Desde quando conheceu Júlia, Miguel teve certeza que ela seria dele.
Porém Guilherme amigo de Miguel dava a entender que gostava de Júlia, mas era apenas como se fossem irmãos, já que foram praticamente criados juntos.
Mas como o destino também não...
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Passei dez dias literalmente de molho, estava para me jogar do prédio, não me lembro de ter passado tanto tempo sem fazer nada desde meus quinze anos, sempre fiz questão de ajudar minha mãe e Célia em suas tarefas, afinal a família Cavalcante não tinha nenhuma responsabilidade para me sustentar.
Mamãe e Susi, minha suposta sogra, estavam para me enlouquecer, tomei todos os antibióticos, fiz repouso e me privei de tomar meu delicioso sorvete de chocolate com baunilha, porque as duas diziam...
__ Não pode isso...
__ Não pode aquilo...
AFF! Estava me sentindo com cinco anos de idade impedida de sair para brincar no parque, ainda bem que ontem elas viajaram e eu estou pronta e novinha em folha para um dia de trabalho.
Desço as escadas lembrando que meu trabalho não será tão fácil como antes, afinal Miguel estará presente para atormentar meus pensamentos, só preciso parecer segura dos meus atos e não mostrar fragilidade quanto aos meus sentimentos perante ele.
__ Júlia?!
__ Júlia??
__ Sim Ana!
__ A senhora estava parada no final da escada, olhando o nada, se sente bem?
__ Me sinto bem, só estava recordando algo, obrigada, e Guilherme?
__ Tomou café e saiu, a mesa tem tudo que você gosta, venha comer.
__ Comerei se lanchar comigo.
__ Vamos então, depois reclama que não gosta de ser tratada como criança.
Sorrio e abraço Ana nos encaminhando para a mesa de café.
Cada vez que me aproximo mais da empresa um comichão percorre meu corpo, sempre que estou nervosa isso acontece me denunciando, paro no trânsito e meu pescoço está vermelho.
__ Droga!
Espero muito que Miguel tenha esquecido disso. Ele sempre sabia ler os sinais expressivos que algumas situações me causavam.
Chego na empresa ao qual senti tanta falta, amo o que faço e batalhei muito para estar onde estou, sempre quis ser orgulho da minha mãe já que meu pai nos abandonou, jamais faria isso com um filho... Sei a falta que um pai faz e sinto em meu âmago como é ser rechaçada, por isso não concordo com o que Marina fará, mas não cabe a mim essa decisão, não convém julgar e sim apoiar, entro no saguão observando os olhares em mim, acho que a fofoca rolou solta, levando em conta como saí e os dias que me ausentei, sorrio.
