Desde quando conheceu Júlia, Miguel teve certeza que ela seria dele.
Porém Guilherme amigo de Miguel dava a entender que gostava de Júlia, mas era apenas como se fossem irmãos, já que foram praticamente criados juntos.
Mas como o destino também não...
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Chego na empresa e não vejo Marina no seu local habitual, mas agradeço por não ver ninguém, vou para minha sala e tão logo começo a trabalhar tentando esquecer o caos que minha vida está, todavia terei que vê-lo, pois decidiremos hoje sobre a viagem para conhecer o local que faremos o resort, espero que resolvamos tudo o mais rápido possível, ficar no mesmo local respirando o mesmo ar de Lívia não me agrada de forma alguma, ela sabe me tirar dos eixos, mas também sei que o fantasma que nos assombra a melhor maneira é enfrentar. Me dou conta que já estou com uma hora e meia perdida nos papéis e Marina sequer veio me ver. Pego o telefone discando seu ramal, no terceiro toque atendem.
— Até que fim, Marina!
— Bom dia senhora, sou Cristina, deseja alguma coisa?
— Bem, Cristina onde está Marina? — E que horas será a reunião?
— Marina não veio senhora Júlia, e a reunião foi remarcada para ás 15:00hs.
— Certo, peça almoço para mim, não sairei da sala.
— Peço para o senhor Guilherme também?
— Pergunte a ele, por favor.
— É que até agora o senhor não chegou.
Estranho, penso, Guilherme é tão pontual. — Ligarei para ele, se não retornar a você peça só o meu, uma salada com salmão está de bom grado, obrigada Cristina.
Termino a ligação preocupada com Marina, Miguel disse que ela tinha recebido uma ligação e até agora não chegou, pego meu celular discando seu número, olhando o relógio na parede marcando 10:45hs da manhã sei que deve ter acontecido algo, ela ama o que faz, é muito eficiente e exigente consigo mesma, não faltaria por algo banal. Disco 2, 3, 4, 5 e só cai na caixa postal.
Ai Marina, espero que esteja bem. Passo as mãos no meio do meu peito sentindo algo estranho. Tento ligar novamente e nada, então ligo para Gui.
— Oi benzinho, sentiu minha falta? — Dormi demais, já estou entrando no elevador.
— Precisamos conversar, venha para minha sala.
— Você manda e obedeço, até já.
O que terá acontecido com Marina, desde que ela engravidou parecia me evitar, e também não tenho sido tão boa amiga, mais ela também não, passei dias doente e ela se quer me visitou, todavia nossa amizade supera qualquer picuinha, nos meus piores e melhores momentos ela estava comigo, e isso me faz ser grata pelo resto da vida, meu remorso é não ter podido partilhar com ela o conteúdo verdadeiro do meu casamento. Sou tirada dos meus pensamentos quando a porta da minha sala é aberta revelando um Guilherme embora impecável com seu terno de três peças, com uma aparência cansada.
— Benzinho, o que temos de urgente para hoje? — Estou com dor de cabeça só vim hoje por causa da reunião do resort, quanto antes resolvermos melhor, Frederico está muito quieto e isso não me agrada. Digo sentando na frente de Júlia.
— Gui, Marina por acaso pediu licença para você hoje?
— Não, porquê?
— Ela não veio trabalhar, Cristina a estagiária que está no seu lugar, liguei várias vezes e só dá caixa postal.
Termino de falar e Guilherme praticamente salta da cadeira ao qual se jogou.
— Júlia tenho algo muito sério para te contar, tem a ver com ela.
Vejo um Guilherme todo dono de si aos poucos ficar desestabilizado.
— Por favor, Gui não me diga que você e Marina tiveram algo e por isso ela não veio.
— É bem mais sério que isso, benzinho.
Tapo a boca caindo a ficha, me levanto, dou a volta na mesa para ficar de frente para ele, me aproximo segurando seu queixo para que olhe para mim, pois estava de cabeça baixa.
— Guilherme não me diga que o filho que Marina espera é seu? — Você me traiu praticamente em nossa lua de mel? — Se descobrirem como você vai explicar para o advogado, todo sacrifício que fizemos até aqui será em vão?
— Caralho! — Por que não segura esse pau dentro das calças? — Logo com Marina, vocês sabem que se o que temos fosse de verdade, isso seria uma punhalada pelas costas, porra Guilherme! — Seu babaca, você imagina a raiva que estou sentindo?
— Agora entendo por tudo que Marina está passando, a causa por querer abortar, nesse exato momento eu quero quebrar sua cara Guilherme, ultimamente você vem pedindo muito por isso. E eu me sentindo terrível por achar que dormi com Miguel.
— O que? — Você transou com Miguel?
