004 | Cobra

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Lucas Machado

Pagaria tudo pra ver a Lorena derramando bebida na Luana, mas, eu estava ocupado demais resolvendo algumas coisas do morro referente a um babaca que anda planejando invadir o que é meu.

Luana tem a maior fama de patricinha do morro, não olha sequer na cara de ninguém enquanto anda pelas ruas, por esse motivo, é simplesmente odiada por quase todas as garotas daqui.

Já mandei o papo pra ela que uma hora ou outra vai entrar no pau, as garotas que andam por aqui são simplesmente loucas e pra armarem algo contra ela nada custa. Mas, a garota é insuportável demais pô, perco meu tempo mais não.

— Qual foi cobra, chegou até mim que tu quer falar comigo. — Prego, um dos caras que trabalha na boca principal do morro, se aproxima, enquanto eu estava encostado no muro fumando um cigarro de maconha.

— Fiquei sabendo que tu anda saindo pelas madrugadas escondido. — Traguei o cigarro de maconha soltando a fumaça bem em direção ao rosto do cara. — Ta se escondendo de alguma coisa?

— Pô irmão, eu não ia explanar não, mas eu tô pegando uma menina do centro, por isso saio só de madrugada. — Mentiras esfarrapadas a essa altura do campeonato?

— Pegando mina de condomínio? Ai tu quebra a firma. — Falei rindo, sendo acompanhado por ele. Mas, seu sorriso cessou quando prego viu que o sorriso que estava em meu rosto, simplesmente sumiu. Eu estava totalmente sério e ele pareceu tremer na base quando reparou que eu sabia que ele estava mentindo.

— O que foi irmão? — Eu podia sentir o nervosismo tomar conta dele e ele realmente tinha que estar, afinal, ele vai sair daqui com um dedo ou uma orelha a menos.

— Você simplesmente esqueceu que eu sou dono da maioria dos morros dessa cidade? E que consequentemente eu não teria ouvintes em morros que ainda não são meus? — Encarei seus olhos, eu estava me controlando pra não estourar os miolos desse babaca.

— Pera ai Cobra, do que tu ta falando? — Porra, por que simplesmente não admite logo?

— Tu apareceu aqui no morro do nada. — Terminei o cigarro de maconha jogando a binga fora e então peguei a pistola que estava na minha cintura. — Tu simplesmente achou que eu não iria descobrir? Caralho prego, tu veio a mando do Sensei. — Ele iria correr pra tentar se livrar, mas Duca simplesmente impediu que isso acontecesse. — Agora tu ta fudido.

Depois de muitos pedidos para que eu não fizesse nada, consegui tirar um pedaço da sua orelha junto com um de seus dedos da sua mão direita, que era a mão que esse babaca usava pra tudo.

— Coloca essa porra no barraco da viela 8 e manda o Dedeco levar esse pacote aqui até o morro do Sensei. — Falei pro Duca que assentiu e então saí dali limpando as mãos.

Achar que vai entrar no meu morro e simplesmente ferrar com tudo, ta muito enganado. Eu só não matei esse filho da puta porque eu tenho certeza que o Sensei vai querer vir atrás dele e vai ser a hora perfeita pra acabar com a raça daquele desgraçado.

Antes que eu tivesse a chance de subir na minha moto, escutei a voz da Lorena atrás de mim e então me virei vendo a garota se aproximar com um sorriso estampado no rosto.

— Já ia me deixar aqui?

— Tu tá vindo de onde? — Pergunto me encostando na moto.

— Da casa da minha mãe, fui resolver umas coisas com ela. — Se aproxima ainda mais apoiando seu corpo no meu. — Vai fazer o que agora? Queria ir pra tua casa.

— Tenho umas coisas pra resolver Lorena. — Encarei os olhos dela.

— Nem uma rapidinha? — Insistiu.

— Outra hora. — Afastei um pouco a garota para que eu pudesse subir na minha moto.

— Porra Cobra, tu tá se afastando cada dia mais. — Revirei os olhos ligando a moto. — Eu sou sua fiel ou não sou?

— Não lembro de ter falado que você era minha fiel e muito menos de ter que te dar satisfação. — Saí dali subindo o morro rumo a minha casa.

Tomei posse desse morro depois que meu pai faleceu. Ele nunca quis que eu seguisse a vida que ele seguiu, sempre quis que eu fosse um policial ou algo do tipo. Olha a ironia do destino.

Depois que meu velho faleceu, eu pirei, morreu na covardia, dentro do hospital, por um babaca que achava que iria conseguir ficar com a posse do morro. Mas eu, que não sou bobo nem nada, fui mais rápido que ele e matei aquele filho da puta.

Duca cresceu comigo, então sempre o considerei muito e, depois de entrar nessa vida, o cara veio junto comigo, por isso meu braço direito e de respeito.

— Dedeco acabou de ligar, ouviu dizer que Sensei vai armar uma pra subir no morro. — Duca diz colocando o fuzil em cima da mesa bem no centro da minha sala. — Ele quer o prego de volta, é irmão de consideração do cara.

— Pode deixar ele vim Duca, vou ferrar com a vida desse filho da puta. — Acendi um cigarro de maconha deixando a brisa tomar conta de mim depois que dei uma tragada. — E depois que eu finalmente acabar com a raça dele, vamos dar uma puta de uma festa nesse morro.

— Tu que manda. — Se joga ao meu lado pegando o celular e então pude ver pelo visor que ele estava conversando com a Bianca.

— Logo tu? — Falei fazendo-o me olhar estranho. — Tu não era o pegador que não se apaixonava? Ta aí com os quatro pneus arriados pra loira.

— Porra Cobra, aquela ali é um espetáculo, gostosa pra caralho e ainda fode bem. — Guardou o celular me fazendo rir. — Mas tem um encosto que vem junto com ela. — Revirou os olhos pegando o baseado dos meus dedos. — Puta que pariu, que garota insuportável é essa tal de Luana.

— Tu tem uma implicância com ela. — Encarei ele.

— É porque tu não escuta as parada que ela fala. Garota totalmente sem noção, acha que pode se criar pra cima de mim.

— Sossega esse cu Duca, tu quer a Bianca ou a Luana? — Me levantei. — Vai comer tua loira em paz e manda a Luana se foder. — Dei alguns passos em direção a escada. — Vai foder na onda do baseado. — Começamos a rir juntos antes de eu subir para o meu quarto.

Porra eu considero demais o Duca. Se alguma coisa acontece com esse cara eu acabo com a vida de quem quer que seja. Não tive irmão de sangue, mas a vida me deu esse aí, que com certeza eu posso contar.

Patricinha Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora