. Mas ele não gostava da rapariga e não queria outra mulher que não fosse Isabel! Queria Isabel! Somente ela.
Não queria outra mulher!... E, no entanto, o certo, era casar-se com outra. Não queria outra mulher, mas também não queria que Isabel sofresse.
Estava decidido. Iria falar com Saleman e iria levar Isabel para um lugar seguro, onde não houvesse perigo de aparecerem ingleses.
...
No dia seguinte, Ian encontrou-se com Blair nos estábulos.
- O que é que eu faço agora, Blair? - Perguntou, soltando um longo suspiro. - Sei que o certo é deixá-la parti...
- Não percebo porque demoras tanto a decidir. - Interrompeu Blair, inspirando fundo e acariciando o pescoço de Marin, a sua égua. - Tu não a amas e ambos sabemos que queres casar com uma mulher que gostes. E Isabel não quer ficar contigo porque não quer sofrer. Qual é a mulher que fica com um homem que ama, mas que ele não a ama? Isabel não quer que tu fiques com ela só porque achas que lhe deves muita coisa. E, pelo que me contaste, ela ama-te mesmo de verdade, senão, tinha ficado contigo mesmo que tu não a amasses e que não fosses feliz ao seu lado. - Blair fez uma pausa e estreitou os olhos, com uma certa desconfiança. - Ou será que tu a amas e é por isso que não queres deixá-la partir?
- Não! - Explodiu, com a respiração acelerada. Inspirou e expirou enumeras vezes até se acalmar. - Respeito-a e tenho uma grande consideração por ela, nada mais.
Blair arqueou as sobrancelhas e esboçou um sorriso de dúvida, como se não acreditasse muito no que ele dizia. Mas ele não disse nada e Ian só ergueu a cabeça e baixou os olhos, antes de voltar a olhar para ele novamente.
- Bom, se é só isso que sentes por ela, não percebo porquê tanta demora. - Disse Blair, com um sorriso malicioso.
- A demora deve-se ainda por não me ter decidido. - Respondeu Ian, com serenidade e altivez.
Blair deixou de sorrir.
- Deves decidir-te de uma vez por todas. - Aconselhou, com calma, mas com tristeza e pesar na voz. - Isabel ama-te e não aguenta mais ver-te a seduzir outras mulheres.
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Casados temporariamente
RomanceIan MacDouglas era o filho do chefe de clã dos MacDouglas e, estando descomprometido, sempre gozara de liberdade para namoriscar com quem lhe apetecesse. Mas, agora, o seu pai exigia-lhe que se casasse. Ian teria apenas três meses para escolher a mu...