— O que está acontecendo conosco Guilherme? Abraço ele e começo a chorar, ele me aperta forte, porque você trouxe ele para nossas vidas novamente?
— Agora vou ter que bancar o marido ciumento?
— Não vamos mudar de assunto Guilherme, Marina terá que saber do nosso acordo ou ela vai fazer algo imprudente, conheço minha amiga deve está se sentindo péssima por achar que me traiu, temos que impedir que faça uma besteira.
— Desde que me contou da sua gravidez, procurei meios para dizer a ela, ontem á procurei e disse que esperasse que depois de um ano nos divorciaríamos e assumiria a criança.
Saio do seu abraço e me afasto, para olha-lo.
— Porque não disse a verdade? — Só cabia a você contar, já que o prejudicado será você.
— Eu queria conversar com você primeiro, mas vou resolver isso assim que ela aparecer. — E que história é essa com Miguel?
Depois de confirmar que vamos esclarecer com Marina nossa situação, contei o que aconteceu sobre a noite passada para Guilherme.
— Até que fim benzinho, tirou as casas de aranha. Brinco com Júlia, para tentar dissipar a tensão entre nós.
— Você quer mesmo que eu te esmurre, idiota?
— Pancada de amor não dói. Diz!
— Engraçadinho. Digo.
— Guilherme tente ligar para Marina, estou muito preocupada.
Mal termino de falar ele pega o telefone ligando, acho que Guilherme gosta mesmo de Marina, já prestei atenção como eles se olham, só não esperava que ele tomasse iniciativa antes do término do nosso contrato, porque homens só pensam com a cabeça de baixo? Divago.
— Só dá caixa postal. Diz ele parecendo apreensivo.
— Se ela não der notícia, quando terminar a reunião vou na casa dela e contarei tudo, concorda? Pergunto a Gui.
— Tem carta branca, agora vou almoçar no restaurante chinês, vamos? Diz Gui.
— Obrigada, pedi meu almoço, tenho que organizar alguns papéis, e ver o que precisamos para a viagem.
— Então tá, vou indo. Diz abrindo a porta.
Assim que Guilherme sai, Cristina trás meu almoço, mais não estou com fome, porém insisto em comer para não voltar a adoecer, sinto que teremos tempos difíceis. Oh! Minha amiga onde você está, o que estamos fazendo com a nossas vidas?
Por volta das duas e meia, Cristina avisa que Guilherme e Miguel me esperam para dar início a reunião, agradeço e desligo pegando minhas pesquisas e anotações.
Entro na sala, e Guilherme está com uma cara nada boa. E Miguel com uma feição extremamente presunçosa. Me sento e sinto falta de Marina, ela além de minha amiga é meu braço direito, embora seja secretária de Guilherme, como estou passando mais tempo dentro da empresa desde o contrato com Ray do que ele...
Me aproximo de Guilherme passando por Miguel, toco o rosto de Gui dou um selinho nele e pergunto.
— Benzinho, melhorou a dor de cabeça?
— Não meu amor ainda dói, depois quero aquela massagem, certo? Diz provocando, eu o amo por sempre me ajudar.
Antes que eu responda, Miguel se pronuncia.
— Viemos para trabalhar ou para vocês ficarem se exibindo?
Guilherme sutilmente pisca para mim.
— Quando você encontrar a pessoa certa assim como eu meu amigo, também irá aproveitar cada segundo juntos. Digo vendo seus olhos cintilar, Miguel sempre gostou de competir.
— Até já encontrei Guilherme, só falta ela assumir que me ama, acho que só falta um empurrãozinho que logo darei.
Diz sem tirar os olhos frios de Júlia, eu sabia que essa história ainda não tinha acabado, por isso aproveitei a proposta de Ray Gurgel para juntar os dois, eles nunca mereceram o que Lívia nos fez, mas farei ela pagar por tudo, ninguém mexe com um Cavalcante e sai sem levar o troco. Penso, enquanto começamos dar início a reunião, com meia hora de assuntos analisados, Cristina nos avisa que Ray está ao telefone.
Converso com ele que antecipou a viagem para depois de amanhã, por questões de agenda, como sempre o cliente é quem manda, vamos acompanha-lo como deve ser.
Assim que desligo telefone dou a notícia aos dois.
— Ray antecipou a viagem e como estamos bem adiantados, não encontrei problemas. Digo os observando.
— Por mim tudo bem. Diz Miguel.
— E por mim também. Fala Júlia e continua a reunião, enquanto não tiro a baixinha da cabeça.
— Determinando os pontos cruciais aos quais deveremos verificar, como;
O tamanho do terreno, desníveis do terreno, a documentação, zoneamento, saneamento... E o mais importante a preservação ambiental pois Fernando de Noronha é um santuário ecológico, podemos fazer toda a parte burocrática.
